Quando o mundo parar, sua voz será ouvida. Quando sua angústia
secar, os seus últimos suspiros serão escutados. Fadada. Ao eterno destino da
indecisão. Do desatino. Da confusão de sentimentos. Quando corre é para
encontrar emoções puras. Porém, elas se misturam e a razão escapa.
Queria mesmo era mergulhar em veneno etílico. Corroer corpo
e mente. Até que a agitação da vida cotidiana consuma seus pensamentos. Quando
voltará? Quando sentirá sua alma ferver com um único olhar? As perguntas.
Eternas. E rabisca um pouco mais seus rascunhos. Procurando uma exata cura para
uma melancolia. Infinita. Porque não sabe escolher. O que dizer.
Seus próximos passos direcionam seus pés para o precipício.
Nunca pulou. Chegou bem perto de pular. Seu ritmado coração borbulha de
vontades. Se pudesse diria tudo. Que engasga. Se pudesse faria tudo.
Corromperia qualquer indecisão. E queimaria o vento com sua lança enlouquecida.
Talvez a sanidade não seja benção sua. Talvez.
Quando os pássaros cantam o gosto retorna. Quando os anjos
sussurram suas melodias, a doçura invade a alma e se cura. Ao mesmo tempo,
alimenta sua sina. Porque é. Sim. Uma sina eterna e lamuriosa. De jamais estar
satisfeita. Seu mapa a condenou a seguir sem bússolas. O tédio. Um silêncio. Um
olhar e tudo muda. Uma palavra pode reluzir. Um beijo. Um toque. Um gesto. Tudo
pode mudar em alguns segundos. Sem firmeza. Sem propósitos. Sem saber o rumo.
Isso. Quer mergulhar no incerto. Por isso escolheu os piores momentos para
andar por trilhas perigosas.
O destino brinca com sua realidade. Impalpável. Implacável.
Intragável. Cruel. Afinal, preferia não encontrar nada. Muito pior é voar por
céus já habitados. Ou tentar caçar uma criatura que nunca fica em seu lugar.
Sempre viaja para um próximo lugar. Por isso tão bela.
Suspiros invadidos de tortura. Porque olhará para outros
lábios deliciosos. Porque selará mais juras. Porque a próxima esquina possui
uma tentação ainda pior. Ainda mais impossível. E o motivo. O infeliz motivo de
ser quem é. Seu pecado nasceu consigo. E somente lamenta a falta de normalidade
na sua respiração. Infeliz ou não. Seu sorriso vem. A praga de amar. É só mais
uma. Pois quem vive está destinado a sofrer. Está destinado a sorrir. E cumprir
sim todas as marcas impostas pelo tempo.
Deus infeliz este tempo. Que manda apenas esperar. Mil
abismos. Ou uma fase. Que passa. E a inspiração vem unicamente delas. Dos
profanos prantos que transbordam da pele. Soletra mais uma vez nomes. Esquece.
Portas precisam ser fechadas. Contudo, a confusão de sua mente impede o
trancamento de histórias finalizadas. Pôr um fim. Um ponto. Final. Restante.
Rubro ou cinzento. Doce ou amargo. Não interessa. Já chegou a hora de parar de
acreditar.
Chegou uma nova alvorada. Repete para torná-la real. Chegou sim.
É chegado o momento de se rasgar por dentro e criar uma nova face.
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