domingo, 27 de outubro de 2019

Cantiga

Resultado de imagem para sabiá Não foi por acaso. Era destino. Sabia. Assim que fitou seu olhar reconheceu que mergulhava em mares revoltos, profundos, aprisionantes. No momento em que descobriu, respirou. Queria fugir, relutar. Mas, não seria possível. Foi de tragos infinitos que sua alma foi consumida. Afundou-se no mel, no céu estrelado e em todos os clichês que havia guardado em um baú eterno de lamúrias.

Agora, já não era mais nada. Era tudo em meio ao pranto, meio riso. E beijos e a falta de lucidez. Pois, o dia amanheceu e reconhecia, é bem verdade: os pássaros abençoaram seu caminho outra vez. Agora, é silêncio, caos, oceano, incêndio não mais amargurado. Não, não quer mais falar sobre derrotas e dores. Jamais quis, porém já não se recorda o que foi no outrora.


A sua voz ainda reverbera em seu peito. A sua respiração também. O último fitar de despedida mais ainda. A reviravolta. O corte para o novo. Ela é isso.O pulsar das horas, o fazer temer, fazer vibrar. Contudo, o talvez seja por demais doloroso para tentar. Ou, talvez já tenha pulado e seja um tanto tarde para os pensamentos da madrugada. Mas, segura as chaves amaldiçoadas. Ela aprendeu, com a outra, a deusa, a esconder o cadeado, bem trancado. Jamais irá crer outra vez. Então, que seja. Que queime de uma vez logo. E esqueça. Ou faça festa.

Já não importa a escrita ingênua, porque viu. Ele cantou e foi. Para todo sempre.