segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Hüterin der Musiker



Ela é o dia, o sol, mas também todas as estações e suas peculiaridades. Consigo carrega tanta multiplicidade de emoções, que vibra a cada segundo de sua existência. O seu sorriso é como uma sinfonia de cores cintilantes. Na memória, a voz dela ecoa. Um nó na garganta se forma ao tentar lembrar das sensações do passado. A partida parece esmagar o peito a cada hora que passa no relógio. Para onde foram todas as promessas exclamadas nas madrugadas de júbilo eterno?

 Não. Não deseja reclamar dos erros de outrora. Não é isso. A questão é maior! É de saudade que fala. É da poesia do seu olhar, perdida no oceano de prantos. Se pudesse, a resgataria de todo sofrimento e transformaria todos os seus desejos em realidade. Sim, usa frases melosas. Se não fosse para ser tola e devanear por aí, cheia de afeto cálido, jamais escreveria em seu diário de lamúrias.

 Mas, o que veio falar mesmo? Ah! Das noites infinitas de risos e segredos. Das mensagens trocadas, da concupiscência revelada, do desejo infinito, de tudo que foi e já não mais será. Porque partiu para o nunca mais. Contudo, os estilhaços do coração já estão se recompondo. Mas, é impossível esquecer o quão forte foi. E como é preciso respirar fundo, diversas vezes, para não olhar para trás. Suspira. Chegam as lágrimas, claro.  

Depois, segue. Em silêncio, de longe. Olhando para o horizonte, para frente, sempre. Se seus caminhos se cruzarem novamente, quem sabe? Somente o destino sabe sobre isso agora...

 


segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Anderes Morgen

 


Os silêncios imaginários são construídos através de pontes imensas de resoluções tardias e solidões inabaláveis. Os sorrisos se apagam e os oceanos jorram, porque existem e todos os elementos que os cercam também. Logo depois, vêm os olhares profundos que chegam até o coração em formato de sintonia. O mundo para por alguns instantes e tudo já é memória dançante. São assim os sonetos também. Aqueles apagados e reescritos. Os guardados nos bolsos dos casacos antigos e agora queimados ou jogados fora.

Mas, claro que a correnteza traz de volta o afastamento da amargura singela e vem, com o vento, evocar boas novas. Este sempre generoso elemento fez o convite para cerrar os pensamentos e pular em direção do destino. Não dos abismos disfarçados de luz, mas dos sons coloridos e das melodias cintilantes. Vem dos versos singelos, da renovação da temporada de dor, porém sem ela. Agora, mais leve e sem estragos.

E no desabamento da alma, que insiste em afundar, procura percalços onde somente existem flores nascidas ao sol. O horizonte brilha e os pássaros cantam, porém quer se agarrar na derrota passageira, pois é nela que sabe viver. Não pode mais ser aceita de tal maneira que os conflitos virem pó. Insiste na sereia do descaso e na fada melancólica. 

Lembra do passado e gargalha. É de fel que prefere se banhar. Ontem mesmo estava contente com seu anoitecer. Contudo, a sensação de júbilo lhe é tão estranha que cava no poço mais profundo o problema mais estapafúrdio. Mas, é hora de abrir os olhos outra vez e entregar. Esperar que a lama saia dos pés e os beijos sejam sempre doces. É, quer viver, não? Pois precisa aprender aceitar o que vem de bom e que o o caos se vá. Para não mais voltar. Para sempre. Fim.