sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Die Sehnsucht





There was a time when she would give away all her secrets poured into a crystal chalice. There was a time when she could not control herself and she had to say everything that she felt. For her that was the true meaning of life. That and to enjoy as fast as she could everything that was delivered to her. Now things have changed and she would rather be safe than happy. What is happiness after all? Is it seeing her smile, while the birds sing and when only sharing a moment with her matters? Or all that, such as love and passion, is a false illusion?

She does not have a clue about this answer. What she knows is that her heart was on flames, jumping through her chest and even with the ocean dividing them, she only needed to have her presence somehow. And she had. But all her walls of fantasy and longing collapsed in a few minutes. It is funny how reality can be hard, merciless and cruel. There was she, the woman of her dreams, standing in front of her, and all she could do was stay in silence or mutter useless words. But what else could she say other than what she had to? 

Because there are the facts, what she needs to do, her role in that journey. And also there is the truth - which she does not like to think very much about it. The sunflower has another perspective of that connection. For her, she is a silly young girl that needs help from time to time and she is glad to do this enormous effort, just because she feels this gigantic pity for her. “Poor, desperate, sad, alone and silly fairy”, she might have thought. And after understanding that what else could she expect?

Now is the time to face life as it is, to rebuild her path, to try to cope with this feeling that made her throat close and the air to disappear. She must forget how beautiful she was on that October afternoon or how her neck makes her feel distracted and her smile makes her dizzy. She has to forget the past, where she found a joy that she had never felt before. It does not matter that she is miserable, because she is stronger than this and will find some purpose in life other than be happy.


She will forbid herself to think about her, to write about her, to love her. She will gather all the strength she has inside her soul to forget about the sunflower. She will finally see her as the person she is offering to be and nothing else. Because at the end of the day, it does not matter if the fairy is in love or not, all her appointments will continue to appear, her work must be done, people will need her, life goes on. And there is an ocean between them. That might help after all. 


And everyday the sunflower will care less about her, and will forget her. Maybe she will even forget her face and her name. All those moments will become history, a history so far away that she will not even know who was with her when she sat on that bench and shared her thoughts. As for the fairy, she will survive, like she always did. At least now there is a tree in her garden that has flowers similar to those that remind her of the woman of her dreams. Everytime that she looks at the pink flowers, she will take a deep breath and let the feeling that she has for her appear for a couple of minutes. 


Because, sometimes, some stories are not happy or the way people want them to be, but they are - if that helps - at least a story. With all the learning, the good and the bad moments, that existed. And there is, in the end, a final lesson: this narrative of loving her without being loved will transform itself today and this is for sure for the best.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Sobre um passado que já não sabe mais qual é



Suave, deslizando sobre a neblina, ela caminha em direção do desconhecido. Do outro lado, a sua admiradora observa seus passos, ainda que de longe... Quantos dias irão se passar até que desista de procurar a si mesma dentro das suas confissões? Quanto tempo até que seja rio doce, que desagua sobre os pés e que não deixa o sal se misturar ali, em plena madrugada? 

Houve uma época em que suas palavras chegavam como códigos secretos, no quais somente as duas poderiam compreender, não é verdade? Mas, qual seriam essas duas? Foram tantas. Ela também o é, várias, dançando pela noite e sussurrando segredos para árvores quando chega o amanhecer. Porque foi em apenas um dia que todo seu destino virou do avesso e se viu outra. Ela se viu coberta de leveza, de espiritualidade, de cantos finos, liberdade e vento gelado. 

Os seus pensamentos permaneciam organizados, o horizonte era resplandecente e cada passo dado era quase um salto para o infinito. As possibilidades se multiplicavam junto com seu sorriso. Aliás, com os sorrisos delas, daquelas que foram convocadas pelo destino para que escutassem novamente o badalar dos sinos da praça e decidissem se era hora de recomeçar. Mas, elas já estavam mais sábias e pisaram suavemente pela estrada, até o dia do luar.

Todavia, muito antes, quando ainda estava na varanda, pediu em súplica ao Universo que trouxesse de volta aquela que tomou a sua sorte, em meio ao caos e ao sortilégio da primeira paixão. Certamente começou pela corda bamba, pelo desconhecido, pelo impossível, pelo veneno. Em seguida, encontrou mais tormentas do que portos seguros, até o dia que viu uma borboleta passar por seus olhos e soube que era hora de parar. 

Foi, não foi? Ela renegou o amor e disse em voz alta, da maneira mais audível que encontrou, que tudo havia virado pó, daqueles soprados pelas ventanias de março. Se estava mentindo para si é impossível saber, reconhecer, compreender. No outrora, que estava logo ali, havia um amargor tão intenso, que tudo era fel, descaso, rancor, desistência. É por isso que regressou para o ponto inicial, para aquela que não é fábula, mas parece, para os braços da mulher que já foi banhada pelas flores rosadas, pelos campos verdes e por aventuras leves. 

Por esta razão, sorri, enquanto escreve. Mas, também, porque recorda que, quando viu a entrada de sua casa, guardou consigo a certeza de que ela ali habitava. Porque viu as flores e teve certeza. No entanto, esta foi somente uma confirmação por cima de outra confirmação. E, ainda assim, duvida de si, do seu estado hipnótico, da sua suposta lembrança fragmentada de um acontecimento que talvez nunca tenha existido. 

Mas, o lugar é real. Lá está o relógio, a fonte, a rua estreita onde ficava sua morada e onde viu a sua alegria contagiante tantas vezes. Elas sentaram ali, em uma tarde de primavera, e trocaram palavras banais, ainda que décadas depois, com toda dor do passado, com toda a confusão do que era o antes e o depois, com incertezas e, pior, sem saber que logo em breve, na próxima esquina, estariam sentido algo indecifrável. 

Sim, ela escreve sobre ela, sobre o tempo - este e o anterior - sobre si mesma e aquela que ficou esperando a sua volta. Contudo, ao final desta junção de palavras tortas, resta uma única e derradeira pergunta: Esperará por ela de novo?

terça-feira, 25 de outubro de 2022

Promessa de primavera



Tece os fios da saudade, junto com as lembranças de seus olhos tão profundos. Depois, começa a reler as suas palavras diretas, deixadas em um cartão postal tão delicado quanto ela. Na verdade, ela pode ser este girassol, que corre em direção da luz e que tem uma energia vibrante única, mas ela também conta com um lado prático e distante, que afasta e provoca um aperto no peito. Todavia, não deseja evocar a melancolia, que se alastra em seu coração, enquanto escreve e recorda daquele adeus, entregue em uma noite fria e preenchida de emoções tão complexas.

O que a fada deseja, na realidade, é poder declarar todo o amor que sente por ela e que está escondido do girassol. Apenas o seu diário de confissões e as árvores de Marburg sabem tudo sobre este sentimento que a tomou tão repentinamente, sem avisar, sem qualquer premeditação. A fada foi arrebatada por esta emoção lentamente construída e solidificada. Em cada encontro, a sensação de enamoramento foi ganhando sua alma.

Em desespero, ela tentava negar que estava se apaixonando e procurava sentido em qualquer outra canção, em qualquer distração que aparecesse. Todavia, não adiantava o quanto corresse, sua face resplandecia na memória, onde estivesse, principalmente quando os sinos soavam ou quando via as pétalas de flores rosas caindo pelas calçadas. Quanto mais procurava fugir, mais se sentia enlaçada naquela história, naquela estrada insólita, que acabou lhe rendendo pesadelos, tremores e coração demasiadamente acelerado.

No entanto, quando estava ao seu lado era somente paz, júbilo e completude. Jamais, em toda a sua existência, havia experimentado uma felicidade como aquela. Todos os detalhes sobre o girassol encantavam a fada: o jeito, a voz, a risada, os conselhos, os olhares... Cada pedaço deste encontro faz com que ela tenha certeza de que nada mais importa neste mundo, a não ser os momentos que passou com ela, mesmo que estes tenham sido tão efêmeros, singelos, despretensiosos e simples. Porque, na verdade, foi exatamente por eles serem assim que ela se sentiu tão conquistada, tão abalada e tão entregue.

Mais surpreendentemente ainda foi o fato de que a fada manteve todas as palavras engasgadas - que formam um nó em sua garganta até hoje - para ela mesma. Não emitiu um som de confissão para o girassol. Porque ela é somente segredos, distância, não correspondência. Tudo que ela poderia oferecer já lhe foi entregue. E se sente satisfeita com isso, é bem verdade. O que mais alguém pode oferecer que não o melhor de si, a partir de cada situação que lhe é requerida? Não poderia ofertar nada mais além de sua companhia e, mesmo assim, ela foi tão além disso, não foi?

Ela lhe mostrou um mundo completamente distinto, um universo no qual é possível se tirar o melhor de cada situação. Ela lhe ensinou como aproveitar melhor a vida, a deixar para trás rancores, a abrir os olhos bem abertos para cada sinal da natureza, para qualquer lampejo de alegria, para cada detalhe ao redor. Porque, ainda que contida, ela é festa, ela é uma ventania, daquelas que ficam seguradas pelas janelas e é somente possível escutar o som que vem de longe. Mas, caso as janelas sejam abertas, o vento se espalha e todo o espaço é tomado por ele. 

Ela é força controlada, serenidade e paixão, fragilidade e força, é um misto enigmático de adjetivos, que não há uma palavra sequer que consiga resumir toda a sua personalidade. E é por esta razão que a ama, que a admira, que torce por ela, que sente sua falta. E é por isso que procura seguir a sua jornada, mesmo que precise lidar com a sua ausência, porque sabe que é pelo fato de todo o seu emaranhado de características existir que não há lugar algum reservado para a fada. Não, não há. Existem novas rotas, novas chances de tentar encontrar paz e segurança ou, até mesmo, de tentar amar de novo. 

Contudo, nada será como ela, jamais. Ela é única e parte de si se sente honrada somente por ter cruzado o seu caminho. E precisa encerrar essa escrita antes que ela se transforme em piegas e fique mais tola ainda. Assim, termina mais uma junção confusa de palavras, com a aura incendiada de nostalgia, com os olhos marejados, a mente confusa e a pulsação em fervor. Queima, arde, entra em combustão de tanta saudade, porém engole todas as suas emoções. 

Ela se segura firme nas fábulas, na rotina, nos trabalhos, nas suas falas suaves de tranquilidade - que agora tenta emitir, sem pestanejar. Ela busca, com todas as forças que habitam seu corpo, abandonar o amor que está sentindo, porque precisa deixar ele lá, no banco rodeado de árvores, em frente ao rio com cisnes, naquele cantinho no qual jurou que um dia lhe contaria toda a verdade. Talvez, quando o castelo for avistado pelas duas novamente, poderá lhe dizer tudo que sempre sonhou falar. 

Talvez, quando os sinos badalarem insanos e sem parar, quando o tiquetaquear dos sinais de trânsito retornarem, quando todas as bicicletas seguirem do mesmo lado, quando os pássaros voarem perante os olhos das duas, quando tomarem um longo gole do melhor café do mundo juntas e sorrirem de satisfação, quando a noite somente chegar às dez horas, quando for primavera ao mesmo tempo, quando respirarem o mesmo ar, aí, quem sabe, irá se derramar de paixão e de versos em sua frente?

domingo, 23 de outubro de 2022

Distâncias



Todos os seus sonhos são preenchidos por ela. Quando alguma madrugada regressará ao que sempre foi? Com o coração em brasa, procura respirar, mas o ar quase desaparece. Sem possibilidade de mudar o seu destino, aguarda o peso e a dor da distância se desfazerem. Tudo que sente é afogado em melancolia, incerteza e lamento.

Como poderia imaginar que sentiria um amor como esse, depois de tantos anos vagando e vivendo de paixões egoístas e efêmeras? Como poderia imaginar que em um mar de diferenças, acharia semelhanças profundas e uma conexão jamais vivenciada antes? Não há como não sentir um abalo intenso, quando os pés não tocam mais o mesmo chão e os olhares não mais se encontram.

Ela está tentando seguir e suplica ao destino, ao tempo e ao Universo que a ajudem a superar esse sentimento tolo e inexplicável, que a afogou em esperanças falsas, pois sentiu um júbilo tão único, singelo e desmedidamente verdadeiro, que chegou a acreditar que ele seria eterno. Foi um encontro de almas, que a atravessou e a fez mergulhar em um mundo paralelo feliz e apaixonante. 

Tudo agora parece um sonho longínquo, no qual era reconhecida por suas ações e, talvez, até mesmo admirada. No hoje, tudo soa como um devaneio inebriante, regado aos sons dos pássaros, dos patos e dos cisnes, da natureza pura, de verdades reveladas, de tarde cobertas de confissões dos dois lados, de um laço especial, abençoado pelo vento e pelas águas que as cercavam, enquanto as folhas caíam pelos ombros.

Todavia, não pode mais se prender na alegria do outrora. Precisa seguir, pois há uma distância enorme entre elas, física, mental e emocional. Não há correspondência e, mesmo que houvesse, existiriam tantos outros muros para serem derrubados, que prefere nem imaginar como seria se ela fosse verdadeiramente sua, de alguma maneira. 

Prefere mesmo buscar as próximas páginas e tentar viver outras histórias. Talvez, em algum dia iluminado, ela consiga ser feliz outra vez. Talvez, este nó na garganta, que não some de jeito algum, desapareça numa manhã abençoada. Talvez, não precise da névoa, dos lagos, das árvores, dos campos verdes, dos cafés saborosos ou, muito menos, dela. Há de existir alegria em algum canto que somente não achou ainda. 

O que ela não pode é se perder ou se deixar levar pela tristeza autodestrutiva, que abre um buraco em sua alma e a enlouquece na procura por preenchê-lo. Agora, é necessário achar a força que não tem, mas que, com certeza, está por aí, em alguma esquina, em algum horizonte, em algum raiar de sol. Ainda que nunca mais seja feliz como foi ao seu lado, precisa acreditar que será feliz de alguma maneira, em algum momento de sua vida. 

No entanto, o amor por ela permanecerá. Ainda que ressignificado ou com alguma dose de amargura, aqui ou ali. Permanecerá também a gratidão por esse encontro que a proporcionou tantas descobertas, tanto conforto, tantos sorrisos e sonhos concretizados. O sorriso dela foi a sua salvação por muitos meses, bem como as suas palavras, a sua voz e o seu olhar tão tão profundo. 

Mas, segue. Precisa continuar a caminhar, com a cabeça erguida, como ela lhe disse naquela tarde fria de setembro. Continuará nesta jornada misteriosa, mesmo que triste, mesmo que pense que já não tem mais forças para permanecer acordada, mesmo que o calor confunda suas ideias e a mágoa queira dominar seus pensamentos. Ela avistará o castelo em sua memória e tentará ser a mesma mulher que descobriu que poderia ser, quando a tinha por perto. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

A quebra


Quanto tempo até que se vejam novamente? Talvez, nunca mais tenha a sua presença em sua vida. Essa sensação é enlouquecedora e faz o coração apertar em um descompasso delirante. A garganta fecha e mal consegue respirar. Os seus dias são mornos e cinzas outra vez. A sua luz não está ali para guiá-la e tudo que possui é a solidão. A sua jornada segue, acelerada e cheia de atividades necessárias. Todavia, a mente viaja e cruza o oceano, permanecendo ali, naquele lago encantado, repleto de árvores que já conhecem tanto os seus segredos.

Por onde ir? O que realmente deseja neste momento? Ela não sabe e permanece confusa sobre seus próximos passos. Talvez, se estivesse ao lado do girassol, ela pudesse formular cada detalhe do que fará com sua trajetória daqui em diante. No entanto, voltou a ser sozinha e dona de cada escolha torturante. Agora, tudo parece ter sido uma ilusão, um sonho longínquo, um devaneio cruel e despudorado. A fada está tão atordoada que esquece da coesão em suas palavras e somente despeja pensamentos em seu tolo diário de confissões.

O que ela sabe e tem certeza é que nada faz mais falta do que sua risada. Logo em seguida, vêm a sua voz e o seu jeito espontâneo. Quem colhe amoras no meio de uma conversa trivial? Quem pega uma casca no chão e diz sorridente que dentro dela há uma oleaginosa fantasticamente comestível? Quem cessa tudo somente para mostrar um castelo que está ali ao longe e merece ser contemplado? Não houve como a fada não se apaixonar, não existiu caminho diferente para seguir que não o de amar este girassol, que está em busca de se contagiar com qualquer luminosidade que surja.

E é por esta razão que as lágrimas correm por sua face, que não consegue mais encontrar júbilo em nada, que fita o oceano e desagua junto com ele, que sussurra para o Universo que lhe dê uma resposta para que possa trilhar o caminho anterior, sem pensar nesta breve pausa que ganhou de sua dolorosa vida sem cores. Nada será como antes, na verdade, muito menos ela. Somente precisa encontrar o brilho outra vez e entender que é preciso aproveitar os dias ensolarados, a companhia dos amigos, os prazeres de seu trabalho, a cerveja gelada, o mar que abraça, os atabaques que ressoam. 

Ela necessita se reencontrar, sem perder as modificações dos últimos meses, mas também sem deixar para trás quem realmente é. Mas, não pode mentir para si mesma e dizer que não está apaixonada. Mesmo que sem correspondência, mesmo que ela esteja do outro lado do oceano, com fusos e estações distintas, com toda uma vida sem ela, sem ao menos se importar com sua ausência, ela está. Nada disso interessa para a fada boba, porque remendou o seu coração estilhaçado, apenas para deixá-lo disponível para sua amada. 

Quem sabe qual será o seu destino daqui para frente? Resta esperar para ver. Quando os sinos tocarem  alto novamente, ela irá abraçar todas as chances possíveis. Em cada badalada, um suspiro de alívio surgirá. Porque os sinos são seus, bem como as praças e as flores rosas, que caem nas janelas. A alegria é toda dela, juntamente com as promessas do passado e com um abraço intenso de despedida. "Seja feliz", disse a fada. "Você, seja feliz você", disse o girassol. E nunca mais se viram, porque a fada nem ao menos teve forças para olhar para trás e fitá-la pela derradeira vez. Foi ali que um pedaço de si ficou preso nas ruas de Cappel para todo sempre. 

quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Maybe



She looked to her face, with those big deep eyes of hers, and sayid the sentence that has been stuck in her mind for weeks now: “Maybe, you fall in love with Marburg and a little bit with yourself”. How could she deny that this line is true? She can not and will not say the opposite. She feels her heart burning with the absence of the place she was finally able to be happy, entirely happy, in a way she never was. And she fall for herself because she discovered how strong, independent and powerful she is.


But that is not the only thing that she feels or either is Marburg the unique thing that she misses. The sunflower was such a big part of her life in the past months, her voice, her words, her warm way of saying and doing things that she also misses her. The fairy never met anyone like her. Now, she stares at her window, looks to the sea and ask herself what she is going to do with her life. She does not know exactly and the main reason is that she can’t think straight right now.


After a period of adventures and a love that she never felt before, everything that she lived seems like a dream, a far away dream, without any magical resources that she could use to make her life better. She is no czech Cinderella or any kind of fairy tale character. She is so real and alone that she gets very confused from time to time. What she is sure of is that she misses the lakes, the bike walks, the amazing coffee that she used to drink and her. The sunflower is like a myth, a woman that she imagined, maybe.

In a parallel universe everything is different. Their lives are connected, they can stay together, there is the castle right there, close to both of them and there they can declare their love for ever. Of course that this parallel universe only exists in the mind of this silly fairy, who insists on inventing symphonies that are lies. Dieser Wunsch ist nicht möglich, Schatz. So, the fairy will go on with her life, without magic, without her favorite trees, without her favorite views or feelings and without the woman that she most loved in her life. Crazy or not, this is a real thing, she fell in love with the sunflower and that is the only thing she really is sure at the moment.

domingo, 9 de outubro de 2022

Desaguando



De volta para a sua torre colorida. Sem cafés na companhia dos lagos, sem os caminhos da imperatriz dos girassóis, sem o castelo, sem as folhas que caem das árvores. Agora, tudo que resta é a realidade e tudo que virá depois dela. Como em um engasgo constante, procura sentir o mesmo que antes ao fitar as pessoas e os espaços. 

Mas somente sente um vazio profundo. O buraco gigantesco que sempre habitou seu coração está de volta, juntamente com a dificuldade de engolir. Como pode um lugar e uma canção salvarem uma alma tão desesperada? Como seguir adiante sem saber quando estará alegre novamente, quando verá o seu rosto suave e amigável? 

O que mais dói, na verdade, é saber que será esquecida, que a sua presença não fará falta, pois nunca fez diferença. Do outro lado, a fada sucumbe em devaneios, tontura e náusea. Sucumbe sem sua voz, sua presença, sua risada ensolarada. Ainda que a imperatriz dos girassóis nunca mais pense nela ou nem se importe com sua existência, a fada irá continuar guardando todo afeto do mundo em sua direção.

Porque nunca amou assim antes, de maneira tão genuína e altruísta. Porque o seu nome quer ficar grudado em sua pele e seu rosto na lembrança. Porque um dia ainda poderá abraçá-la outra vez, sentar do seu lado em frente ao rio de Marburg, que escorre em correnteza febril, e lá, nesse futuro utópico, será feliz novamente. 

quarta-feira, 5 de outubro de 2022

The fairy and the sunflower


One last time before she left, she went to the places that reminded her of the sunflower. Once again, she felt the throat closing and a huge heaviness on her chest. However, at the same time, revisiting these places without her was also a healing process.


Maybe leaving this city will be the best thing for her right now. She doesn’t know for how long she would be able to keep this secret with her. For a couple of months it has been hard not to show all the love and the feelings she has regarding her. Maybe the most difficult moment happened on the last night she saw her.


There was this brief instant where they stayed staring at each other. The fairy couldn’t keep her eyes directly to hers. She would have shown all the love that is overflowing her body, soul and mind. So, she stopped looking at her big beautiful eyes and tried to find a silly and new subject.


But this doesn’t matter anymore. This phase has ended and the fairy will be entering in a new season just in a few days. What will she bring from all these encounters? Maybe she can stick with all the experience they exchanged. And, even better, keep the sunflower in her life, although in the distance.


Perhaps, that was the best way of leading this journey to a successful result. No words of love have been spoked, no promises, no pain on the other side, only good memories and the safety of the friendship that was built. All this path was always supposed to end and it’s much simpler to say goodbye to a friend than to the love of your life.


Maybe the sunflower would say no to her and the fairy would feel awful. But it could be worse, she could love her too and suffer together with her. And the fairy could not bear to see a tiny small gesture of sadness in the sunflower. She wants only the best for her, all the joy, success and love.


Also ist sie jetzt sicher! Every decision, every meeting, every laugh, advice, hug, everything that happened between those two was for the best. Who knows if they will be reunited. But the fairy likes to think that they are meant to be together someday. If that is true, they will see each other not too far from now and she will be able to tell her everything for once. 


Until then, she leaves her confession on her public messy diary, hoping that she made the best choice, hoping that life helps her to feel less sad and hurt and that she gains the present of at least hugging her again someday, like the recent hug. Because, you see, darling reader, everything that comes from the sunflower is a gift. Her smile and laugh, her thoughts, her attention, her complex personality, her affection, her hugs, even to be in love with her is a precious gift that the fairy accepts in her every breath. 


terça-feira, 4 de outubro de 2022

Taking the pain out of the chest




She was standing there with her face glowing by the moon night. She, the one that is currently the love of her life. After the best night that she could possibly imagine to have, the fairy had to take all the strength that inhabits her body not to tell the truth to the sunflower. 


What would come after the truth? She would lose her, her friendship and admiration. She would not be able to reach her ever again and would listen to a very awful rejection which she was not ready to hear. 


Instead, she hugged her and melted a little on her arms and also cried out a tiny amount of the emptiness she will leave behind. The sunflower became a huge part of her world for a while and after her everything changed. That should be the thing that most matters, right? 


All the rest must be kept as a secret together with the fog that fills Marburg’s streets. Maybe she was right all along, maybe she fell in love with Marburg and a little bit with herself. Five months, five amazing months of adventures and transformations. That counts. 


But also, besides all the city atmosphere, there is her. There is her charm, her voice, her accent, the way she sees life. There is a peace and a happiness that the fairy only encountered by her side. And that will be forever remembered. That is the reason that the fairy is so sure that she is in love with the sunflower.


Regardless of all the absence of correspondence, she was happy. But she was not selfish, she had genuine feelings for her and really wished only her happiness, only good things to her. So the fairy will keep her journey, now without all the light that comes from the love of her life and keeping this secret inside her chest. But there is one thing that she will always have within her soul: all the moments that she spent by her side, all the experience exchanged, coffees, laughs, tears and deep emotions shared. 


She will be caring out this new kind of love she discovered she could have and use it as a knowledge of how the fairy actually can fall in love, be in love and have only good results in the end. The sunflower was the most melodic song that she has ever listened to, the deepest connection, the unforgettable one. It is impossible to be sad after understanding that.


Sie liebt dich und sie weißt das…

A despedida




A névoa e o sol se misturavam ao entardecer de Marburg. Com o coração acelerado, descompassado e desolado, a fada se despedia do seu castelo preferido, dos dias de paz, do seu novo amor irremediável. Depois, guardou consigo tudo que pode e manteve a fé de que outros horizontes estão por vir. No agora, tenta ser resiliente e compreender que cada momento é uma fase, com novas surpresas que irão raiar.

Todavia, seu craquelado resquício de amor romântico, ressuscitado pelo girassol mais belo, insiste em virar poeira e deixar seu corpo de uma vez. Há uma dor incurável que é a perda de sua presença. Há uma certeza imutável, que é o vazio que ela deixará. Nunca antes se sentiu preenchida de tanto prazer ao lado de alguém. Nunca antes foi completa apenas por conhecer e conviver com uma pessoa.

O que fora de tão diferente? Em cada amanhecer, se pergunta insistentemente a mesma coisa. Talvez, tenha sido a sua risada e seu jeito bobo de fazer graça. Talvez, tenha sido seu olhar profundo, que lê atento todes ao seu redor. Talvez, tenha sido a sua forma de tentar ajeitar a humanidade, planejando futuros e entregando casacos para quem tem frio. Talvez, tenha sido a sua generosidade, compaixão, força, atrevimento, alegria, foco. Talvez, tenha sido cada detalhe presente nela…

Ela é tudo e tudo é ela. Ela é sinfonia disparada em vésperas de martirio por seu adeus. Ela é cantiga fina, que acalenta o peito na madrugada apavorante. Ela é o tambor que guia seus passos, a melodia única que salvou a sua alegria. Ela é a imperatriz de seus sonhos, a mulher do outrora, que estava ali na janela. Ela é a fanfic mais real, a narrativa mais bela e complexa, a vastidão de júbilo que preenche o mundo de espasmos de sentido.