terça-feira, 26 de julho de 2011

Brilho



   A vontade vem. É preciso escrever. Mesmo sem saber o que dizer. A escuridão se aproxima. O vento abençoa. Permite acreditar no próximo passo. São todos poeira. E silêncio. A tempestade é só mais uma parte. Do vendaval que mora em cada um. Da existência comprometida.
  Lágrimas. Canto baixo desliza pela alvorada. Cala-se. Som que enlouquece seus passos. Muda. Coração em eterno descompasso. A verdade foi selada. A seriedade abandonada. No entanto, era segredo. Revelado. Passou. Voa para o mais longe entardecer. Mais uma estação. Outra revelação.
   Suspiros. Retumbante espaço. Cálida mão percorre a alma. Gentil tempo que revigora a energia perdida. Desvanecida entre realidades. Criadas. Solicitadas num passado. Agora, distante. Rejuvenescida sensação. Vertida em poesia abandonada. Histórias recriadas. Expurgam a amargura estabelecida.
    Aproximando-se do caos, experimenta mais um toque. Da verdade resgatada. Da memória elevada. Do ser o que jamais foi. Da recriação dos sentidos. Do alvorecer sucumbido. Das sinceras lembranças repartidas. 
    Antes que a próxima torre abra as portas. Antes que a liberdade seja roubada. Antes que o amanhecer desapareça. Antes que se perca. Esconde-se. E mostra para o mundo um pouco de si.

sábado, 23 de julho de 2011

Passado. Não muito distante.



  A memória falha. Corre para os braços da ventania. Um dia e mais outro. E as falhas do ser transfigurado. Dor fina que quebra a barreira das consequências. Senta-se ao luar. Palavras que voam junto com a fumaça. Não mais proibida. Conquistada e revelada. Solidificada no auge das emoções.
 Súplica. Gélida imensidão da razão. Cores. Passagens. Novas. Solidão. Tortura de sentenças. Amargura renegada. Cálice que transborda morte. Beira a sorte. Corta a sensação purificada. Antes que finalize sua última batalha, estenderá a alma sangrenta. A sua. Já tão derrotada. Sua. 
   Escuridão. Delírio. Espaço. Toque infinito da madrugada cinzenta. Da alvorada alarmante. Da brutal certeza da unidade semelhante. Do punir despercebido. E cresceu. Mudou tudo. Fugiu. As lágrimas misturaram-se com sorrisos.
    O tempo. Passa. Veloz. Corrida eterna. Agora, alcança a plenitude. A quase liberdade. Ri outra vez. Não muito longe, derramava ódio e sofrimento. Acorrentada. Exilada do mundo que conheceu tão pouco. Respirou o ar puro. Viveu. Sofreu. Viu o real. Construiu seu castelo. Sua redoma. Pertence a si. Deixou para trás qualquer flagelo.
     E os pássaros cantaram. E a vibração não parou. O ano passou. Da masmorra se afastou. E o corpo flutuou sobre o infinito amanhecer.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sem desistir


   Amanheceu outra vez. O mundo passou e nem viu. Sentiu o corpo vibrar. Delirou. Enxergou novas possibilidades. Liberta da prisão que se encontrava, passou a viver intensamente. Aquela que tudo sempre soube apresentou sua verdadeira face. Descobriu quem poderia ser. Agora, é outra. Todos os dias uma nova configuração. E o espelho estilhaçado revela a real certeza. O real motivo de respirar.
    Acorrentada em devaneios suspira mais uma vez. Um grito mudo aparece em sua alma. Impactante. Dilacerante. A vontade domina a razão. Nos olhos calmos e vibrantes vê a chama se apagar lentamente. Tenta trazê-la de volta. Lembrar-lhe que o presente é o que importa. Ontem já se apagou. No futuro ninguém sabe o que ocorrerá.
   Ainda existe em algum lugar. É possível ver a candente sensação esmorecer. Quer arrastá-la para o júbilo mais eterno. Nunca desistirá. De salvar. De purificar sua existência de sofrimentos e negações. São caminhos que podem não ser tortuosos. A delícia de um sorriso. E risco do próximo passo. Sentir com a verdade máxima.
    Captou com cuidado extremo cada palavra que disse. E agora as segue. Firmemente. É necessário, então, repetir tudo. Para que se recorde dos ensinamentos. O acreditar tão forte faz o sangue ferver. E jamais deixa para trás o aprendido. E que venha a sede mais forte. Pois, saciará cada gole dela.

sábado, 16 de julho de 2011

Semana



  A noite. A lua. A fumaça que desliza. A memória. O doce gosto da lembrança. O delicado toque. Adormece. Sonhos acalentam a madrugada. Suspiros. Inevitável razão de ser e nunca ter sido. Outrora. Caminhada leve do saber. Trovoadas sinceras da alma. Rubor. Marca selada desvendada. Sorriso constante.
   O tempo. Outra vez. Nem sabe mais o próximo passo. Apaga certezas. Reconstrói sensações. Ilusões. Desvanecer. Intensidade sem controle. O mundo. Existe sim. Aquele e os outros. E a candente emoção. E o coração. Dono da morte inalcançável. Do poder perdido. Da vontade que não se cala.
     Já se foi. Apagam-se muralhas. Recobra a ternura. Eleva a pureza de sentidos. Cálice que transborda paixão. Cega fogueira atormentada. Cálida jazida. Segregada melancolia. Solidão temida. Não mais próxima. As horas corridas. Os olhares perdidos. Movimento por movimento. E já terminou. Sem poder congelar cada segundo. Viver e reviver.
     Mais palavras. Mais um para um eterno sentimento. Transfigurado. Renegado. Mudado. Marcado. Sentenciado. Revigorado. Confuso. Delicioso. Algoz das soluções. Conexões e sublimações. Repetições. Calmas. Sofisticadamente silenciadas. Posto jamais perdido. Procura. Busca incessante. Sábia. Coragem conquistada. Rápida. Tola desesperada. Por outro dia. Por mais um raiar de sol tão belo. Da mágica. De tudo que ocorreu. E ainda há mais. Sempre. 
        Outra página. E a canção. Suplicante. Risada que ecoa. Música perfeita para embalar o sono profundo. E o mais feliz acordar existente. E assim segue. Com a alegria além do limite. Outro suspiro. E a noite continua...

terça-feira, 12 de julho de 2011

A janela



     O dia corria. O mundo não parava. Minha existência se reduzia aos afazeres daquela manhã. Suspiro. Ansiedade. A noite veio. O coração palpitava. Num descompasso sem tamanho. Mal respirava. Então, a presença inebriante surgiu. Seus olhos agitados agora estavam parados. A surpresa. Para mim também. As horas, em sua crueldade, passavam depressa. Queria segurar cada minuto.
    Tudo cresce. Movimenta-se. Torna-se ainda mais real. As canções aumentavam as batidas fortes da alma. Outro suspiro. Quase um sonho. Um portal que se abria. Trazendo momentos inesperados. Sinceros. Leves. Puros. Inacreditavelmente concretos.
    Depois, o amanhecer. Este sempre vem. A luz do sol irradiava a mesma vibração do corpo. A música que ainda tocava. A mente que divagava. E o despertar das sensações de um passado recente. A aura iluminava o recinto. Sabia com toda a certeza que era de alguém. A reciprocidade estava ali. E sabia quem importava.
    Ainda com o gosto da alegria, seguiu seus dias. Viveu. Fez o que tinha que fazer. Em transe, porém. Talvez, nunca acorde. Talvez permaneça naquele estado para sempre. Talvez. E a incerteza disto é ainda melhor. Porque o presente é quem oferece as melhores escolhas. E sempre temos o próximo passo. E o sofrimento que finca a sua bandeira. E a outra que tenta apagá-lo. Em vão. 
     Novamente, o tempo. Só ele dirá. Só ele sabe bem qual será o próximo passo. Em qual estrada caminharemos. E o destino selará a aurora da precisão. Brilharão todos. Conquistará a liberdade. Tão sua. Breve. Insensata. Ou não. Será desilusão. Ou não. Ou amargura. Saber pode ser tormento. Por isso, guarda as recordações de cada sensação. Das emoções de outrora e do agora. Até o fim. Existente ou não. Por ela ou por outrem. Por todos. Pelo infinito.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Existência

   Leve e sussurrante ventania. Aconchego demasiado. Plana o delírio. Soletra possibilidades. Segue. Corre. Luta. Inflama. Mais dois passos para a sorte. Nega. Afirma. Esconde. Lágrimas. Sortilégio da alma silenciada. Sorve. Deita. Acorrenta. Foge. Palavras. Soltas. Refrescante brisa. Nas montanhas distantes. Esquecidas. Relembradas. Calmamente aproximadas.
    E o sonho. Leve. Apagado. E a memória. Cálida. Desvanecida. Mente. Recordação soterrada. Sofrimento acalentado. Parte para a alvorada do sucesso. Vem o mar. As ondas. O belo céu cintilante. A bruma da madrugada. A proibida sensação elevada. Gestos. Pensamentos. Cravados. Sinalizados. Penalizados. Sentenciados.
    O sentido resta. Somente meu. Somente as minhas pueris ideias. Ideais. Jazida incerta. Marca deixada. Rubra face. Pálida. Tranquila. Abandono da escuridão. Nas trevas. Nas tão sonhadas trevas. Vagueia pela noite. Incendeia o amanhã. Tropeço sem fim. Velada amargura. Suspiros de dor infinitos.
   Seleta purificação. Gélido abismo. Poço da revigorante dúvida. Quebra. Parte. Caminho tortuoso. Sangrento. Apoquentado. Apaziguado. Reconquistado. Gira o mundo sem fim. Regresso. Melancolia. Emudecida. Recobrada. Cristalizada. No mais distante altar envaidecido.
    Brutalidade. Fulgor. Temor. Vão e voltam. Revezando-se. Eterna. Dilacerante. Fulminante. Cólera. Mágoa. Novo. Somos. Todos. Constantemente. Sucumbe. A razão. Ao coração. Enfraquece. Adoece. Recupera-se. Se finda. Recomeço. Sátira de si. De mim. Do universo. Cala-se. Amanhece novamente. E a risada ecoa. Os pássaros murmuram seu canto. Mais um dia. Mais um. E outros. E pronto.