domingo, 28 de agosto de 2011

Passado Guardado

  Há um misto de tédio e euforia. Silêncio. A neblina permite. Bruma dissolvida em mistérios. Dor. Verteram todas as lágrimas. Secaram promessas. Regresso tardio. Saber. Conhecida sensação que permeia a madrugada. Risos. Entorpecida emoção instalada.
 Gritos. Sopro leve. Tenso. Emudecido. Candente. A leveza permanece. Suspiro. Mágoa. Imaginação. Jazida da sacramentada frase. Caos. Pacífica elevação. Medo. Horror. Poder imensurável. Manipulação de dúvidas. Olhares. Sentença.
 Outro julgamento. Solidão. Angústia. Inspiração. Palavras. Vieram. Todas. Separadas. Fragmentadas nas horas. Sublimadas na névoa. Chama. Recobra os sentidos. Divina face afastada. Cálice. Torre. Sentimentos. Sabor. Desejo incontrolável. Calor. Rubor. Tímida mão que passa despercebida. Devaneios implicantes. Caminho tortuoso para a memória.
  Condenação desnecessária. Clamor esquecido. Pânico. Sol. Brilho que finca o desespero do amanhecer. Casto semblante. Mais palavras. Mudanças. Satisfação. Gargalhadas jogadas ao vento do anoitecer. Quietude aproximada. Respiração que falha no desvanecer da lembrança. Cravada. Dilacerada. Apoquentada. Envaidecida.
   Compreensão. Atordoada incerteza do amanhã prometido. Suprida cor. Dos gestos aos detalhes. Da perdição à purificação. Da danação encontrada. Guardada e aproveitada. Vieram. Sentiram. Provaram. Adormeceram eternamente.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Mais um pouco sobre eles...



   O que dizer após uma overdose de sentimentos? Não sei. Sei somente que é preciso escrever. Eu preciso escrever. 
   Estive, por muito tempo, numa zona de conforto. Sim, já sei que sou atriz. Acredito cada vez mais nisso. Mas, existiam aqueles papéis que sempre me confiam fazer. Até que meu caminho se cruzou com o deles. Os sacerdotes outrora despercebidos por mim.
    Eu li e vi. Um mundo de possibilidades naquele texto. Sim. Meu coração disparou, na segunda vez que li, com atenção, sem o meu desdém cotidiano. Inês. Ela era minha nova meta. Seu olhar. Seu andar. Seus gestos. Pensava o que poderia fazer para trazer vida para as incríveis palavras ditas por ela.
    Então, ela saiu de dentro da minha alma. Porque, pela primeira vez, tudo fazia sentido. As emoções. A verdade. Toda a verdade que só habita os jardins desta autora. É. Pensei em fazer, inicialmente, por amar tanto o que a autora escreve. 
     Depois foi muito mais além. Senti uma conexão assustadora. Apaixonei-me por aquela dinâmica. Pela sensação. Pela vontade imensa de estar ali. De estar com aquelas pessoas. E o gosto daquele encontro é magnetizante. Ainda posso de dizer que é torturante quando eles não estão comigo. Rindo. Contando histórias. E dando vida a elas do meu lado.
    Satisfeita. Isso posso dizer, com toda a intensidade da minha alma. Cada passo. Cada fumaça soprada. Cada gole de vinho. Cada sentença dita. Cada toque e beijo. Cada momento. Todos valeram a pena. E a certeza da plenitude que habita em mim, após este encontro é insuperável. E sorri para o amanhã, sendo a mulher, a primeira, a múltipla, a devassa, a deusa, tudo que puder ser. Sim. Guardado um pouco de Inês em mim. E bastante deles também. Alegre. Sim, posso dizer...alegre, muito alegre.




Foto de Izabella Valverde. Design de Daniel Moreno.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Confusa Madrugada



   Sempre quis começar um post com a frase: "Vamos lá!". Sempre penso isso. Nunca fiz porque acreditava que não ficaria bom no texto. Mas, hoje, eu preciso. 
    Vamos lá! 
  O tempo passa e já não reconheço aquela do espelho. O reflexo tornou-se outro. O tempo. Este mostrou o quanto pode me desafiar. Agora, ele travará uma terrível batalha comigo. Sim, concordo que ele é um deus tirano. Este que afastará o melhor que já me ocorreu. Porém, neste momento, realizo que isso não será nada. Inicialmente, pensei que seria um teste. Uma provação. Contudo, é só olhar para trás e perceber as conquistas feitas para gargalhar e saber que este será somente mais um passo.
  Possuir tanto é uma honra. Aproximo-me de uma inexplicável plenitude. Ali, em volta daqueles que antes pensava conhecer, descobri muito. Posso afirmar que, naquele instante, soube mais do que nunca quem eles eram. Não foi forçado ou manipulado. Enxerguei tudo claramente. Sim. Preciso repetir para acreditar. A candente menina trancada na torre mais alta, nas vitrines da vida, ganha forma. Ela é real. Concreta.
  Olho para cada rosto para guardar a sensação. A nítida emoção de pertencimento. Conhecimento. Vislumbrar um futuro onde ser quem é não é pecado nem vergonha. Dizer a mais pura verdade. E o melhor: esta será celebrada. As palavras vinham da alma. As lágrimas misturadas com o sorriso. Confusão. Nem sei mais o que digo. Esta é aquela confusão daqueles que escrevem o que vem. Que visualizam as lembranças e as transformam em frases.
  Eu vi. Eu soube que a paixão me alucinara. Eu senti. Antes, egoísta. Odiava o mundo a sua volta. Queria apagar todos. Queria trancar em meu coração a história que viveríamos. O sofrimento vinha dessa compulsão. Obsessão. Vagueava. Cometia erros sem tamanho. 
  Suspiro. É preciso respirar profundamente. Pausa. Mais um gole de verdade e prossigo.
  Então...veio o dia. Em que todas as barreiras desabaram. Eu me encontrei enlaçada. Relutei, mas fui vencida por aquela magia. A energia que fazia o corpo pulsar na vibração deles. Entendi. Finalmente. Não poderia negar o que havia visto. Naquela noite, entreguei-me a eles secretamente. Tinham me conquistado e não sabiam.
  Hoje, o significado é mais claro. A lua brilha mais do que nunca. A tristeza quase me alcançou. Porém, a certeza é muito forte. Serão intermezzi descompassados. Será um pouco de dor. De saudade. Contudo, estará com eles. Aqueles que deixarei conquistar mais e mais minha confiança. 
  Quanto a mim? Não me preocupo. Tenho um vasto mundo de afazeres. A fantasia dos filmes. As horas. Memórias. Um coração que já tem dono. E digo com toda a minha verdade, esta tão celebrada verdade: este não será o primeiro desafio do destino. Estarei preparada. Com acordos ou não. Sei de mim. Última palavra. Sentença. Mais um gole de verdade e o sono que virá ao despertar, depois de mal dormir.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A Deusa e a Fada



   Dias cinzas. Veneno que habita o corpo. Coração trancado. Quase cética. Impregnada pelas verdades. Numa solidão profunda. A mais forte existente. Sim. Então, veio a fada iluminada. Tentando quebrar correntes. Apagar sentenças e julgamentos. Entre abismos e desilusões, a deusa entregava-se lentamente.
   Com os olhos cansados, despia-se de qualquer posto dado por outros. Longe dos medos e impuros tratados. Não era o que disseram ou queriam. Sorria. Calmamente flutuava entre uma frase e outra. A tempestade veio, então. A deusa que de muito confiar, afastou-se do mundo dos sentimentos, constatou que a confiança é sim um bem valioso. Não se deve entregá-la a qualquer ninfeta despudorada. Muito menos para aquelas que se iluminam de vontades.
  A fada, abalada em suas convicções, já não sabe ao certo quando errou. Ou quando simplesmente o tempo foi necessário. O que ela queria mesmo, era a permissão para levar a outra aos mais fantásticos mundos. Deixar ser levada para a história que pode ser vivida. Dar-lhe o mundo. E em cada mimo um sorriso. Em cada cálida palavra um gesto. Porque já viu a deusa despida de armaduras. E naqueles olhos viu o brilho mais intenso de todos.
  Então, ela já entendeu muito bem o que quer. A fada. A felicidade da outra. Da menina escondida em metáforas e signos. Em uma brutalidade meiga. Na verdadeira essência que esconde para não se machucar. Não adianta disfarçar. É transparente. Sua fragilidade. Seu ímpeto de ser mais forte do que realmente é. A dor por trás da máscara da absoluta certeza de qual será o próximo passo. E nenhuma das duas sabe. O que virá.
  Ainda assim, a fada sabe bem que brinca com fogo. Que a próxima ação pode desabar o castelo construído. Mas, ela é paciente. Como bem já disse. Determinada, espera. Sempre esperou. Pela próxima abertura. Enxerida que só. Ri. Em seu jardim, que também existe. Nas madrugadas cobertas de fumaça. Na varada que outrora o pedido foi feito. E concedido, após eternas batalhas.
    Não esquecerá nada. Dessa história. Das lembranças. Das tardes. Das canções. Porque a deusa pode ter certeza que ganhou uma fada para si. E sua luz será somente dela. Sem nada em troca. Mesmo que não acredite. Um dia perceberá. Que tudo que pede é que a deusa seja feliz.

Quietude

  Apesar de toda angústia. Apesar da crônica solidão. Quero paz. Tranquilidade. Após tanta turbulência vivida. Sempre foi assim. Do instante que já possuía consciência. Há culpa minha também. A intensidade e a impulsividade já me cegaram completamente.
   Neste instante, quero me acomodar. Não digo parar de viver. Porém, deixar algumas coisas passarem. Seguir por uma estrada menos tortuosa. Nunca havia sentido tanta felicidade. Não quero que esta seja passageira. E, para que ela não se vá, é preciso mudar algumas realidades.
  Não se embriagar de sentimentos é o primeiro passo. Analisar situações antes de se entregar. Respirar. Não agir sem pensar. Quero viver. A minha história. Que se escreve enquanto vivo. Na verdade, cada frase é um desabafo.
  Cansei de travar batalhas perdidas. Espero, agora, que as conquistas cheguem. Pois, já plantei o que precisava. Por enquanto. E os clichês sempre vêm. Cobrem os desabafos. Necessito de um pouco de clichê e mágica. Só um pouco deles. Para inebriar-me de luz. Recarregar energias. Para começar tudo de novo.
   Estava muito perto de alcançar a chave. Daquela torre mais alta de todas. Mas, elas escorregaram. E já não sei mais o que fazer. Os dias passam. As obrigações do passado voltam a rondar o presente. As escolhas foram minhas. Terei que continuar a encarar os trabalhos exigidos. Porque escolhi assim.
  Outra vez, mergulharei num mar de atividades. As adoráveis horas de um tempo mais livre se foram. A realidade. Como trazer a vontade para ela. Como não sucumbir dentro do mundo cinza. Sim, meu mundo torna-se cinza quando não estou do lado deles. 
   O medo, no entanto, se foi. A rejeição pode chegar. A maturidade vem preenchendo a alma. Nunca será um processo rápido. A compreensão não pode ser pedida. Não pode ser pedido nada, na verdade. Nem farei mais isso. Peço mesmo é o silêncio. O leve toque da madrugada. Se quiser oferecer aceitarei. Contudo, não direi mais o que preciso.
   A verdade estará sempre posta. Ali. Sem pudores. Cruamente maravilhosa. Repleta de sensações. Caminho. Sem saber. Acompanhando enquanto ocorre. E o tempo gargalha. Olha para mim. Sabe que o egoísmo vai desaparecendo. O egocentrismo também. Só nas páginas deste diário retornam. 
   Agora, findarei meu consciente devaneio. Impura de sabedoria. De verdades. Somente sabendo que erros são cometidos. Atos românticos também. Delírios de amor. Impulsividades. Amizades em construção. Afazeres sem tamanho. Vontades. Emoções e sensações. E quem sabe um dia a paixão não toma conta de quem eu gostaria? Ou desabita meu coração? Só sei do real. Do agora. Da infinita certeza de ser quem sou. Na transfiguração de tudo isso. Não poder ser tão rapidamente. Na não desistência de propósitos. Não desistirei de nenhum propósito. Nunca.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Luminosidade

  Seus olhos. A poesia vem da forma como eles se movimentam. A impulsividade. O resquício do veneno mortal. A renovação. A força de um sentimento. Se pudesse estenderia um caminho de rosas para que passasse. Ofereceria o mundo. Todo seu coração. A sua alma.
   A canção continua. A memória repete as palavras. Círculo. Chamas. Dor. Recomeço. Confusão. Apesar de toda mudança. Sobraram as falhas da candente menina. Estas sempre existirão. Mas, somente ela sabe o que pode fazer. As possibilidades que tem. O coração dispara. O ar, outra vez, desaparece. Pois há a lembrança do beijo, de um momento que parece simples, mas é eterno, de tardes inesquecíveis. Únicas. Porque sua voz ecoava em seus pensamentos. Porque cada sentença era uma descoberta.
   Na verdade, a expressão vinha da desilusão consigo. Por ter tropeçado no reino da insegurança novamente. Agora, aprendeu. Com essa falha. Porém, outras ainda poderão chegar. E o caminho será sempre diferente do planejado. E o tempo sorri ironicamente. Ela. A fada de luminosidade abalada. Correndo para encontrar o brilho que a fez quem é. Pura de medos e inseguranças. 
    Contudo, nunca perderá a sinceridade. Essa domina sua realidade. A verdade é sua lei número um. Não importam as consequências. E a fada vestida de menina não deixa de sentir cada erro. A tensão vem disso. Não da perda ou do olhar triste da deusa flamejante. Esses também machucam. Mas, também, da falta de maturidade. Agora, ela entende que sua estrada é longa. E muitos frutos foram colhidos. Muitas vitórias conquistadas.
     Existe compreensão. O descontrole diminui. São pequenos pedaços de falhas ainda existentes. E a promessa de destruir estes pedaços é real. É forte e inesquecível. Ela espera. Domina impulsos. Vive cada segundo com o máximo de intensidade. Um dia saberá desfazer os nós da força da curiosidade. Da letal curiosidade. Confiante. Seguirá. Desejando. Sonhando. Vivendo. Entregando-se as vontades. Delirando ao sabor de cada beijo. Com olhares que se cruzam. Frases pronunciadas ao mesmo tempo. Horas, dias, que voam. E seu semblante mudará. E saberá que aquele coração, trancado naquele relicário de cristal, será apaixonadamente seu. Porque uma certeza ela tem, a determinação é seu trunfo. E sabe muito bem que há pertencimento.
     E sorri através da fumaça. Escutando a música que a deusa denominou sua. E a lua sussurra em seu ouvido que tudo ficará bem. E a torre desaba. E começa-se tudo outra vez. E  o melhor de si aparece. Então, vê a luz em sua alma voltar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Primeiro Passo

  Pernas trêmulas ao descer as escadas da torre. O amanhecer. Ele traz a renovação. Agora, abandona qualquer certeza. Respira. Viveu cada momento sem pensar no próximo. A intensidade de seus sentimentos cresce. Explodem em seu coração descompassado.
  O enorme medo talvez se dissipe. Se perca em lembranças de dias eternos. O real será somente o presente. E que venha o que vier depois. A madrugada provou isso. A latente chama controlada pelo pensamento no próximo. Esquecer a vontade de possuir. Esperar que olhares se cruzem, que a vontade seja infinita, que o próximo passo seja certeiro.
    Tempo. Palavra cruel. Insensível. Invisível. Concreto. Aguardar sem querer mais nada. Cada segundo que passa é o mais importante. O futuro queimará. A candente menina nunca desistirá. Paciência, menina. O mundo poderá ser seu.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Jornada



  É isso. O caos existe sim. Dentro de cada ser há um mundo. Sim. São eternos universos. O difícil é captar aquele necessário. Afinal, quanto mais complexo o sistema, mais trabalho se tem. Quando o coração se abre e a verdade é transparente, o corpo estremece e não há retorno.
  O medo se extinguiu. Há a imensidão da descoberta. Começar pelo mais complicado. É avassalador. O fôlego é dissolvido na camada da tênue fumaça da angústia. A dúvida de quando é o tempo certo para agir. Por onde começar. Qual é o melhor caminho. A emoção vem dessa sensação. O problema é a intensidade. As consequências são reais. Assumir isto é o problema.
  Tudo está escrito. Será concretizado. Cada respiração transforma. O tempo dita qual será a revelação. Aguardar é torturante. Mas, é preciso esperar. Um coração estilhaçado precisa recuperar-se. Paciência. Uma dádiva quase inalcançável. Querer alcançar a chave de qualquer forma inebria a razão. 
 Então, será isso. Sem pensar no futuro. Passo por passo. Dia após dia. Sem esquecer o principal objetivo. O desafio sem tamanho.
  Boa deusa que é, traçará firmemente sua meta. A conquista total. Sem pedidos. Sem cobranças. Acreditar é o primeiro passo da longa jornada. Esta nova jornada. Que começará agora. Quando os pássaros entoarem sua primeira canção, neste novo amanhecer que surge.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Bring back my Bonnie to me...

  A liberdade chegou atrasada. A saudade vem. Os dias passam e parece que o esquecimento se instalou. Porém, as lembranças aparecem. De repente. Toda a vontade de que estivesse por perto. Toda a dor que retorna. Desaparece e regressa. 
  As canções. O passado. Com força absoluta finca-se a derrota. Da mágoa que outrora existiu. De batalhas que não eram minhas. E lutei bravamente. E, no fim, perdi. Momentos preciosos. Agora, não tem mais jeito. O que foi feito está acabado.
  Restou recordar. A realidade é cruel. Isso sempre soube. A voz não é mais a mesma. Nunca mais será ouvida. Por mais que eu queira intensamente escutá-la. E já conheço toda a grandeza de um sentimento escondido. Negar a necessidade da aproximação.
   A reconciliação. A certeza de que estaria para sempre comigo. A perda. A descoberta de que a separação existiria. De verdade. A culpa. Que jamais se apagará. Nunca. As conversas que não acontecerão. Antes consideradas algo do cotidiano. Banalizadas. Preciosas. Nunca esquecidas.
    No entanto, é necessário crescer. Aceitar os fatos. Porque a presença não é mais concreta. Mas, de alguma forma permanece. Para sempre será. Viverá. Na eternidade de pensamentos e mundos existentes.
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Restos
Há um resto de noite pela rua
Que se dissolve em bruma e madrugada.


Há um resto de tédio inevitável
Que se evola na tênue antemanhã.


Há um resto de sonho em cada passo
Que antes de ser se foi, já não existe.


Há um resto de ontem nas calçadas
Que foi dia de festa e fantasia.

Há um resto de mim em toda a parte
Que nunca pude ser inteiramente.


- I.T.