quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Exultante


    O destino é algo que não se pode prevê. Tudo bem. Mas, muitas vezes ele reserva para as pessoas caminhos nunca imaginados. Os dias menos esperados são os mais ensolarados e cheios de alegria. Sem saber, fui na direção do amor. Sem perceber, fui contaminada por aquilo que negava e enojava. Agora, completa de sentimentos, vejo o amanhecer da aura renovada. Vejo a salvação naqueles doces olhos.
    Regras criadas perderam-se. Quebraram-se. Queimaram todas. Corro em direção daquelas sensações que tanto me recordo. Meu corpo pulsa. Clama por mais um amanhecer. Devora-me em delírios. Sonhos alucinam cada noite. Sentimentos bons instalam-se. E nunca me abandonam.
   Recobro a lucidez. Esta vagueia em minha alma. Tortuosa solidão retornada. Tardia sensação desesperada. Pecado devorado em cantos. Vazio suprido eleva o júbilo conquistado. Tempo esquecido. Memória almejada. Alcanço o pedestal saboreado. Celebro a exaltação anunciada.
    O sorriso instala-se. Entoam-se canções. Escuto aquela voz. Perco-me em emoções. Esqueço tudo ao meu redor. Soterro-me de lembranças. Desligo-me do infinito. Envolvida na deliciosa fumaça, canto e sorrio mais uma vez. As risadas ecoam pela varanda. A lua responde. Ela brilha e confirma tudo que já conversamos.
      Desejo latente. Mar candente da sorte. Arde. Flameja o rubor na face outrora cheia de pudor. Falsas palavras. Agora, cálidas. Quentes. Adoçam o entardecer concluído.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Efêmeros Devaneios

  Mais uma vez a solidão acorrenta-me em laços tortuosos. Clamo. Grito, dizendo que não a pertenço. Mas, ela envolve-me. Lamentos cravados na pele marcam a noite condenada. Não há sofrimento ou tristeza. Porém, a angustia é mais forte. Domina a alma silenciosamente. Cumpre seu dever.
  Tento fugir. É inútil. Presa na mesma história vejo o mar de revolta tortuosa. Sinuosa. Sagrada e profunda memória. Tento lembrar dos sorrisos de outrora. Dos bons momentos. Contudo, o coração é puxado para a escuridão mais profunda.
  O tempo corre. A bruma dilui-se com vento. Amargo. Sepultado. Cristalino. Voz que ecoa. Surge em mim sem aviso. Preciso das lembranças. Que em ocasiões já me resgataram. Perdida estou. É inegável. Lamentar é o destino. O meu destino.
  Entender de onde surgem tais ideias não é possível. Sacrilégio repudiado. Melancolia estabelecida. Soluções escapadas. E na noite mais almejada, o júbilo alcançou o inexorável. A alegria brotava em minha face. A razão desvanecida arruína as emoções. Abate os sentimentos mais doces e puros. Invade a aura recobrada.
  Cambaleante volto à varanda. Buscando respostas. Rogando pela misericórdia. Expurgando a maldição do isolamento eterno. Voltando ao pedestal celebrado.

Sussurros

    No silêncio da madrugada ainda sinto o gosto mais delicioso de todos. Delirando em sensações, ainda escuto aquela voz que me inebria. Minuciosamente, relembro cada momento vivido. Mar de sensações espalha-se pelo corpo que ainda arde.
  Na varanda, escuto, de longe, a canção tocar. O ar falta. O coração dispara. Tola, sorrio. Sem parar. Somente com o céu como testemunha, os risos consomem o silêncio. Alegria renovada. Puras emoções conquistadas.
   Lembro, mais uma vez, daqueles lindos e profundos olhos. Resgatando-me da solidão que tanto persegui. Agora, não há quem ou o quê que me incomode. São só sussurros de uma multidão vazia. Que clama e nunca será atendida.
   Não existe quem me alcance no pedestal da felicidade mais cristalina de todas. Ainda sorrindo, fecho a porta. E entrego-me a mais um dia. Aos sonhos que certamente serão cobertos pelos devaneios mais incríveis de todos. Até que o amanhecer venha e renove o júbilo novamente.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Breve Delírio

   Vendo mais uma vez o amanhecer, deixo a raiva me dominar de novo. Lascivo ciúme consome até a última gota da razão. Sinuosa verdade, escondida em olhares tranquilos. Noite amargurada, fatos relembrados  dilaceram a alma.
   Cristalina dúvida, instala-se sobre o luar. Amargura sensível da dor se desvanece em abandono. Silenciam-se os versos. Dominam-se sensações. Sentencia-se o pecado. No entardecer fadado de tortura, a solução é escondida.
   Corrente sepulcral da morte do inconsciente destrói a mais pura alegria. Palavras impensadas. Gestos recentemente sentidos. Cautela queimada ao vento. Gritos angustiados ecoam pela mente que jaz soturna. Ilusão apavorada. Temor adormecido. Num pesar, despir-se do rancor eleva o suplício da aura recobrada.
   Os dias renegados apagam a o imperdoável. Curam-se as memórias. Recobram-se lembraças. Porém, há ainda escondido um ressentimento guardado. O choro cessa. A misericórdia quebra-se. O corpo pulsa. Os olhos queimam.
     Certamente, chegará o perdão. E assim, com o anuncio da calma, os pássaros entoarão a canção mais bela de todas.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Madrugada

  Ainda incerta da razão concreta, reflito sobre o luar iluminado. O inesperado me agrada. Aguardo o próximo passo. Sonhos recorrentes tomam conta do inconsciente. Um gesto, uma ação. Ser surpreendida. Criar expectativas não mais me agrada . Porém, há em minha mente ideias, que queria muito que fossem realizadas.
  Ouço aquela risada em minha memória. Respiro outra vez, certificando-me de que o ar está presente. O anoitecer responde que a vida está ali. Clamando para ser vivida. E cada minuto perdido parte-se em melancolia. Desapego. Negações. Tortura sincera e elevada.
   Não existe mais culpa. Erros são queimados pelo destino. O que resta são vontades e desejos que pulsam. Sempre. Recorrentemente. Cristalinas verdades. Palavras jamais pronunciadas. Neblina que se afasta com o tempo.
    Livre, enfim, de amarras impostas, consigo falar o que é preciso. Ainda sim, o que eu preciso não é dito. Delírios desvanecidos, não se esvaem. Soterram as correntes seladas. Eu, que jazia na torre mais alta e inalcançável, escapo da dor da prisão. Contudo, internamente, resquícios ainda restam.
     Corro. Perco-me. Já não sei ao certo o que digo. Tudo se confunde e a madrugada responde que o sono é a melhor coisa. Dormir. Esquecer. Sonhar com o amanhecer. Confiar que o que anseio seja conquistado. Assim, no flutuar das horas, deixo-me enlaçar pelo cansaço e fecho os olhos para o amanhã.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Partida

Ávida de desejo, suspiro inebriada pela noite eterna. Procuro aquele beijo. A lua responde. O corpo também. Inúteis sensações amarguradas. Perdidas em algum lugar. Numa salvação que jamais chega.
Palavras queimam. Ainda com a respiração ofegante, sentencio o anseio alarmado. Clamo pelo rapto mais delicioso de todos. Sua cautela me enlouquece. Contudo, sei que não há como escapar. Preciso cumprir os deveres impostos. Firmemente impostos.
Não há retorno ou remediações. Se o outrora não tivesse provado com tanto veemência, não acreditaria que um sentimento pode ser tão forte. Que ele pode levar ao êxtase.
Vozes ao redor me despertam do transe infalível. Acordo inerte para uma madrugada inacabada da alma. Reluto. Porém, as soluções escorrem perante meus olhos. E ali, deitada, derrotada em prantos que nunca viriam, espero mais uma vez pelo regresso almejado.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Dias



   Mais uma vez o destino me testa. Cercada pela dúvida, observo. Ali, deitada, com os olhos cansados, busco respostas. O luar queima a pele. Arde fluentemente. Sinto o mundo desabar ao redor. Quero mais que tudo possuir aquilo que foi dito que é meu. Não sei ao certo se me pertence, mas já não importa.
   Naquele momento, percebi. As sensações corriam pelo corpo e diziam que não há mais volta. Preciso daquele beijo. Sei que é o que necessito. Os dias passam. As possibilidades diminuem. O sorriso ilumina a alma. O amanhecer crava o mais belo desejo de todos.
    As palavras escapam. Nunca ajudam. Deixo o tempo tomar conta de mim. Ele sim é meu consolo. Se ao menos dissesse alguma coisa. Porém, tudo emudece quando já não há o que conquistar. Estou ali, serva daquela energia que pulsa mais forte que a razão.
     Quando o controle escapa, a bruma silenciosa acorrenta-me nos laços mais inquebráveis de todos. Sem salvação não há volta. Renegar o que me foi dado é impossível neste momento. Deixo, então, a fumaça me levar. A dor sucumbir. Elevo-me a derrota da procura. E sei que o retorno virá. E, assim, jamais renunciarei a chegada que tanto espero.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Sabor

    A luz incide sobre o anoitecer da reconquista. Sóbria de sensações saboreio a madrugada. Seleciono sentimentos. Relembro memórias perdidas em novas certezas. Pulsam palavras. Queimam-se ao vento. Ergo-me para o pedestal mais inalcançável de todos.
    Secretamente, escolho. Aprendo a solucionar a razão desvancenecida. O sol se põe. As lágrimas terminam. O manto envolve a pele. Castos sorrisos, outrora apreendidos, se esvaem. A menina do passado perde-se em dias atormentados. Cada gole, cada sensação, expurga o vazio. Sentencia o aprendizado. Cala-se perante a dúvida abandonada.
    Sufocada em tardes intermináveis, procuro a neblina libertadora. Chama candescente segrega marcas. Voz inesperada justifica-se em explicações vazias. Confusões não relevadas amargam os devaneios inconstantes. Supri ilusões. Transformam alegria em ódio e rancor.
     Confissões selecionadas avistam a novidade do amanhecer. Enleio desenfreado silencia a dor. Crava o mar de tentações. Guarda o segredo jamais contado.

Passagem



   Só. Inevitavelmente a solidão me alcança mais uma vez. Aprisionada em delírios, anseio pelo beijo mais lancinante de todos. A concupiscência domina cada pedaço da alma.
   Soluços amargurados vertem da mais profunda crueldade da minha existência. Laços firmemente quebrados inebriam a aurora da alvorada adormecida. Vazio imensurável torna-se tortura.
    Meu corpo arde silenciosamente. O ar ilude a madrugada. Inebriada pela venenosa certeza do retorno, não desisto. Persisto. Tonta em desejo, não consigo escapar.
    Vibrando de emoções, verdadeiramente puras, renego a existência do conflito. Saboreio a visão daquela presença. Consumo cada olhar, implorando pelo regresso.
    Suspiro, dolorosamente. Acalmo o espírito. Sossego a mente, imersa em palavras. Firmemente, declaro a mim, a não renúncia da paixão.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Esperança

   Silêncio. Converso com a lua, delirante entre a mais deliciosa fumaça. Pura de amarguras. Esperando o melhor. Com o coração palpitando. Sem mais prantos, em madrugadas eternas. Sorrindo novamente. Sinto a neblina. Ela inebria cada parte do meu ser. A música embala os sentimentos mais sinceros.
   Aqueles olhos, tão pequenos e brilhantes, me fitavam. Revigorada por aqueles olhares, minha alma flutuava. Perdia-me em devaneios. Porém, agora, eram leves, doces e regozijantes. Mais uma vez, minha mente divagava. E esperava mais um encontro.
   Mais uma vez, alimentava-me daquela voz. O tempo corria. Queria guardá-lo, pará-lo. Mas, não há mais uma frustação na partida. Tudo se acalma. Certo pertencimento ocorre. As sensações são melhores. Não machucam.
   Sem arrependimentos ou erros cometidos, sigo. Caminho para uma direção, que pela primeira vez, vejo que dará certo. Sinto. Sei que tudo será diferente. Novo e reconfortante. Sem dramas e tristezas. Sem lágrimas desnecessárias.
   Agora, espero, ansiosa, para a chegada do verão. Ainda incerta do que ocorrerá. Contudo, pressinto uma onda de alegria. Sem dúvidas, a felicidade me alcançará.

domingo, 12 de dezembro de 2010

Ânsia

   Sedenta pela fumaça, pelo luar, por mais uma noite inesquecível, afasto devaneios recorrentes. Não sei ao certo quando esta situação ficou estabelecida. Antes, tudo era mais fácil e límpido. O tempo passou e preciso de mais. Quero sentir, almejar e alcançar o que desejo. Mas, o tempo sorri para mim e mostra que esperar é necessário.
   Cansada das horas, que passam devagar. Das palavras exaustas de procurar uma solução. De cada momento angustiado, sem resposta. Talvez, o exílio da alma fosse necessário. Segregada em dor e tardias decisões que não se findam, desvaneço em soluços recorrentes.
   Envolvida pelo anoitecer revigorante, enxergo melhor que o futuro chegará. Porém, não sei exatamente como ele será. Incerta, cada instante tento esquecer o peso dos gestos, das palavras pronunciadas e das ações. Se ao menos soubesse o que acontecerá com o destino.
   Sonhos secretos invadem pensamentos inseguros. Mar de insensatez refugiada em dúvidas trazem as  sombras seletas perturbadas. Ódio repugnado incendeia os passos retornados. No final, guardo em mim todo o silêncio que existe.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Dor


    A escuridão chega e mais uma vez sinto o perfume da noite. As dores permanecem. Espalhadas em meu corpo tento ser forte. A solidão cobre os dias soturnos, escassos de alegria. Ainda que não seja infeliz, o sorriso não me acompanha. Sei que, ao meu redor, existem os que podem me salvar. Dizer palavras doces. Porém, afasto-me.
    Quando a enfermidade acorrenta-me, sinto que cada momento é sagrado. Por isso, cada um deles só é gasto com quem importa. Solitária, eu sei. Contudo, são nesses instantes que entendo quem sou e o que preciso. Se o destino quer provas, ele terá.
    Cansada de todas as aprovações, tenho a certeza mais infinita de todas. Quero mais que nunca tudo isso. Com o tempo como inimigo, com tudo que poderia incomodar, não canso. Não desisto. Não sei o porquê. Mas, sinto que estou certa.
    Esperando mais uma vez, escuto os pássaros cantarem. Ouço aquela canção. Vertem nos meus olhos as lágrimas mais tristes de todas. Respiro. Lembro-me das ocasiões em que a felicidade foi plena. Tento esquecer a dor, a solidão, a distância e os impedimentos. Sossego, por enquanto.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Renovação

   Amarga em rancores de outrora, me escondia sobre uma face estranha. Insegura, tropeçava em melancolia. Recorria as piores saídas. Rastejava-me em insônias intermináveis. Agora, a minha aura expande-se. Os tormentos cessam. A certeza de que sei o que faço e que pertenço aquele lugar, me tranquiliza como nunca.
   Revivendo a trajetória, entendo tudo. A neblina da dúvida apaga-se. O vento lava minha alma. Os segredos já transparecem. Meus gestos, minha voz, meu corpo, todos se juntam. Salvam-me. E recupero-me, enfim, do pranto. Que contamina. Dilacera. Polui todo sentimento que pode existir.
   O som daquela valsa invade meus sonhos. Neles, tudo flui e as sensações não se findam. Danço loucamente junto com todos que me cercam. A noite chega e em seus braços esqueço todo o medo. Todos os olhares. Eles se voltam para mim. E era disso que precisava.
   Neste instante, o futuro, completamente incerto, não me assusta. Tranco aquela porta. Porém, sei que não será eternamente. Guardo um pouco aquela menina, de volta naquele limbo que tanto pertence a ela. Respiro mais uma vez. E com um sorriso sinto que esta missão foi cumprida.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Regresso

   Ao ver a realidade ao meu redor, concluo que muito tempo foi desperdiçado. Porém, acredito que há um destino que une as pessoas. Que transforma a vida delas. Se, tão livre de responsabilidades, pela primeira vez, pude conhecer tanto, fico grata. Não acredito que as coisas ocorram sem um motivo.
   A vida realmente pode surpreender. Contudo, com a chegada da nova aurora, sinto que a situação mudará de novo. Sufocada ficarei, mais uma vez, de todas as atividades que me cercam. E dessa deliciosa etapa, restarão lembranças. Despeço-me lentamente dela. Sem arrependimentos, sem tristezas. Aceito o que aconteceu e como me enxergam depois dela.
   Renasço, como em outrora. Vejo, claramente, quem sou e o que preciso. A alegria toma conta de mim. Voltarei. Espero ansiosa pela volta do meu ser. Suspiros surgem. Olhos os dias passarem. Resquícios do passado ainda me acompanham. Mas, a transição não pára.
    A plenitude regressará. Quando a minha vida vier para os meus braços novamente, o pranto cessará. Abandonarei o limbo em que me encontro e tudo será com antes. Límpidos dias. Sensações inumeráveis. Conquistas inesquecíveis.
      Assim, passam os dias, as noites. Cada momento. O céu, quase sem estrelas, me mostra o caminho. Acalenta-me. A calma aproxima-se. Sem mais dúvidas e demoras, reconheço a minha imagem refletida na neblina de uma fase. Que se esvai e me traz as recompensas necessárias.
  

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Consequências



   Com a culpa selada na alma, a salvação me abandona. O chamado atendido tão brevemente é desperdiçado em imaturidades. O vento invade o recinto e tudo que lembro são dos erros. Dos meus. Tão recorrentes. As lágrimas correm sem forças. Já não há mais personagem. Nem sentido.
    Perco momentos sagrados. Sacrifico amizades. Continuo sozinha. Porém, a punição maior são os olhares. Decepções. Vazio. Tristeza sem recuperação. Dor gélida cravada no corpo. Manchada. Sepultada. Acalenta a fumaça em meu peito.
   Queimo as incertezas. Mas, elas me perseguem. Arrastam-me para o precipício mais profundo. A deliciosa revanche transforma-se em mágoas. Em dor. Em silenciosos prantos da noite que não se finda. Só. Inevitavelmente, corro. Grito dentro de mim.
     Ao redor, sorrisos, figuras, gestos. Para mim, o que resta é a melancolia. Esta, eu sei, é eterna. Não me deixa. Nunca. E tenho certeza que não deixará. Acompanhada, assim, seguirei. Buscando melhoras. Alcançando mudanças. Contudo, não tenho dúvidas que no caminho perderei tudo. O sofrimento também é uma consequência. No fim, espero. Como sempre.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Sombras



   Fatigada dos dramas recorrentes busco, na neblina mais incessante de todas, uma paz interior. Ao meu redor tudo rui. O desespero é inútil. O mar semeado de dúvidas deixa claro as verdades. Secretos segredos iluminam os dias mais sagrados. Não há separação que abandone tais sentimentos.
    A tempestade de momentos entorpecem as dores.  Amenizam as mágoas. Os dias passam. Sem sentido. Vazios. E não há nada que os salvem. Ele impregna cada parte de mim. Grita. Sussurra no meu ouvido. O tédio se instala. Recorro as sensações mais novas possíveis. Porém, é inútil.
     Tudo é momentâneo. Tudo passa. Em mim, sobram as melancólicas madrugadas. A solidão eterna. Contudo, sei que são nelas que me sinto mais completa. A música, de longe, tenta me salvar. Mas, a danação me puxa. A amarga aurora soluça em pratos o retorno da esperança.
     A juventude, que procurei tanto, não existe. Aprendi, finalmente, um pouco do que sou. O passado repete-se. Condena cada segundo. Proclama o abandono das tentativas. Segrega qualquer motivação. Verte lamentos. Supera a razão. Acorrenta-me em laços cruéis.
     Esperando o veredito insano, sou castigada. Castigada por regras que eu mesma criei. E quebrei. E esqueci. Porém, já me perdi em devaneios. Com o mundo girando a minha volta, cresço. Amadureço. Aprendo. E, no final, me escondo nas sombras silenciosas.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Constante

No luar mais brilhante de todos, vi aqueles doces olhos. Fitavam-me. Meu coração, desesperado, palpitava loucamente. O que nunca entendi se esclarecia.  Delirando no beijo mais apaixonado de todos, me perdia lentamente. Porém, dessa vez, queria me perder. Esquecer tudo e todos. Viver, sentir, saborear cada momento.
   As palavras, que outrora condenavam, dissimulavam, feriam, agora, fluíam. Flutuavam. Elevavam-se a adoração mais límpida que existe. Não havia mais o torturante silêncio instalado. Em mim, as dúvidas se dissipavam. Desapareciam na aurora do meu ser inebriado.
    Busco, neste momento, com cautela, adentrar neste mundo. Tão cheio. O tempo se esvai. As horas, consumidas de alegria, se perdem com a partida. Corro para mais um encontro. Luto para que se repita. Mas, o desgosto não se aproxima. Compreendo, finalmente, o que preciso.
       Os sentimentos, tão puros e verdadeiros, se alastram. Cada dia e noite crescem. Suspiros cobrem os desatinos pulsantes. Segregam os males acorrentados. A madrugada, soluça o enaltecido. Supri a saudade. Reconcilia as memórias. Guarda, eternamente, as melhores lembranças.

domingo, 28 de novembro de 2010

Anoitecer



   Dia esquecido. Marcado pela notícia mais cruel de todas. Fujo com todas minhas forças. Há no ar uma paz celestial. Nem os pássaros cantam. Silêncio. O mais profundo de todos. O abandono ainda incomoda muito. Mas, é preciso seguir. As lágrimas pulsantes perdem-se em saudades.
   Melancolia eterna. Nada será o mesmo sem aquela figura. Resisto o máximo que posso. A certeza de que nunca mais voltará, soterra minha alma derrotada. O vento, o mar, as canções ouvidas numa infância não muito distante. Tudo volta. Eu recordo, com clareza, os momentos mais alegres.
    A culpa atormenta. Se o passado não apontasse todas as falhas cometidas. Se a discórdia não tivesse ocorrido. Porém, os fatos existem e não podem ser mudados. Não há solução. Agora, sei que sentirei para sempre a amarga saudade. Eterna. A mais dolorosa de todas.
      O sol se põe. Os pássaros entoam sua música mais uma vez. O anoitecer se aproxima. E com ele todos as angustiam se esvaem. Contudo, não são verdadeiramente esquecidas. Jamais serão.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Separação



   Iludida mais uma vez pelo afeto passageiro, me contaminei. Mais cega do que outrora, procuro me guiar no mar de incertezas. As palavras docemente ditas, após pronunciadas, se perdem em escárnios. Entrego-me ao vício tortuoso de sua voz. Abandono todas as convicções ainda tão perdidas em mim.
    À espreita, espero mais um olhar. Um gesto. Consumida na proibida fumaça, lembro-me de cada beijo. Sinto meu corpo vibrar. Esqueço tudo. Tudo a minha volta já não importa. A música está ali. As recordações permanecem. O reencontro ocorrerá, repito. Repito para acreditar.
    Talvez houvesse um caminho mais fácil. Porém, não é o melhor. Não para mim. Por isso, deixo o silencio me possuir. Esqueço todo o resto e grito. Ecoando em minha alma, meu corpo responde. E assim, sei que não há mais mágoas, só certezas.
     Caminho trêmula ao luar. Agitada pelas emoções do dia. O perfume ainda em mim clama pela aproximação. Perdida em pensamentos, me afasto. Sossego. Busco outros sentimentos. Outras sensações. Entro em devaneios outra vez. Suspiro inutilmente. O ar cambaleante se nega a chegar. Aflita, renuncio a partida. Contudo, aceito-a. 

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Frescor



    A paixão me domina. Agora, sem fôlego, não quero mais fugir. Quero cada minuto. Preciso que cada segundo seja infinito. A tortura da espera já não importa. Ela tornou ainda mais intenso o retorno. Sonhos incrivelmente ardentes tomam conta da minha alma.
   Quero que a aurora do dia me queime com a chama mais candente de todas. Depois, gritar para o mundo o que sinto. Suspirar na madrugada. Possuir o que mais desejo. Sentir. Sussurrar cada palavra. Embriagar-me de todas as emoções possíveis.
   Ver o amanhecer, o pôr-do-sol. Cantar a noite inteira. Olhar para o futuro sem mais pesares. Viver intensamente o que preciso. Alimentar as vontades. Desvanecer em sensações. Mergulhar na imensidão mais profunda que existe.
   Habitada pela sede mais infinita de todas, respiro ao luar adormecido. Entorpecida na fumaça silenciosa, aprecio mais um momento eterno. Vivo tudo mais uma vez.
   Os pensamentos transcorrem, dissipam-se na neblina mais agradável de todas. O efeito daquele beijo permanece. Sorri para mim em devaneios. Acalenta a esperança do reencontro. Que eu sei que ocorrerá.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Breve Silêncio

    Inevitavelmente a ausência afasta as pessoas. Iludida pelos fragmentos de atenção, sucumbi na tortura do ciúme. Perseguida pela mancha tortuosa da incerteza, me calo. As perigosas palavras pronunciadas dilaceram as verdades. Consomem até a última e sinuosa gota. 
    O caminho se perde em silenciosos gestos. Afasto-me o mais rápido que posso. Covardemente fujo. O sangue ferve. Queria gritar. E, aos gritos, dizer o quanto possuo aquilo que não me pertence mais. Por isso, esquivo-me antes que o caos em minha alma invada tudo ao redor.
      A dúvida semeada aflige. A história não mente. Os fatos existem e são muito claros. Porém, a resposta é outra. Naqueles pequenos e profundos olhos vejo o que preciso para persistir.
     Continuo. Espero. Ainda que seja o exercício mais complicado que exista. Ainda assim, sigo. Vivo cada instante. Evito os maus pensamentos. Volto para aquela varanda, para aquela lua, para me inebriar na fumaça mais lancinante de todas.

Concupiscência

   Esperando. Sempre. Cumprindo as marcas que a vida impõe. Aceitando-as firmemente. Ilusórios sorrisos adoçam o dia silencioso. Lágrimas retornam, me perseguem. Cada instante evito procurar o que preciso. As vozes vazias se perdem. Ao redor, nada mais importa.
   Sem aquele beijo, o sentido se esvai. Enlaçada pela infinita concupiscência de possuir o que outrora me pertenceu, entro em devaneios. Arrasto-me para a dor mais profunda. Agarro com todas as forças a solidão inevitável. A imensidão abandonada. A vasta certeza que continuarei só.
    O que resta, no final, são os sonhos. Recorrentes. Incessantes. Suplicantes. Cansada, suspiro outra vez. Deixo a fumaça me envolver. Escapo das memórias. Mergulho na insana ideia do regresso. Caminho, verdade. Porém, sem sentido. Sem rumo.
    A amarga recordação do engano cometido e tão repetido assume o controle da mente. Refaço, inutilmente, a jornada mais uma vez. Não encontro respostas. As soluções esquivam-se. O desespero invade. A vontade insiste em voltar. A nostalgia recorrente deixa rastros atormentados. 
    Sublimes sensações desviam-se. O propósito é renegado. Agora sei, não restará, não haverá retorno. Remediações já foram tentadas. Não quero desistir, contudo é o outro lado que roga que isso ocorra. Soterrada em dúvidas que não se findam, respiro. E encontro, enfim a paz necessária.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Tempo

   Infinitamente esquecida. A neblina da saudade me cega. Não sei ao certo se estou no caminho certo. Tento correr contra o tempo. Amadurecer o quanto antes. A madrugada me envolve. A noite não se finda dentro de mim. Com o coração palpitante anseio que tudo mude.
   Busco um remédio inalcançável. Ainda há o medo que tudo se dissipe. Que todos os sentimentos sejam esquecidos. Que seja tarde de mais. O retorno pode nunca acontecer. A separação é a tortura mais inabalável de todas.
    Sozinha, mais uma vez, enxergo claramente os erros do passado. Imersa em um sofrimento inexplicável, tardo em aceitar o que me é oferecido. Sei o que preciso. O tempo não passa. Ele cura tudo, porém se perde em algum lugar. Não me alcança. Não ajuda.
    Luto para acalmar a ansiedade. Porém, ao olhar a lua que ali brilha tão intensamente, me perco em vontades. A sensatez é a maior inimiga. Suplico que esta chegue. Contudo, o pedido é em vão. O pedido jamais será ouvido.
    A música toca outra vez. Os olhares se cruzam. Mas, as correntes não são retiradas. Ali permanecem. Zombam de mim. Busco o ar novamente. Escondo incertezas. As lágrimas me abandonam. Renegada a viver do brilho do sorriso de outrora, espero que mais um amanhecer me ampare.

sábado, 20 de novembro de 2010

Outrora

   Sozinha mais uma vez. Escuto, de longe, os pássaros cantarem. Estou ainda mais cercada de incertezas. Entrei num mundo que pensei que me pertencesse. Agora preciso lutar. Tudo que restava me abandonou. Sinto-me enferma de todas as formas.
   Sufocada em angustias, em palavras não ditas, em beijos rejeitados. A dor consome cada parte do meu ser. A fraqueza se espalha. Busco ouvir aquela voz mais uma vez. Procuro me consolar nela. Porém, não há o que dizer. O silêncio toma conta. A volta nunca ocorrerá.
   Os gritos abafados na minha alma ecoam. Não há mais como guardá-los. Cada minuto, clamam pela liberdade. Preciosos minutos se esvaem.  Só. Inevitavelmente só. Desisto de procurar. Ainda espero o retorno. Contudo, a esperança dissipa-se. Mais uma vez, permaneço a esperar o impossível.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Espera

  O amanhecer surgiu novamente. Mais uma vez ele falha. Não existe mais amanhecer que me cure. As dúvidas cessaram tarde demais. Apagaram-se todas as incertezas. Aquele beijo precisava ter acontecido. Todas as lágrimas tinham que ser derramadas.
   Superar e esquecer. Não são as palavras. Talvez um recomeço fosse a melhor escolha. Mas, naqueles olhos que outrora brilhavam por mim, as chances foram todas renegadas. Preciso do tempo. Ele não colabora. Não passa. Nada muda.
    O desespero me persegue. Consumo cada gota de ilusão. Na noite mais escura de todas me perco em devaneios. Novamente, me fecho. Na verdade é o pior que poderia acontecer. Abandonar para não ser abandonada.
     Dessa vez, lutarei com todas as forças, com todas as armas. Viverei, mais uma vez, num mundo que me pertence, que só eu conheço. Esconderei todos sentimentos, guardarei todas as lembranças. Porém, voltarei atrás quando ouvir aquela voz outra vez. 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Perdida em Incertezas

  Quando não há mais o que fazer a não ser esperar, as lembranças retornam. Os olhares e gestos. Ao ler cada linha consigo escutar a voz que tanto inebria. Não sei ao certo se voltará. Anseio cada minuto pelo regresso. Tudo que preciso ouvir são aquelas doces palavras.
   O tempo. Ele passa lentamente. Consome cada segundo. Suspiro buscando o ar que não chega. Queria respostas, mas só as perguntas aparecem. Não entendo. Nunca compreendi. A solidão não é o melhor caminho. Não pode ser. Preciso que não seja. Não, sempre o não surge.
   O controle escapa. Sinto uma onda de anarquia que perturba. Se a saudade não me perseguisse tanto. Mas, eu já disse isso. Falei tudo. Ainda assim, queria ter dito mais. Chorar menos. Seguir o rumo certo. Me esconder menos.
   Como uma criança mimada, recorri ao pior. Agi da maneira errada, para ter uma atenção que poderia ser tão diferente. Tudo seria de outra maneira. Me enganei. Ocultei, camuflei até onde pude. Apelei, novamente, as mentiras. Porém, não as disse a ninguém. Somente a mim.
    A fumaça, a música, aquele beijo. Naquele momento me perdi. Jurei que nunca seria assim. Num passado não muito distante, prometi fielmente a mim que não me contaminaria. Contudo, como um veneno dilacerante, a paixão corre em minhas veias.
    Ainda que imatura, tenho certeza que a felicidade e a paz caminham juntas. E elas só podem ser alcançadas quando as queremos, de verdade. Tudo está em nossas mãos. Castelos de areia são muito frágeis, porém podem ser reconstruídos.
     Confusa nos meus próprios termos, paro tudo o que estou fazendo. Interrompo. Até que um dia, quando a certeza da verdadeira mudança se instalar e possa afrimar que tudo está bem. Quando eu, finalmente, possa tirar as correntes que ali estão fortemente envolvidas. Me entregarei, então, ao recomeço.
  

A perda

   Sem mais palavras. A noite responde tudo. O olhar é a nova sentença. A maior punição de todas já foi entregue. O vazio ainda existe. Ainda maior, cresce a cada instante. Não há nada mais doloroso que a indiferença. Porém, tudo pode estar errado. A dúvida consome.
   Se ao menos soubesse o que sente. As incertezas são como uma sombra. Sempre perseguem. Confusa, sozinha e cada dia mais amarga. Ao redor, todos se afastam. Talvez, eu as afaste. Ainda não compreendo o mundo que me cerca. 
   O amanhecer, sempre torna as coisas mais claras. Contudo, a lucidez chega tarde de mais. A maturidade não é facilmente conquistada. São gestos, palavras, ações que trazem a vitória. Os dias, o erros, as lembranças, gritam. Clamam pela mudança. Suplicam o retorno daquela voz.
    Sóbria como antes nunca estive, enxergo a mais pura e clara verdade. O tempo pode curar. Me curar. A esperança continua acesa. A salvação ainda chegará. Sentirei as mesmas vibrações. Essa é a última e derradeira chance de provar para mim o que sou e, enfim possuir o que mais desejo.

domingo, 14 de novembro de 2010

O Abandono

   As palavras me escapam. Não há uma explicação concreta. Admitir é o melhor. Sofrer agrada. Cada ação está marcada. É o próximo passo para a dor. Consciente ou não. No fim, não existem mais surpresas. O que escutarei não é novo.
   A solidão sempre me cerca. Nada muda. A velha história continua, só mudam os nomes e a situação. Contudo, não sei ainda ao certo o que é preciso para reverter o caos que há em minha alma. O vazio persiste. É constante.
    A realidade não aparece. A neblina das dúvidas contaminam. A amargura sempre retorna ao seu ponto de partida. As exigências crescem e delas não se aproveita nada. Está tudo inegavelmente apagado, perdido na mais sincera escuridão.
    A fumaça envolve os pensamentos atormentados. A respiração ofegante é o sinal do desespero. O abandono tomará seu posto novamente. Lutando para enxergar nas sombras das incertezas sou arrastada para a mais profunda melancolia.
    Não há retorno. Não tem mais perdão. Derrotei a mim mesma naquela madrugada. Agora, como de costume, sonharei com o passado, inventarei um futuro só meu. Porém, guardo bem escondido uma leve esperança. A salvação ainda pode me alcançar e com erros ou não, ser, finalmente, acolhida.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Transição

O que acontece quando o que você era no passado se apaga e uma nova personalidade não surge? A angustia domina cada pensamento. Não deveria ser assim. Mais uma vez volto naquela varanda que me inspira tanto. Olho ao redor e as respostas não chegam.
Os erros cometidos provam o quão perdida me encontro. A confusão de gestos e atitudes confirmam o martírio de uma descoberta e de uma transição infinita. A incerteza do final desta busca não termina. O ar falta e as perguntas voltam.
Os acontecimentos de outrora, ainda vivos, são a evidência do que posso ser. Se as lágrimas não tomassem conta de mim, se a dor da perda não me dominasse, se não procurasse tanto sentir tudo tão intensamente. Não há, contudo, uma maneira correta de descobrir.
 As novas sensações eliminam as antigas. Escondem e suprimem. Nem as canções permanecem. Afastam-se para que as outras venham. Porém, o problema está na lentidão dessa mudança. Há um mar de sensações. Quero me libertar. Não preciso de nada mais.
Cambaleando em direção ao futuro. Tento continuar. Supri expectativas. Superar medos e, no final, evitar a pior sentença de todas. Sim, a que mais temo. A solidão.

O Amanhecer

   Hoje, parece que o tempo não passou e a mesma dor é sentida. O vazio daquela figura que fazia os dias serem mais importantes e alegres retorna. Ao ouvir a música que outrora me ninou sou puxada de volta para a melancolia. A brusca certeza de que não ocorrerão momentos futuros e o que resta são lembranças, machucam ainda mais.
   Pensamentos inconformados me envolvem, tento não me deixar levar pelo que poderia ter sido, porém as possibilidades são infinitas. O passado sendo reconstruído ou futuro sendo intensamente vivido. Não importa. Porque a realidade bate na minha importa e mostra o que me aguarda. O abandono, a perda insuperável, o anoitecer eterno.
    A cantiga volta. Tudo ao redor gira. Me perco. A respiração falha. As lágrimas aprisionadas não mais aparecem. Talvez se conseguisse gritar a sensação ruim iria embora, mas o grito não surge. Acorrentada e condenada a reviver erros desabo não mais profunda solidão.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dúvidas

 
   Toda situação a minha volta pede para que tudo volte ao início e eu não queira mais, e que sinta as mesmas sensações. Mas, a diferença é que, neste momento, a história mudou, não há uma solução clara e concreta.
   Envolta há a névoa mais sufocante de todas, as lágrimas secam e as dores consomem. Os pedidos e cobranças rondam meu ser aprisionado em ideias e sentenças. Sozinha, procuro a presença tão necessária. Porém, não há resposta. As palavras são repetidas e as mesmas pessoas dizem as mesmas coisas.
    Não consigo ouvir, não quero escutar. Preciso encontrar e sentir tudo novamente. Contundo, não tenho em quem confiar. Sempre os interesses retornam. No final, o resultado é o mesmo. Permaneço solitária, buscando mais um segundo sem lamentos ou ressentimentos.
   O orgulho se apaga e me arrasto sem arrependimentos.

O Erro

   Tudo estava cada vez mais claro. Os sentimentos quase não perturbavam. As certezas me dominavam cada dia. Mas, um acontecimento pode mudar tudo. As sensações mais terríveis podem surgir. O que resta são lembranças de um erro que poderia ser ainda pior. Não sobraram lágrimas. Não existem mais palavras. Tudo desaparece.
   As sombras que se alastram em minha mente clamam pela torturante recordação. As forças se esvaem e a mesma pergunta volta a perturbar. Um ciclo inebriante e tortuoso me envolve. A saída escapa. Enfrentar não pode ser a melhor solução. Guardar tudo e deixar para trás seria mais fácil. Contudo, deitar, fechar os olhos e dormir é uma luta. Os suspiros angustiados alucinam a alma. Massacram o corpo cansado. Renegam a serenidade.
  Apesar de tudo, não há mais o que ser dito. O tempo precisa passar. A cura virá com os dias ou meses. Não importa quando será. Porém, há esperança que tudo se apague em mim.

domingo, 7 de novembro de 2010

Devaneios


Escrito  no dia  30/08/10

Acordada até tarde. Não deveria mais fazer isso. Preciso controlar meus instintos. Preciso beber menos, ser mais sensata. Na varanda, tudo parecia tão importante, todos aqueles sentimentos.
A situação se transforma quando os olhos se abrem e as verdades já foram ditas. Não há como voltar atrás. Tudo já está sentenciado. As escolhas precisavam ser feitas. Não há retorno. Não há remediação. Se aquele beijo não tivesse sido dado e as palavras não tivessem sido pronunciadas.
A verdade consome a alma, sempre. Fingir é mais fácil. As mentiras, quando ditas, salvam, purificam. Tudo é tão mais doce. Tudo é tão mais calmo. As mágoas ficam, mas a dor não permanece.
Tentar é inútil. Já não existe uma salvação concreta. Terei que enfrentar. Olhar nos olhos e dizer que tudo foi um sonho. Dizer que não tem sentimento algum, que a música não toca, que a noite se finda e o amanhecer toma conta de tudo.
A necessidade, a solidão e saudade tomaram conta de mim. A razão me abandonou, como todos que me deixam. Tudo termina até a minha razão. A minha serenidade, que eu tanto valorizava, se foi.
Fui contagiada pelo espírito da sinceridade. A verdade transcorreu. A frase tão temida foi dita. Não uma vez. Diversas vezes. Agora, disfarçar é tão complicado. Fugir se tornou difícil.
Por uns instantes precisava de tudo aquilo que tanto me enojava. Nunca fui tão eu mesma. Nunca me expus tanto, mas sei que tudo isso não vale a pena. É perda de tempo.
A decisão já está tomada. Não serei aprisionada. Liberdade é meu lema. O adeus será dito. Com muito cuidado e zelo. A promessa será quebrada e o tempo selará a renúncia e a partida não será sentida.

Primeiras Palavras

   Todas as vezes que escrevia um texto e mostrava para amigos, eles me perguntavam porque eu não tinha um blog. Eu respondia que  não fazia porque tinha receio de não escrever bem ou de me expor. Mas, no final das contas senti a necessidade de ter um blog. Não um sobre cinema, (porque já tenho um assim) onde comentasse sobre filmes, porém um que ficasse mais claro quem eu sou e talvez que mostrasse o que sinto.
   Por isso, hoje, começo a escrever aqui, neste espaço, esperando. Esperando dizer o que preciso dizer  e que valha a pena para mim e para quem leia.