terça-feira, 28 de agosto de 2012

Devaneios Conscientes

 O tempo gira em uma ampulheta feroz. Como se nunca fosse parar. E nunca cessa. Será sempre assim. Ciclo atrás de ciclo. E as lembranças que insistem em fisgar a mente. Sim. Pois aquela menina ainda ronda. Aquela bem parecida com a da Valsa. Seu coração em flamas deseja respirar os ares de uma liberdade que nunca veio.
 Chega sim, de leve. Contudo é como um relâmpago numa tempestade enfeitiçada. A lealdade ritmada de um beijo. A doce nuvem que dispara a pulsação da alma. A ventania que brinda por sua nova jornada. A alvorada púrpura que congela os movimentos. Os sentidos inexistentes de uma melodia infinita. E toca. E roda. E sente. E roda outra vez. Como numa roda gigante que jamais cessa.
 Sua face era pálida, seus dias cinzentos, seu medo calava o seu verdadeiro eu. Este que queria gritar. Era como uma volta sem fim de erros. Como um sopro singelo da sorte de ter o que possuía. Era a música singela. Era embriagado de luz. Era véspera de espera, nos mais revoltos mares de melancolia.
 O vento passou. Assim como a neblina. A saudade levou as horas incontáveis dos dias. Sussurros elevados em plena tarde que não adormecia. A tarefa completa de ser uma que foi para sempre. Grudada em sua pele. Eterna na memória. No balanço sentava e a viagem era completa. Agora, escárnio. E tudo que foi já era para ter sido. Quando a lágrima não veio, soube a razão da sua existência. Quando tentou regressar, já não era mais possível.
 Quando os pássaros cantam, cantam mais uma vez aquela música que somente no amanhecer viria. Aquela que era somente encanto. Poemas em prosa, jamais decifrados. Calor e calma dominam os dias. Os cálices passam transbordando loucura. E sempre soube a batida de sua aura. E nunca esquece o sorriso gritado. Talvez uma gargalhada. Uma porção delas. E sol brilhava em sua face rosada. 
 O céu exclamou que o destino estava traçado. Assim, então, seguiu seu caminho com outros versos. Ao ler, outra vez as dúvidas afastaram qualquer lucidez, substituída pela embriaguez. Depois viu a solução almejada. E somente assim, então, pôde respirar tranquilamente. Agora escuta a mesma versão, do paraíso encontrado no que resta de certeza em si. Pois nunca encontrará a resposta do enigma, de tão belo texto ou somente de um pretexto. E seu perfil passa entre as flores. Cegas. Intactas. Singelas. Puras. Rubras. Castas. Intocáveis. Inigualáveis. Insignificantes. Repressoras. Solitárias. Calmas. Inebriadas. Suspeitas.
 Todas. Uma. Somente. Candente. Sorridente. Complacente com os próprios delitos. Nem tão graves assim. Talvez. Ou não. Ou tudo. E nada. No espaço das letras. Na margem de um rio. No soar de um sino. Na madrugada infinita. Na simples sinfonia. No caos eterno das dúvidas. Porém, não escapa das gargalhadas de sua vida. Repleta de alegrias, de sons que jamais escapam. E das visões dos melhores encontros. De participar dos mais belos momentos. Apenas escreve sobre algo visto. E assim termina mais rima para sua melodia. Acaba, assim, mais um ciclo vivenciado.

domingo, 26 de agosto de 2012

Noite, dia, noite


 E seu perfume espalhava-se pela madrugada. Silêncio. A surpresa de um encontro doce. Novamente uma aventura. Aquela que congela ali. Entre retornos e desencontros. 

 O melhor beijo selado em sua alma ocorreu em outra vida. Aquele com gosto de coca-cola e fuga. Inesquecível. Depois, nenhum momento se comparou com aquele. Nunca mais.

  O tempo passa e a lua brilha outra vez. Somente neste novo amanhecer encontra. Uma nova sensação. A emoção de correr pelo mundo e deixar que as peles se toquem. Um horizonte resplandecente. Sua aura queimava o corpo. A vontade apagava qualquer certeza. Ali, correndo e correndo. Subindo e descendo. Com o coração em ritmo louco e a mente em descompasso. 

  Aconteceu outra vez. O momento. O perfeito beijo ocorreu. Outra vez viveu algo inexplicável. E o mundo se estilhaçava ao redor. E o caos de outra noite deixava incertezas, mas nada importava. Não tanto como sentir e viver cada parte desta história. Que se acaba. Sim. Não há ilusões ou falsas promessas. É o ideal para a sua natureza.

 Todos os raios de sol brilhavam em sua face. Translúcida. Verdadeira. Sem pudores ou meias palavras. A perfeição em pequenos gestos. Os olhos mareados de sinceridade. Sim. Suas lágrimas desciam e todas as palavras saíam cálidas. Saíam, porque confiava. E todos os mares jorravam por sua causa. Era tudo e nada. Era aquilo e nada mais. E, por isso, já não consegue querer reviver outra narração. 

  É impossível regressar para qualquer outro canto. Agora é hora de seguir rumo ao júbilo. A alegria de saber que a melhor escolha foi feita. Entre os caminhos que passavam as gargalhadas podiam ser ouvidas. 

E outra noite chegou. O momento de despertar. A realidade tocando seu ombro. Pedindo para que acordasse daquele transe. Acordou. Porém segue com um enorme sorriso no rosto. E sabe: é preciso caminhar. Até um novo dia. Até que escute uma nova melodia. Até que os pássaros entoem uma canção mais bela. Até.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Para mudar o rumo da prosa



 Surpresa sim. Ao escrever em seu mundo virtual entende que quase nunca escreve sobre as alegrias de sua estrada. Talvez sua inspiração esteja nos problemas ou em trazer o passado de volta. Porém, não foi ela quem pediu o retorno dos dourados fios reluzentes.
 A verdade é que precisa dizer. Com as palavras consegue tirar qualquer dor, ressentimento ou melancolia de dentro de si. Já o júbilo permanece no coração, de um jeito ou de outro. Agora, não mais lamenta. Talvez tenha passado a impressão errada. Não precisa regressar a nenhuma história mal vivida. Muito menos atrapalhar os passos de ninguém. Quer ser livre para voar.
 E voa. Sente o vento bater na face. Candente menina que cumpre sua promessa de viver, de se entregar e de nunca desistir de alcançar seus objetivos. Determinada. Sempre. O tempo passa um pouco mais e já compreende melhor os ensinamentos passados.
  Nestes dias, nestes meses, neste ano, tudo que encontrou foi um mundo repleto de aventuras. Seus trabalhos, seus amigos, suas escolhas. Tudo caminhou em uma direção nova. A emoção de descobrir quem se é. Verdadeiramente.
  E os últimos tempos têm sido de farras. Logo passam. Pois já voltou um pouco aos livros. São caminhos. Decisões. E a sensação de que segue o melhor rumo possível. Sem dores, prantos, angústias. Nem mesmo a solidão consegue tomá-la. Antes, sozinha, com as lágrimas no colo. Hoje, seu sorriso é largo e apenas neste espaço conflitos são relatados. 
 Foi para entender somente até qual lugar foi e chegou. E deixa o tempo passar. Deixa as cores preencherem os seus dias. Afasta-se de possibilidades irreais. Possibilidades, logo mais de uma. Tola. Gargalha. E o luar, seu cúmplice, a acolhe em seus braços. As músicas se renovam. As outras três melodias são guardadas e segue. Sempre. Caminha. Em direção as grandes doses de emoção. Até o último gole. Sorve a inspiração. Até o último gole. Para que enfim possa dizer que foi, é e será muito feliz.

Mercy


 Seriam apenas palavras? Seriam. Talvez não. Talvez acreditasse em cada palavra. Em cada missiva. Em cada poesia. A outra olhava em seus olhos todo o tempo. Depois veio uma noite cheia de delitos e confusões. Jovens, pensou. Jovens. Todos ébrios. Todos tão cheios de motivos. Um coração que disparava cada vez que via aqueles passos já conhecidos em um outrora distante. Em uma canção escutada num amanhecer tardio.
 Todos, príncipes e princesas. Todos. Ao abrir os olhos lembrava cada vez mais daquela madrugada. Agora seu corpo tremia ao pensar no ocorrido. Sorte de quem esqueceu. Sorte mesmo. Para os que lembram restam apenas dúvidas. Do que foi dito, do que foi feito. Alguns culpados, alguns certos e outros se questionam na sua escrita qual foi mesmo o caminho que seguiu.
 Não precisava ser assim. Não se trata de um jogo, não se trata de desarmonia, muito menos de um sonho transformado em pesadelo. 
 Foi assim. Exatamente assim. Um ciclo. Um quarteto confuso. Uma sinfonia de delitos. Um segredo. Uma verdade. Várias verdades. Condensadas. Misturadas em veneno. E um exagero sem fim. De promessas. De juras. De ações. De desnecessárias canções. 
 Emudece esta melodia. Deixa que seu erro consuma seus dias. Deixará porque sempre foi assim. Aquela que espera o tempo passar e curar as mazelas da vida. Mas, não queria que fosse assim. Não mesmo. Era para ser festa e júbilo. Era. Então, um nobre cavaleiro joga-se na calçada. Então, palavras são jogadas ao vento. E insiste. Insiste em si delatar. 
 Depois amanheceu e lembrou-se de outra narrativa. Sim. A única que poderia salvá-la de qualquer conflito. Foi ali, naquele exato momento, que soube o óbvio. Não há porque se derramar por escritas e frases belas. Não mesmo. Existe aquela que provou seu valor com sua sincera face. Ainda que a denúncia tenha sido feita horas depois. Perde um pouco da confiança, mas não abala a afeição.
 Mergulha, então. Num poço de danações. Se ao menos fosse ficção, tudo acabaria bem no final das contas. Porém, não é. Nem nunca será. E em que lugar está a resposta? Em que lugar existe a flor verdadeira? Não neste lamaçal que afoga sua estrada. 
 Suspira. Procura respirar. Encontra a melhor solução. Espera o tempo curar. Somente este traz todas as respostas possíveis. E não será uma noite que condenará sua alma. O pranto não veio. Aliás, nem precisava chegar. Ele já secou quando o coração gelou. E não há mais nada que possa fazer a não ser viver. Mais suspiros e lembra que há sim uma saída no fim deste imenso túnel. Agarra a solução e deixa que ardam enquanto sorri. E sim, deixa as portas abertas para quem quiser voltar.
 Está falando de todos. Estes que foram embora um dia. Que foram embora ontem também. Podem voltar quando quiserem.

 E essa é somente uma parte da história...

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Felicidade


 Há um paraíso onde a escrita se deita sobre um coração candente. Há sim um lugar para visitar. Depois de fugir de um horizonte flamejante. Depois de conquistar a liberdade. De uma emoção. De sensações. De sentimentos. 

 E existiu uma missiva jamais entregue. Os corvos sagrados a devorariam com gargalhadas cruéis. Sim. Sabe. De tudo. E um pouco mais. Um pouco mais de versos sublimes. E a narrativa continua. Não se quebra. É como uma mágica jogada em sua ventania. Mergulhada num caldeirão de palavras. Sim. E não. A vontade era gritar a verdade.

 Não. A verdade era olhar nos olhos e dizer tudo de uma vez. A madrugada sela pactos eternos. E não adianta mais dizer que os sinos não tocaram assim. Não. E se enche de não para dizer um último sim. Talvez em outra vida. Quando forem gatos. Quando se encontrarem no momento certo. 

 Porque era. Foi. E não mais. Sim, nunca mais será. Em seu coração, em algum lugar, todas as respostas brilham. Cristalinas sorriem. Porque os olhos não querem enxergar. Mas alma sempre entende. Todas as tempestades foram reais. Ainda reclama, pois não consegue esconder a verdade. Essa é sua. E façam. E usem. E voltem para nunca mais. Para o nunca que jamais virá. 

 Somente o príncipe, a fumaça e o vento compreendem. É mais fácil. Jogar a culpa na ventania. Sua pele já foi condenada a lamentar. Sorri tolamente. Agora eliminou qualquer certeza. Agora vive como aprendeu. Agora sabe seguir e trilhar novas etapas. Agora sabe viver sem aflições corriqueiras. Não atende um pedido qualquer. Senti-se livre. Para voar.

 Honra. Vontade. Desejo. Concupiscência. Todas. Juntas. Num mar revolto sem ilusões. É. É verdade. Se as unir explodirão de júbilo. Sua máscara já caiu faz tempo. Sua língua já secou todo o veneno de amargura que restava em seu sangue. As voltas celestiais do mundo devolvem a relutância em ver o óbvio. Cresceu. A menina da janela rompeu todas as grandes e flutuou. Invadiu. Pintou. Tomou. E quase alcançou. Uma chave trancafiada em algum lugar. Nunca encontrou.

 Foi o melhor e o pior. Trouxe sim. Por que não? E em uma semana precisou confrontar todas as melodias que escutou. Sim. As canções tocaram outra vez. E não acreditou. Em seu diário digital escreveu sobre cada história. As narrativas divinas. Alguns fracassos. Ainda assim, alegrias. É. Porque viu e soube.

 Pensou? Não pensou. Nem tão pouco premeditou reencontros. Mas o destino traz de volta. Lancinante. Translúcido. E jogou outra vez para fora. As palavras. Disse quase tudo para todas as músicas. Guardou apenas uma. 

 Em seu coração e  na alma sente. Sente que segue pela estrada certa. O rumo da prosa se desvia. É. Sempre assim. Na verdade, queria uma única resposta. Se a tivesse teria dito. Todas as metáforas perderiam o sentido. E a missiva guardada precisa ser queimada. É um laço que decora o pescoço. Perto para ser apertado. É um nó na garganta. 

 E se ao menos enfrentasse. Se ao menos olhasse. Aberta. Sempre. Para todo sempre. E se realmente quiser perguntar, pergunte. Venha. E diga. Venha. E pergunte. Venha e fale tudo. De uma vez só. E a lança se partirá. Se a outra dos fios reluzentes fosse menos arredia. Se aquela do olhar quase esmeralda a calasse com um beijo. Se a fada não errasse tanto num outrora perdido. Se o gosto da falsa princesa fosse sentido. Se ao menos fosse. Se tudo existe. 

 E nada. Será. Nunca. Pois tudo que o destino lhe oferece não se coloca para o outro lado. O de fora. Sim, o de dentro. Esse que fica próximo e habita sua realidade. E não era nada disso que precisava dizer. Talvez. Não mais entende a razão de se denunciar. Mas é preciso expurgar em algum lugar. As confusões. E como seu amigo leãozinho diria. Cada dia uma lamentação ou feliz constatação sobre um novo amor. 

 A verdade é essa. E a felicidade está nisto. Sim, está. Sim, é. E sempre será. A fada que emana luz. Cumpre promessas. Sela pactos. Recita poemas para amores. Entrega flores. Escreve missivas. Canta. Corre num dia de chuva e engarrafado, somente para conversar e olhar nos olhos. Que diz tudo o que pensa. Ainda que depois riam. Dela. Ainda que todos a empurrem para um precipício sem volta. Pode apenas dizer que já pôde entender. Depois de ler. E só assim defender. Tudo aquilo que um dia chamou de seu. Por isso a letra persegue tanto. Porque pertence ou pertenceu. 

 Sem fim. Reluzente ou não. Às vezes doce ou infinitamente enobrecida de luz. Sua cálida lua branca, sua flor. Suas doçuras. Os momentos. E agora quer quebrar os encantos para trilhar rumos maiores. Passos.  Mais passos. E crescerá ainda mais.

sábado, 18 de agosto de 2012

Requer esquecimento

 A estrada era tortuosa e incerta. Numa noite fria apareceu o inesperado. Sentiu outra vez o adocicado perfume da luz que já se apagou em seu coração. Tentou regressar, mas não. As chamas do passado ficam somente guardadas. Mergulhada em uma aurora de fantasmas afasta qualquer outro pensamento.
 O novo sempre vem. Galopa então em direção ao futuro. Com um sorriso no rosto.
  O coração disparava. Era muito para ser vivido em poucos segundos. O tempo passa. As horas correm. Deseja. Envolve-se. Corre. E o destino sela marcas inapagáveis. O doce sabor de um néctar provado. O beijo escondido.
 A madrugada trouxe aventuras antes inexploradas. Ainda que não aprove o rumo destes versos, deixou que a vida acalentasse suas expectativas. Já as esqueceu. Afinal, sem esperar, uma luz dourada reluziu na escuridão ébria e cinzenta.
 Não importa o fim desta história. Somente o reencontro. O amanhecer sublime. Sempre esperou por este amanhecer. Flor sim. Que não se desmancha. Contudo, se desapega de certas narrativas irrelevantes. Seus passos iluminados deixaram rastros de júbilo e a imensidão de sensações. Recordações. Fecha-se mais um ciclo. A hora em que o outrora adormece. Os pássaros se calam. E lembra-se da cor infinita de seus olhos.
 Sempre restam as memórias. Essas são preciosas sim. Sabe bem o caminho que escolheu viver. Sabe muito bem de seus erros e pecados. Enxerga um novo horizonte repleto de falhas e acertos. 
 Um caminho duplo. Sem mágoas, porém. Uma jornada limpa. Cristalina. Rubra de intensidade. Vermelha é a sua cor. O vento é o seu dono. Apenas. Isto. Sem hedonismos. Sem flamas candentes que se desvanecem. Com um beijo. E tantos outros em seu coração. Que pulsa. Firme. Forte. Sem lanças ou golpes. Sem chagas ou desilusões. Uma aura coberta pela fumaça. Um sopro. A ventania. Os espasmos sinceros de uma pele cálida. Um gesto. As manhãs cobertas de esperança. Os raios de sol que queimam a face pálida. Um suspiro. Respira.
 O que foi já acabou e não era mais para ser. O presente faz o corpo estremecer. Pela mesma razão. A mesma que sempre guiou sua natureza. Objeto. Desesperado desejo. Arde e não é aquilo que vejo. Missivas. Paixão. Tola. Queima o papel rasgado em sua mente. Imagina. Reluta. Esquece. É preciso sim esquecer um sorriso que arrebata assim um gélido ser. Difícil sim. Porém acredita na nova história que se inicia agora. E que venha o tempo. Banhar a imensidão desses mares. Corroer as seletas angústias deixadas de lado. Corre menina que a vida é um só.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Tolices...



 Quando o mundo parar, sua voz será ouvida. Quando sua angústia secar, os seus últimos suspiros serão escutados. Fadada. Ao eterno destino da indecisão. Do desatino. Da confusão de sentimentos. Quando corre é para encontrar emoções puras. Porém, elas se misturam e a razão escapa.

 Queria mesmo era mergulhar em veneno etílico. Corroer corpo e mente. Até que a agitação da vida cotidiana consuma seus pensamentos. Quando voltará? Quando sentirá sua alma ferver com um único olhar? As perguntas. Eternas. E rabisca um pouco mais seus rascunhos. Procurando uma exata cura para uma melancolia. Infinita. Porque não sabe escolher. O que dizer. 


 Seus próximos passos direcionam seus pés para o precipício. Nunca pulou. Chegou bem perto de pular. Seu ritmado coração borbulha de vontades. Se pudesse diria tudo. Que engasga. Se pudesse faria tudo. Corromperia qualquer indecisão. E queimaria o vento com sua lança enlouquecida. Talvez a sanidade não seja benção sua. Talvez.


 Quando os pássaros cantam o gosto retorna. Quando os anjos sussurram suas melodias, a doçura invade a alma e se cura. Ao mesmo tempo, alimenta sua sina. Porque é. Sim. Uma sina eterna e lamuriosa. De jamais estar satisfeita. Seu mapa a condenou a seguir sem bússolas. O tédio. Um silêncio. Um olhar e tudo muda. Uma palavra pode reluzir. Um beijo. Um toque. Um gesto. Tudo pode mudar em alguns segundos. Sem firmeza. Sem propósitos. Sem saber o rumo. Isso. Quer mergulhar no incerto. Por isso escolheu os piores momentos para andar por trilhas perigosas.


 O destino brinca com sua realidade. Impalpável. Implacável. Intragável. Cruel. Afinal, preferia não encontrar nada. Muito pior é voar por céus já habitados. Ou tentar caçar uma criatura que nunca fica em seu lugar. Sempre viaja para um próximo lugar. Por isso tão bela. 


 Suspiros invadidos de tortura. Porque olhará para outros lábios deliciosos. Porque selará mais juras. Porque a próxima esquina possui uma tentação ainda pior. Ainda mais impossível. E o motivo. O infeliz motivo de ser quem é. Seu pecado nasceu consigo. E somente lamenta a falta de normalidade na sua respiração. Infeliz ou não. Seu sorriso vem. A praga de amar. É só mais uma. Pois quem vive está destinado a sofrer. Está destinado a sorrir. E cumprir sim todas as marcas impostas pelo tempo. 


 Deus infeliz este tempo. Que manda apenas esperar. Mil abismos. Ou uma fase. Que passa. E a inspiração vem unicamente delas. Dos profanos prantos que transbordam da pele. Soletra mais uma vez nomes. Esquece. Portas precisam ser fechadas. Contudo, a confusão de sua mente impede o trancamento de histórias finalizadas. Pôr um fim. Um ponto. Final. Restante. Rubro ou cinzento. Doce ou amargo. Não interessa. Já chegou a hora de parar de acreditar.


 Chegou uma nova alvorada. Repete para torná-la real. Chegou sim. É chegado o momento de se rasgar por dentro e criar uma nova face.

domingo, 12 de agosto de 2012

Lies over the ocean

 Quer se calar. Sim, de verdade. Deseja emudecer a alma e jamais soluçar outra vez. Não revela tudo isto apenas pelo dia que se instala ou pelo assunto que insiste em voltar. Não, são por tantas razões. Porém, já não quer mais pensar e sim apagar. Esquecer. Precisa lutar contra a vontade sufocante de gritar e soluçar até não mais aguentar.

 Necessita deixar tudo passar, pois o amanhecer quebra a dor, para que então possa voltar a chorar por amores impossíveis ou subir nos palcos para fingir ser outra. É tudo tão óbvio em sua escrita. Enquanto deixa morrer qualquer arrependimento, se cala e confessa perante ao vento. A água banha seu caminho. Assim como a luz de qualquer raio que lampeje em seu coração errôneo. Pérfido. Petrificado de lamúrias. Ainda quer emergir para a vida. Ainda quer cantar, sussurrar e correr. Encontrar-se. Mas a saudade puxa forte quando a ventania sopra. Toda a vermelhidão de sua aura rubra dispara pelo ar. Este que é puro, cristalino e docemente respirado.

 Depois a espada finca a razão e suas memórias cobram, puxam e incendeiam. Se ao menos pudesse mudar. Transformar o seu caminho, suas escolhas condenadas no passado. E o ombro de uma nova amiga traz a esperança de se redimir, não mais se culpar. Porque o sofrimento somente veio, pois deixou que as correntes da torre se quebrassem muito tarde.

 Agora queria que a lágrima viesse e inundasse sua existência. Agora queria arder até que a dor não mais a consumisse. Agora. Porque o passado já foi. E quem se foi nunca volta. E a deusa disse isto muito antes, tentou fazê-la entender e não esquece. Porque o que fazemos com os segundos contarão sim no final. E deixa contaminar-se com a festa que ele desejaria que fizesse. Porque o dia que vive agora é o de sua inesquecível canção. 

Vai sim seguir seus passos. Vai sim tentar alcançá-lo de alguma forma. Vai sussurrar a música que embalava seu sono. E jamais se perdoará por deixar a flores sufocarem sua face. E depois? Vai embora. O sofrimento. Já não suporta mais as quartas singelas. Precisa do seu vermelho de volta. Precisa perdi perdão. Precisa que o branco das suas roupas não se cubra de sangue. Quer curar sua cabeça em chamas.

 Voltar. Regressar. Soprar. Para todos os cantos gritar. Exclamar bem alto que seu abandono e suas palavras não ditas tornaram-se culpa. Sim. Condenada. Pois não há nada mais a fazer. Só lamentos, culpa e a danação de ser quem é. De carregar em seu sangue as palavras. 

E que venha a canção. Pois vai chorar. Pois vai chorar até que do seu lado esteja. Ainda que demore. Ainda que machuque. Ainda que a estrada seja longa. Ainda que já não esteja mais em seu trono reluzente de vontades. Ainda que a voz daqueles outros seres, um dia tão próximos, nunca mais seja ouvida. Somente quer realizar o que pediu. Quer cumprir. E tudo se torna vazio quando não mais se respira. Gélido. Oco. Coberto de flores que sufocavam sua respiração. Enquanto a terra cobria sua cama de madeira. Enquanto jazia embaixo da terra que pediu para não ficar.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Cherry


 Perdida em delitos e repetições. Para além das canções vive em outros horizontes. Onde a escrita tem fim. Onde os pássaros sempre cantam e a infinita descoberta do mundo encanta em mínimos detalhes. Suga todo o conhecimento. Passa por sua face e imagina. Seleciona. Cresce.
 Pelo caminho selou fortes amizades. Regressou ao passado. Sentiu. Dores, perdas, alegrias, alívio. Entre as narrações vividas encontra a doce fumaça. Fiel escudeira com que divide as madrugadas. Com quem viaja por lembranças. E sua melodia também é fina. Pura e doce. Ou amarga e feroz. Perpassa por emoções translúcidas.
 Sim. Menina. Da valsa. Das casas. Dos mundos habitados. Do irreal. Do surreal. Das paisagens infinitas. Hedonista. Obstinada. E acima de tudo, adoradora da ventania. Que elimina mágoas. Eleva sua alma. Santifica seus passos.
 Talvez contar histórias seja mais fácil. Porém encarar o verdadeiro amanhecer de novas imaginações dificulta a escrita. E gasta toda sua força para explicar o inexplicável. Sua singela vontade aumenta num instante e tudo muda. E já viveu em paraísos inacabados de pranto e de sorrisos. Sua força vem da pele. Da mente.
 Aprendeu sim. Pois ensinaram que não havia outra estrada. Contudo, com uma grande ajuda, escapou. As grades se partiram em mil. O coração palpitava. Entre risos e soluços. Entre um maremoto de preocupações e resoluções. 
 Depois o encontro perfeito e ideal. De um amor jovial. Correu riscos. Gritou. Errou. Perigosas escolhas. Outras nem tanto. Assim deixou passar qualquer ilusão. E a fronte arde ao sentir qualquer arrependimento. Porque não há nada melhor do que aceitar uma escolha. E seguir.
 E seguiu. E viveu. E mudou. Não há como negar. Ainda que menina. Não mais na janela. Sem varanda. Sem correntes. Sem meias palavras. Sem rimas. E o último verso abençoado de sua música veio doce. No momento são dois pontos. Desequilibrados. Opostos. A quebra. O caos. Para a salvação. Então, o tempo passa e encontra a doçura. Essa, por mais incrível que pareça, mudou qualquer perspectiva conhecida.
 Sim. Agora. Pode seguir para novos abismos ou para o topo da mais bela montanha. Porque sim. Não mais enxerga por um prisma unicamente. Existem doces finais. Existem novas aventuras. E a sede é para isso. Para as aventuras que correm em seus profundos olhos que queimam de vontade. De desejos. Onde a concupiscência flameja no corpo e na aura. E que venham. Novos. Novas lembranças. Novas narrativas. Pois sua cor é real. Pois sua chama é sentida e espalha-se. Por todo o oceano. Entre todas as neblinas. Na bruma que escorre por seu ventre. Porque é fogo que não se apaga. Porque é sim intensa. Candente. Assim como os fios rubros que imprimiu em si para que combinasse com o resto de sua alma. Sim. Será. Sempre. Cálida lua branca.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Quase e sempre...


 Por fim a narração chega perto do precipício. Empurrada. Cada vez mais embalada por canções reluzentes. Ainda que sublimada, não alcançada ou mesmo que tenha se apagado na noite mais escura de todas. Relata, pois foi uma. Única. 
 Sua melodia foi pura. Singela. Meiga. Sim. Foi seu olhar que fez o coração disparar e sua voz alongar qualquer sensação. Gritou para o vento que seguia em errôneos caminhos. Mas seguiu. Porque sua doçura sem fim salvou o que era apenas amargura em sua pele. 
 A racionalidade de uma verdade. De uma palavra. De escritas que poderiam ser eternamente suas. Despertou sentenças que jamais vieram antes. Doces. Foram completamente doces. Cobriu de rosas o caminho para que passasse. Inebriou-se do sorriso angelical. Mergulhou em fantasia.
 Respirou. Olhou outra vez. Apenas um laço restou. O da sincera amizade que ali fincou a espada. Ainda mais forte do que qualquer disparo da alma. E não mentiu. Os lados a puxavam. Não sabia em que direção seguir. Quase esmeralda. E só de pensar... emudece. 
 Trilhar um puro caminhar. Sem tempestades. Sem meias verdades. Sem sacrificar qualquer júbilo que possa vir. Sim. Sua velocidade em cortar as emoções. Surpresa. Soube guardar as sensações no poço mais fundo. Pois era só ilusão. Porque amanheceu e sentiu a brisa salgada lhe contar que aquilo era apenas sonho. Um dia. Uma noite. Uma fuga. Talvez.
 Fim. Para uma parte. Eterna. Para o outro lado. E assim entende. E assim percebe. Sempre foi clara. Cristalinamente. 
 Por isso, acredita. Por isso, não sente dor. Por isso, deixa que vá. Uma memória. Ou melhor, várias. Que se escondem no passado. E o futuro virá. Foi o melhor. Foi a maior canção. Unicamente por ser. Por dizer. E não doer. Não por ela ser preenchida dos maiores ritmos. Mas, por brilhar dentro das trevas da quase madrugada. Quase. Quase lá. E um dia chegará.

Rubra dor



Sim. Relata mais uma. História. Porém, somente narra as que importam. Porque sabe a verdade. Não pode se escapar de um sorriso que brilha entre tantos outros. E uma metáfora pode ser ainda mais forte que uma canção. Pois esta música jamais tocou. Foi um mero devaneio.

  Foi por mera ilusão que quis entregar-se a um tolo sentimento. Olhou e viu em sua força uma conexão. Talvez jamais explicável. E não existe questão a ser respondida. Apenas conclusões e relações interrompidas. E esta narrativa poderia ser para outra melodia, porém prendeu-se a esta que não permitia espaço ou aproximação.

 Ainda que um abismo separasse um mundo de emoções. Ainda que difícil. Conseguiu. E aquela força se quebrou. Um encanto chegou. E só. Foi até o momento em que poderia aguentar. O mundo já sabia. Talvez até os rubros seres que pulsavam em sua alma sabiam. E correu infinitamente para não gritar para o mundo que ali a espada cravou a mais doce e venenosa paixão.

 Jamais alcançável. Até amarga. E cumpriram todas as marcas exigidas. E choraram da mesma mágoa de estar presente quando todos os outros seres desapareciam na neblina. E o valor de qualquer sentimento é mais real do que qualquer batida que seu coração insensato trouxesse.

 Respira. E o último veneno se acaba. Mais ainda tem mais. Estar sempre por vir. E teme o retorno. Por isso, aproveita enquanto pode suspirar por outros fios, outros caminhos. E aponta para um novo rumo. Outras direções. Pois ainda está longe. Muito longe. Ainda. Tão distante.

Não seja aquilo...

 Certo. Suas escolhas não foram as melhores. Não neste sentido. Não adianta. Os seus companheiros de jornada insistem em caçoar e criar novas rimas para velhas canções. E não mais se importa. Pois, se decidiu ir para o rumo errôneo, bizarro ou talvez insuficiente, como muitos gostam de afirmar, foi tão somente por escolha.

 Cansa de repetir. Porém, de alguma forma precisa relatar um pouco mais. No seu papel digital. Em seu mundo desigual. Ou perfeitamente surreal. Porque enquanto riem, viveu belas histórias. E ri de algumas também.

 Não tem problema algum em seus longos passos, mas chora. Não sabe ao certo porque ainda procura o último verso de sua narração. De suas juvenis aventuras. 

 A maior questão para a menina é solucionar onde errou. Por isso regressa lentamente ao passado. Em cada um deles. Detalhadamente revisita o outrora escapado. A anterior viagem trouxe respostas. Contudo esta, que agora relembra, parece turva, sem detalhes e sem espaços maiores para falhas.

  Os fios reluziram e viu o sorriso mais belo encontrado. Sua fronte era quase translúcida. Seu perfume quase de fada. Uniram-se em palavras. Em escritas sussurradas. Em promessas sublimes. E foi sua porque pediu e assim a chamava.

 Aguardavam o encontro. Este selaria uma vontade ainda maior que a da descoberta. E se olharam. Seu coração parou por instantes. Emudeceu. Mas, a outra de luz inigualável alertou. Elas sempre alertam. Preferiu ignorar o julgamento próprio da outra que se chamava de monstro.

 O tempo passou. Desvaneceu na velocidade em que apareceu. E regressou. Sim. Estranhamente reviu a sepultura ardente de seu sorriso. E as respirações palpitavam no mesmo ritmo. Era uma canção zonza que saltitava no luar. Ainda assim continuou. Este louco ciclo de respostas mal recebidas. De conclusões não bem entendidas.

 Na verdade ainda não compreende. O que ocorreu. Em ambos os lados existem razões irreconhecíveis, jamais encontradas de fato. É confuso. É tortuoso. A reposta escorre na sua mente. Exagerou. Talvez. Ou não. Ou sua pele confusa fez o mar de trevas se espalhar e nem percebeu. 

 Infinitamente enobrecida de luz, recorda. A luz se apaga e a vida segue. A voz se cala e o mundo desaparece. Foi meramente um sonho, repete. Repete até que não mais possa. Aquela que um dia foi flor. E sim, desabrochou. E foi até um clichê, mas gostou. E não. Não acredita no que os companheiros gritam em seus ouvidos. Ignora. É. Mais uma vez ignora. Emudece. Sim, outra vez emudece. Porém, agora para o novo futuro que virá. Cheio de novas luzes. Repleto de novas dimensões. Outros hábitos, outras canções. Porque esta é somente uma e repete-se. Eternamente. Enquanto sua lua se despede.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Depois do primeiro


 Não se engane tola menina. As palavras foram ditas e este amanhecer já se apagou num passado muito distante. Porém precisava revisitar. E o medo que a próxima palavra engane. E o medo de encarar a realidade que está estampada em sua frente. O mundo mudou e sua vida também. E conseguiu realizar a façanha de arrastá-la novamente.
 Foi duramente difícil o crescimento. Quase forçado. Entender metáforas. E antes não compreendia. Agora a sede de abandonar qualquer outra narração seca suas palavras. Ou não. Aumenta a escrita que parece não ter fim. Pois não consegue dizer tudo. Porque não encerrou completamente a história. Porque suas verdades são espalhadas para o mundo. E o príncipe canta. Ele insiste que sua ferida se abra e quebre qualquer melodia honesta.
 E seus olhos brilhavam na noite mais escura de todas. Foram trevas que invadiram seu coração. Mas a verdade. A verdade mais cruel de todas. Não sofre. Em momento algum sofreu nesta nova caminhada. Porque viveu. E viveu muito. Rodeada de flores. Sorrisos. Alegrou-se com as novas descobertas. Com as novas sensações. Com o perceber de uma nova alvorada. E saber que pode ser tão intensa e amar. Amar tanto. E foram intensas, breves, longas jornadas. Algumas relutantes em sarar, outras não. 
 Vibra ao saber que as memórias ensinaram. E agora sabe mais. Ainda que saiba tão pouco. Porque aprende em cada amanhecer que as palavras precisam ser ditas. E se fez em algum momento um erro mortal que perdoe seus tolos sentimentos. Suas tolas razões. E fala para todas. Para todas as canções. Ainda que sejam músicas melancólicas ou com finais infelizes. Todas são canções. E não se arrepende de qualquer beijo dado. De qualquer pacto selado. De qualquer chama que pulsa candente. Pois é sim hedonista, obstinada, fiel, sentimental, impulsiva. Sempre dirá tudo. Então, quando olhar outra vez para qualquer olhar imenso que precise será sempre verdadeira. E dirá tudo. Nunca poderá desmanchar o véu que criou. Os céus que alcançou. Os abismos que se jogou. 
 Sorri. Levemente sorri. E tranca o outrora perdido em brutas flamas. E repete que ali não há mais nada. Secou. Abrandou. Apagou. Guardou e escutou os últimos sinos que tocaram e não foram por ti. Não foram. Juro que não. Foram pelos fios dourados. Foram para a falsa princesa. Foram para aquela de cor rubra e, por fim, para os olhos quase esmeralda.
 Tranca. Acorrenta-se. E vai, livre, viver e respirar o ar mais puro de todos. O da sua fiel fumaça que sopra novos tempos. Por que o hoje? O hoje é novo e o novo sempre virá.

Rock, roll and me


 Uma página em branco. Outras vozes e o amanhecer virá. Coberto de certeza. Ou talvez arrependimentos. Agora queria apagar alguns momentos. Sua boca expurga verdade. Seu coração sufocado grita o que quer. Depois desiste. Depois reencontra. Depois.
 Para jamais ser e sentir. Para não saber e relutar. Porque entendeu que a dificuldade é para se saborear. E sorriu. Porque entende que são mais devaneios ébrios. Ou não. Mas passa. E passem todas. Porque já é hora de crescer. E o amanhã promete. 
 Seria a melancolia que cobriria seus véus. Porém, escolheu a alegria. O júbilo de recusar qualquer sofrimento. Sentimento. E sorriu porque leu palavras. Porque a escrita prende. Sua felicidade está nela. Nas palavras bem ditas. Bem declamadas. E a doçura não veio coberta disso. Por isso, ainda há tempo de fugir. De fingir. E respirou suavemente quando a frase eternamente escutada foi dita. 
 Alívio. Dor. Mistura de todas as sinceras relutâncias. E a exigência da verdade é somente sua. Gargalha. Porque viu. E agora... o paraíso da ilusão. O caminhar. O saber. Cresce menina. A varada está vazia. E todos os pássaros já entoaram todas as canções. Acorrentada na varada. Gargalha. Porque virá. Porque espera. E sempre compreendeu que a espera é sua. Sina. Eterna. E o encontro é um só. Adeus. Adeus pranto. Adeus. Até o próximo. E agora se encontrou. 
 Chegou a hora de esquecer ensinamentos. E seguir fielmente cada contexto dilacerado. Foi para a o falso sorriso que foi criada. O destino e a sina de cada um adormece na bruma da madrugada. E desperta para repetir que sonhar já não é mais possível.
 Por isso as letras foram trocadas. Já não mais permitirá o enlace. Ou qualquer outra carne que pulse fervente em sua mente. Porque mente ao dizer que não se entregará. Mas saberá seguir. Com seu mapa. Com sua estrada. E se vier... e se vierem....amarga. Será. E não adianta pensar que em seus lábios tocou e por isso amou cada gesto exibido. Acabe-se. Acabaram. Gota por gota. Calar-se por calar. Eternamente. E veste o sorriso mais sincero de todos.

domingo, 5 de agosto de 2012

Para se entregar

 Jurou pelo cálice sagrado amistoso. E piora porque sabe. Piora porque viu. Em olhos cravados de desilusão as confusões de arrancar do peito uma paixão. Qualquer que seja ela. E já grita para o mundo. E clama para que venham todos os trabalhos. Quer se apegar. A estes. Porque estes sim salvam, purificam, dignificam. Enquanto se joga em abismos eternos de dor.
 Porque a dor é a única companheira fiel. A solidão não é mais pura como no outrora perdido em flamas. Suas chamas candentes ascenderam a luz da sua alma de fada.  No caminho viu todos os seres bestiais, celestiais, neutros. Ainda assim. Com a luminosidade fraca, arrasta-se para uma nova tortura.
 O exagero compensa. Pois quando fecha os olhos a escuridão responde que jamais amou. Ou será que todas as juras silenciosas enganaram sua pálida face? Agora coberta em rubras mechas. Sem fim, retorno ou reparação. Apenas um nome jogado ao vento. E sabe que o olhar prende. E se prendeu aos olhares das deusas, ninfas, falsas princesas. E já sabe que o punhal finca na pele a mácula da despedida. 
 Sempre o adeus. Marcado e santificado. A complicação salva seu caminho. A canção é doce e distante. E o esmeralda dos seus olhos solucionaram as rimas para o último verso. Preenchido de verdade. A doçura escondida em força. A melancolia da outra. As palavras. Queimam. Ardem em seu peito. Rasgam princípios e sinceras sílabas de carinho.
  Não foi sempre assim. Ou foi? Sim, sempre. Coberta de enganos. De erros sepultados. Para que não venham flores. Aponta.  E segue rumo ao poço infinito. Escolhe. Escolheu e nunca negará. Os arrependimentos tardios afirmam e confirmam a relutância em voltar. E o passado chama. Pulsa. Para relembrar basta cerrar os olhos. Basta tocar em um beijo perdido dentro de uma noite coberta de neblinas. As chagas. Que viriam. E vieram. Não importam. Basta pouco para pular. Então, pule. Então, diga. Nunca esconda o que quer. Aprendeu.
 A princesa de fios dourados. Esta sim. Esta sabia usar as palavras. Na verdade, todas as músicas tocaram no mesmo ritmo. Pois não há sentenças e versos que não arranquem um sorriso. E se é para se entregar que seja logo. Pois a deusa ensinou. A vontade não impede. A vontade cresce e deixa apenas júbilo. E foi isto que restou desta deusa. E é preciso que entenda. Ensinou e passou. Depois... vieram tempestades ainda mais fortes. A ventania lançou sua sina. 
 A impossibilidade marcante de suas escolhas deixam rastros intensos de rancor, pranto, suspiros. Respira e não precisa mais dizer nada. Agora deixa a doçura de lado. Para viver o que a vida trouxer. É preciso abrir bem os olhos para não se lançar em precipícios desnecessários. E seu sorriso já bastou. Pois a luz entrou. Leve. Bem de leve. E não há nada que a faça escapar. Ilumine. Venha. Fique. Mais. Um pouco. Depois vai. Sempre. Vão. E guarda. Porque já se entregou. Ler e queimar. Sim, queimem todos. Toda a escrita berrada e não mais engasgada. E siga. Para qualquer outro horizonte que não o seu.

sábado, 4 de agosto de 2012

Precisa


Queria escrever para sempre. Mas até as palavras secam quando os olhos fitam o mistério de sentir e sacrificar o mais profundo calar da mente em devaneios. Sim, eles são conscientes, por isso escreve. Para purificar os danos, os erros e prantos de uma vida sem a melancolia de ser quem é. Talvez um encanto e outras sensações purifiquem a madrugada. Mas não. Errou. E sabe que o erro toca levemente a pele e a mente em segredos não revelados.
 Escutou sua voz. E sabia que não era para acontecer. Mas procurou o abismo porque queria sentir. Porque ensinaram assim. Ou talvez porque se tornou o mostro que jamais queria ser. Diz tudo para amanhã não quebrar promessas. Não há porque esconder. Sua fala rasga o coração santificado. E escuta de longe o príncipe cantar. Pois este deus banha suas noite com a fumaça e a escrita. Somente ele saberia. E ele nem mais existe. E esta história, longa e demorada também não mais existe. Nada é real. Somente o desejo de ser. De crescer. 
 Hedonista sim. Leviana, talvez. Porém a verdade escorre de seus lábios e queima por dentro qualquer semblante que virá. Porque este sim mostrará a verdade. Aquela que todos já sabem. Os caminhos tortuosos já revelaram que o sacrifício nunca compensa. Mas faz de novo. Mas erra de novo no mesmo ponto. Na mesma questão.
 Agora é hora de guardar. Sabe disso, mas regressa para a mesma estrada. Precisa guardar as emoções. Precisa ser menos intensa. E sua luz se parte em mil pedaços, enquanto as lágrimas não chegam. Enquanto escreve para o nada. Ou para ninguém. Ou era para ser outra canção. A véspera de uma nova emoção que expurga a danação. A recordação. 
 E lembra. De cada uma delas. De todas. E deixa que venha. O pranto. E deita no amistoso ombro. E relata. Outra vez conta em detalhes seus sentimentos. E esses versos em prosa escritos delatam ainda mais a real verdade. Corre. Corram todos. Que os gritos vieram e eles foram banhados de ventania. E jamais saberá. E nunca saberão o que jaz no coração de um tolo poeta morto. Porque o cobriram de flores. Porque a terra esconde as promessas. Porque viu e soube que nunca mais paz alguma seria encontrada.
 Seu rumo. Seus brios. Seus. Suas. Palavras em vão que se dilaceram quando o último suspiro é dado e nunca mais se ouve a voz de poeta algum. De pessoa alguma. Por isso reconhece em si a verdade. E dirá sempre, ela, a verdade. Dirá até que seque toda a saliva, até que respire pela última vez. Então, pergunte. Então, não minta. Então, seja o monstro que disse que é. Então, não venha. Então, se cale. Então, será, para sempre. Para todo sempre. Inteira.

Quase Esmeralda


Eu. Confusa. E os olhos quase esmeralda brilhavam. Intensamente. E as lágrimas vieram. A partida. E a sordidez de estar ébria. E a fuga. Para outro caminho. Para fugir de um beijo. Para fugir de encarar aqueles olhos. Aquele sorriso. Porque delira. Porque sonha com um novo encontro. Com uma nova oportunidade que possa segurar.
 E lamenta por perder a coragem. Por não sentir. Sabe que ela não sente o mesmo. E só um sentimento que pulsa.  E acaba ali, enquanto fita o olhar profundo de doçura.  E reconhece uma nova sensação latente. E delira. E perde a noção do ser e já não saber para aonde ir. E segura uma vontade imensa. De segurar e encontrar.
 Doce e já disse. Porque a doçura é imensa. É puramente doce. É delirantemente doce. 
 E a alma deixa expurgar o sentimento e disse o adeus mais doloroso e eterno. Enquanto partia. Enquanto dizia. Enquanto lamentava e não conseguia. Dizer. Uma única palavra. Uma. Única. Palavra. Esmeralda sim. Porque dela renasce qualquer cinza. Reluz qualquer semblante de alegria. Pulsante. Nunca. Jamais amarga. Sempre doce. E repete porque é. Porque sabe. E sente. E dói. Porque sua doçura fica no distante. Em outro horizonte. Não permitido. Porque a outra não quer.
  Não pode. Acabar. Não. Porque selou o pacto de amizade. E agora esconde. E o silêncio. De uma noite sem fim. E a lembrança do olhar quase esmeralda. Porque em seu olhar viu. Enxergou as mais belas sensações. As mais profundas emoções. E seus fios quase dourados. Ou talvez castanhos. Brilharam. E se foi. Até. Até o próximo encontro em que se calará. E nunca mais falará. Sobre a vontade de em seus lábios tocar. Sobre o fim do amanhecer mais florido. Mais encantador. E a marca que deixou. Resta. Fica sim. Para todo sempre.