Queria escrever para sempre. Mas até as palavras secam quando os
olhos fitam o mistério de sentir e sacrificar o mais profundo calar da mente em
devaneios. Sim, eles são conscientes, por isso escreve. Para purificar os
danos, os erros e prantos de uma vida sem a melancolia de ser quem é. Talvez um
encanto e outras sensações purifiquem a madrugada. Mas não. Errou. E sabe que o
erro toca levemente a pele e a mente em segredos não revelados.
Escutou sua
voz. E sabia que não era para acontecer. Mas procurou o abismo porque queria
sentir. Porque ensinaram assim. Ou talvez porque se tornou o mostro que jamais
queria ser. Diz tudo para amanhã não quebrar promessas. Não há porque esconder.
Sua fala rasga o coração santificado. E escuta de longe o príncipe cantar. Pois
este deus banha suas noite com a fumaça e a escrita. Somente ele saberia. E ele
nem mais existe. E esta história, longa e demorada também não mais existe. Nada
é real. Somente o desejo de ser. De crescer.
Hedonista
sim. Leviana, talvez. Porém a verdade escorre de seus lábios e queima por
dentro qualquer semblante que virá. Porque este sim mostrará a verdade. Aquela
que todos já sabem. Os caminhos tortuosos já revelaram que o sacrifício nunca
compensa. Mas faz de novo. Mas erra de novo no mesmo ponto. Na mesma questão.
Agora é hora
de guardar. Sabe disso, mas regressa para a mesma estrada. Precisa guardar as
emoções. Precisa ser menos intensa. E sua luz se parte em mil pedaços, enquanto
as lágrimas não chegam. Enquanto escreve para o nada. Ou para ninguém. Ou era
para ser outra canção. A véspera de uma nova emoção que expurga a danação. A
recordação.
E lembra. De
cada uma delas. De todas. E deixa que venha. O pranto. E deita no amistoso ombro.
E relata. Outra vez conta em detalhes seus sentimentos. E esses versos em prosa
escritos delatam ainda mais a real verdade. Corre. Corram todos. Que os gritos vieram e eles
foram banhados de ventania. E jamais saberá. E nunca saberão o que jaz no
coração de um tolo poeta morto. Porque o cobriram de flores. Porque a terra
esconde as promessas. Porque viu e soube que nunca mais paz alguma seria
encontrada.
Seu rumo.
Seus brios. Seus. Suas. Palavras em vão que se dilaceram quando o último
suspiro é dado e nunca mais se ouve a voz de poeta algum. De pessoa alguma. Por
isso reconhece em si a verdade. E dirá sempre, ela, a verdade. Dirá até que
seque toda a saliva, até que respire pela última vez. Então, pergunte. Então, não
minta. Então, seja o monstro que disse que é. Então, não venha. Então, se cale.
Então, será, para sempre. Para todo sempre. Inteira.
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