domingo, 10 de novembro de 2019

Sem sombras

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Ela estava dormindo. Sonâmbula, perambulava pela vida, sem saber o que de fato estava acontecendo. 

Acordou, de repente, e todo o mundo perdido e vazio despertou em seus olhos. Agora, a festa atropelou sua existência, junto com os sonhos, com os destinos torpes e a voz que pede para seguir. A onda violenta de paixões incendiou os seus passos e lutava para sobreviver ao afogamento do cotidiano perfurado.

Há, muito obviamente, a lacuna do infinito, deixado em lágrimas. Assim como a fumaça que havia se despedido e agora retorna para cobrar sua presença. Mas, a verdade é que não deseja mais ser a menina da varanda. Não é mais menina. Faz tempo. Procurou tanto se encontrar, para apenas perceber o quão longe queria estar.

Queria poder fugir no amanhecer. Para outros destinos. Outras fantasias. Outras partilhas. Porém, quer seguir nos rumos conquistados. Aquilo que é tão seu e absoluto. A Rainha rubra que corre enquanto o vento devasta todo o caminho de quem a cruza. Deseja possuir o que habita em sua mente somente, mas já não sabe qual é a resposta correta.

Quando se tornou dúvida? Sabe aquela que criticava? Talvez não. Contudo, se procurar lá no passado não tão longínquo é possível desvendar as peças necessárias para finalizar esta canção. Ou silenciar os versos amargurados. Mas, não é sobre melancolia, solidão ou amargor. Nunca deveria ter sido. E foi até não poder mais. Até que abriu o coração petrificado e buscou moldar cada pedaço seu para entregar para ela toda sua felicidade. 

Sabe quando negou o caos? Logo depois disse sim. Depois não e foi sim novamente. Nessa certeza, engoliu todas as suas verdades e virou outra. No despertar, realizou que sua face real já tinha resquício do outrora rasgado. Ela veio e deixou um pouco de seu fel em sua pele. Por isso, já não sabe. Por isso, quer queimar todas as sílabas e frases que passam por sua mente. Porque as recordações cravadas na aura lutam para lhe contar que não pode mais seguir. 

O retorno das sinfonias proclamam as sinceras sentenças. Não pode. Nunca poderá. No entanto, precisa escolher. E que escolha e faça o que for para se feito. Até o fim. Até o último suspiro cravado com seu nome. 


domingo, 3 de novembro de 2019

Entre o fim, o meio e o começo


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O pulmão pesa. Por que insiste em tocar a mesma canção novamente? Seus dias estão contados, assim como as cinzas dos seus olhos. Já não pode mais sentir, repete para seu coração mais uma vez, suplicando que ele a escute. Sua alma partiu para uma estação nebulosa, sem sinos, sem flores. Petrificou o sangue, que apenas jorrou para lembrar que sinfonias são dores incendiadas.

Foi, porque estava exausta. Abandonou a certeza de que daria certo. Jamais conseguiria celebrar aquele céu em tempestade. Nunca esteve destinada aquele abraço torpe, para aquele sorriso falso. Jamais lhe entregou uma gota de verdade e suas lágrimas secaram, seu corpo desfaleceu. Quase literalmente! E precisou reunir todas as forças que possuía para dizer adeus, sem olhar para trás. 

Porém, não aconteceu apenas assim. O mar invadiu seu peito e viu um horizonte distante cintilando. Numa noite inesperada, conseguiu gargalhar e vibrar como naquele outrora perdido. O que ocorreu? Repetia isto por horas, buscando compreender o que o destino queria lhe mostrar. Encontraram-se e não pôde disfarçar as emoções que chegavam, enquanto o mundo girava e a cabeça também.

Mas, o que será dela agora? Seus dias serão pó? Suas metáforas irão se esvaziar? Porque o caos veio, assim como a batalha vencida e o oceano jorrando em seus pés. Respira e traga seu veneno, que se transformou em tortura. Quem seria ela neste momento? Quem será? O amanhã é incerto e ficam as dúvidas, os clichês e um resquício de candência. Este resto que lembra para sua aura que ainda há um pouco de brasa para o recomeço.