sábado, 31 de dezembro de 2011

Ciclo. Gole. Início.

  Qual seria o melhor lugar para gritar que não aqui? Sim, são gritos abafados soterrando um próximo beijo que virá. Porque duvida. Inconstante como sempre foi. O mundo continua a rodar. A memória falha e só restam as palavras. Mesmo dia. Após um ciclo. A questão não muda. Transparente entregou o coração em prata pura.
  Correu para alcançar. Sorri para o que encontrou. Uma jornada mais limpa. Fiel. Sem perdas. A estrada tortuosa em chamas misericordiosas fez devaneios transcorrerem em passos largos. Firme e certa. Já não sabe se a luz vem de si os dos dourados fios que escorrem da sua imaginação. O engano mora em seu coração.
  A insana bárbara proclama saudações ao vento, entre candentes vibrações em um mar inconsequente. Ainda pulsa. Ainda percorre o impossível trilhar de um amanhecer em distúrbios. Somente a canção pode ditar quem realmente é.
  Não nega. As auras trouxeram outra vez as chamas. Impunes. Seletas. Sensíveis. Serenas. Concretas. Partiu e já não sabe qual perfume encontrar. Segrega. Transcende. Entorpecida pela fumaça perdida ainda na varanda presa por uma promessa. Jamais seguida, nem ao menos selada. Em sólidos espasmos fugiu em direção da aurora tardia.
 Repete. Não engana. Sublima os sonhos outrora revelados. Na escrita, também. Jogados a ventania, em um pouco de escárnio. A herança que carrega em si, somente quem tocou em seus lábios conhece. Veneno que escorre em lúcido retrato. E o sorriso amargo. Entre olhares sepultados. Em rancores incisivos.
  Não voltará. Não mais se lembra. Perderam-se. Foi-se. Encontrou agora a metade. De uma face. De um rubor. De mais uma escrita e somente esta. A honesta e derradeira companheira. Nunca partirá. Sabe. Reconhece.
  O mistério se esvai. A música já parou. E já sabe para que lugar quer ser levada. Porém não sendo tola de pensar que conhece o rumo que seguirá. Apenas um tolo pode acreditar que somente de razão se faz o caminho perseguido. E voa o tempo. Descansa a pele. Renova conquistas. Todas. Está de volta a menina da janela. Com um sorriso no rosto e um punhal nas mãos. Só precisa abrir os olhos para ver que já foram queimadas as juras incendiadas de uma prosa rejuvenescida.
 Acaba então. Parou. Precisa não continuar. Revelar. Sangrar. Dentro. Expurgar. A história se finda quando o sol aparece. E já aconteceu. Se finda aqui mais um brutal ciclo infinito de pranto. E chegarão outros. Chegarão. Sempre chegarão.

sábado, 24 de dezembro de 2011

12 por 12

  É. Gostar de sofrer sem perceber. Sim, é complicado explicar. A intensidade cresce e o vento que mora dentro da sua alma voa numa rajada para fora. O mundo gira e tudo acontece. Ao redor vê muitos que correm. Ainda assim deseja o impossível. O instigante.
 Na verdade existem decepções. Não pelo feito ou dito. Mas, o oposto. A mente feminina tem dessas. Ou não. Talvez. Há uma sede pelo novo. Esta jamais será saciada. Existe também o carma do engano. A fumaça é a única fiel. Por que esconder que a vontade é maior por outros?
  No coração tem aquele tolo espaço maior para uns. E isso já não importa. Acho que morre sim. Na outra vida morreu, pelo menos. O olhar transformado deixa claro. Ou enxerga melhor o inevitável. A faísca que nunca habitou outro lugar a não ser a imaginação.
  Ao mínimo sussurro corre. Com um grito suplicante, afasta-se. Mas, um episódio revelou claramente a verdade das situações. Agradável é, de fato, o cortejar. Porém a pele cansa. A mente também. Resta metade e outra metade. As emoções. Partidas e estilhaçadas. Sim, não pode se esquecer jamais desta verdade.
  A sincera lágrima misturada. A vertigem. O tempo que comanda a canção e o ritmo. Não é claro, mas é cristalino. O sorriso e o conforto. Não saberá, porém, o real mar de alegrias planejadas. Desfalece aqui a intenção que pode nascer em outra estrada, em outro momento.
  E já é festa outra vez. Não dentro das auras suplicantes. Nervosas. Sugadoras. Manipuladoras. Desatenta foge para o precipício. E não há razão para preferir seus possessivos abraços. Quando a paixão vier será sem surpresas. Derramará mais pouco de pranto e prosseguirá. Se por acaso o inverso ocorrer, talvez venha um pequeno arrependimento, seguido de esquecimento.
  Pequeno. Tão pequeno. Na verdade, a possibilidade de uma grandeza diminua um coração gélido e amargurado. Que deixa marcas e rastros. Somente jubilo para seu algoz. E para a magia da posterior e suposta questão, um sopro no ar e um murmúrio de qualquer felicitação abafada pela ventania quente da montanha coberta de névoa candente.
   Basta somente um pouco de atenção para ver que algo mudou. Não precisa muito. É preciso só olhar com atenção. Não esmoreceu. Mudou e pronto. E quando estava chegando ao topo deslizou outra vez. Agora o som distante dos pássaros diz para esquecer. Gargalhar das tolices. Perceber que vão todos. O grau. O calor. A proximidade. E escolhas. Elas são feitas. Não podem ser mudadas. Arrisca-se então e continuará neste eterno ciclo de farsas cobertas de purezas.
   Para a nova jornada, somente uma palavra: Recomeço.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Para falar um pouco de mim...

   Amo. Amo sim. Ainda amo mesmo depois de tudo. De uma mágoa que jamais pensei superar. A menina que esperava a paixão cinematográfica aparecer, morreu. Veio então a esperança de um amor eterno e candente. Em seguida chamas. De dor e mágoa. E esta mágoa ficou em meu coração. Os lobos me cercam. Gargalham da tola juventude e paixão desmedida. Não importa.
   O mundo que se apague. Mais um ciclo se completa e sei. Não há palavra rancorosa ou abandono que faça esmorecer meu amor. O problema é a mágoa. Sim, esta palavra me segue. Sem rumo não sei como não desconfiar. Com os olhos atentos espero seu próximo passo, para depois agir. Não é medo. A coragem preenche o peito incendiado de vontades. Mas, há um resquício de tristeza pela forma como o fim ocorreu. Talvez não importe tudo isso, afinal uma nova jornada começou. É preciso ter calma. Queria poder pedir somente isto. Mas, veja bem, não existe nada para ser pedido. Nada é nada e se é nada, não há o que querer.
   A liberdade custa muito. Eu prefiro o tempo. O ódio por ele não leva a lugar algum. E esta escrita está muito mal feita. Acredito que a razão seja clara. O poeta é um fingidor, e eu não sou. Nem poeta, muito menos fingidora. Então, isto nada mais é que sentenças mal conjugadas de um sentimento que pertence somente a mim. Exposto para um pequeno mundo cibernético. Poucos lerão. Porém, ao mundo ele está lançado. Contudo, não é isso que importa.
   Talvez esta sinceridade seja tola. Mas, digo tudo. Não encontrarão sorrisos ou meias verdades. Digo a verdade, mesmo que esta machuque. E sempre as feridas ficam em mim. Não sou vítima. Nem quero ser. Porém, isto é real. A impulsividade é devastadora e assim sigo. Em dias vazios. Em turbulência de atividades. Em milhares de funções. A solidão ainda perturba. Sou feliz sim. E isso nem era o que queria dizer. O que preciso falar é que as ações virão quando o coração se recuperar. O que é sincero e concreto não se desvanece pela distância ou por uma trégua de sentimentos mostrados. Na verdade, acredito mais num sentimento crescente do que em um instantâneo. Agora, ele renasce. Sem medo ele poderá florescer. Sem medusas por perto, é claro. Sem batalhas em reinos distantes. Sem reis bobalhões que abandonam deusas com o coração partido. Sem desaprovação de elfos e sacerdotes. E o melhor, sem dramas.
   Tudo zera. E é a partir deste momento que vale. Somos sempre renovação. E o sentimento foi renovado. Resta ver como o destino brincará comigo desta vez. Espero que ele seja caridoso. Sério. Eu espero isso mesmo. E que o vento me abençoe e traga boas novas.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Seguindo...

  Parecia simples. Algo corriqueiro. Na verdade, sempre foi assim. As obrigações eram cumpridas e logo esquecidas. Depois, ensinaram-me o real significado de honra. Demorou, mas compreendi. Ao olhar as palavras escritas o orgulho atingiu o maior brilho existente. O sorriso veio e um pouco de lágrimas. De alegria, todas de alegria. Talvez a juventude seja tola, como afirmou um certo mestre que encontrei por aí. Mas, a jovialidade pulsa vibrante em minha alma.
  O vento sumiu. Procuro por ele. Sou correspondida e sei que sigo o caminho correto. A vocação pode estar ali, distante do que pensava. É difícil admitir, porém é preciso aceitar quando o chamado é recebido. A luta é enorme. O caminho insuportavelmente difícil, contudo é melhor aproveitar cada segundo desta emoção inexplicável.
  Os dias passarão e jamais esquecerei. Fiz certo. Não corri. Não caminhei pela trilha mais fácil. Tive dúvidas, desilusões, conflitos pessoais, mas segui. Continuar é o mais importante. Queria gritar para o mundo o quão grande é a minha felicidade agora.
  E tempo escorre. E a decisão se aproxima. Porém, quem disse que tenho que correr e decidir. Venham todos. Celebrem comigo esta pura madrugada. Que inebria. Que chama pelo amanhecer que será em alguns instantes. Sopro iluminado. Eu canto luz candente. Vejo a aurora resplandecente nos olhos de quem nunca deixou a oportunidade passar.