terça-feira, 30 de novembro de 2010

Constante

No luar mais brilhante de todos, vi aqueles doces olhos. Fitavam-me. Meu coração, desesperado, palpitava loucamente. O que nunca entendi se esclarecia.  Delirando no beijo mais apaixonado de todos, me perdia lentamente. Porém, dessa vez, queria me perder. Esquecer tudo e todos. Viver, sentir, saborear cada momento.
   As palavras, que outrora condenavam, dissimulavam, feriam, agora, fluíam. Flutuavam. Elevavam-se a adoração mais límpida que existe. Não havia mais o torturante silêncio instalado. Em mim, as dúvidas se dissipavam. Desapareciam na aurora do meu ser inebriado.
    Busco, neste momento, com cautela, adentrar neste mundo. Tão cheio. O tempo se esvai. As horas, consumidas de alegria, se perdem com a partida. Corro para mais um encontro. Luto para que se repita. Mas, o desgosto não se aproxima. Compreendo, finalmente, o que preciso.
       Os sentimentos, tão puros e verdadeiros, se alastram. Cada dia e noite crescem. Suspiros cobrem os desatinos pulsantes. Segregam os males acorrentados. A madrugada, soluça o enaltecido. Supri a saudade. Reconcilia as memórias. Guarda, eternamente, as melhores lembranças.

domingo, 28 de novembro de 2010

Anoitecer



   Dia esquecido. Marcado pela notícia mais cruel de todas. Fujo com todas minhas forças. Há no ar uma paz celestial. Nem os pássaros cantam. Silêncio. O mais profundo de todos. O abandono ainda incomoda muito. Mas, é preciso seguir. As lágrimas pulsantes perdem-se em saudades.
   Melancolia eterna. Nada será o mesmo sem aquela figura. Resisto o máximo que posso. A certeza de que nunca mais voltará, soterra minha alma derrotada. O vento, o mar, as canções ouvidas numa infância não muito distante. Tudo volta. Eu recordo, com clareza, os momentos mais alegres.
    A culpa atormenta. Se o passado não apontasse todas as falhas cometidas. Se a discórdia não tivesse ocorrido. Porém, os fatos existem e não podem ser mudados. Não há solução. Agora, sei que sentirei para sempre a amarga saudade. Eterna. A mais dolorosa de todas.
      O sol se põe. Os pássaros entoam sua música mais uma vez. O anoitecer se aproxima. E com ele todos as angustiam se esvaem. Contudo, não são verdadeiramente esquecidas. Jamais serão.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Separação



   Iludida mais uma vez pelo afeto passageiro, me contaminei. Mais cega do que outrora, procuro me guiar no mar de incertezas. As palavras docemente ditas, após pronunciadas, se perdem em escárnios. Entrego-me ao vício tortuoso de sua voz. Abandono todas as convicções ainda tão perdidas em mim.
    À espreita, espero mais um olhar. Um gesto. Consumida na proibida fumaça, lembro-me de cada beijo. Sinto meu corpo vibrar. Esqueço tudo. Tudo a minha volta já não importa. A música está ali. As recordações permanecem. O reencontro ocorrerá, repito. Repito para acreditar.
    Talvez houvesse um caminho mais fácil. Porém, não é o melhor. Não para mim. Por isso, deixo o silencio me possuir. Esqueço todo o resto e grito. Ecoando em minha alma, meu corpo responde. E assim, sei que não há mais mágoas, só certezas.
     Caminho trêmula ao luar. Agitada pelas emoções do dia. O perfume ainda em mim clama pela aproximação. Perdida em pensamentos, me afasto. Sossego. Busco outros sentimentos. Outras sensações. Entro em devaneios outra vez. Suspiro inutilmente. O ar cambaleante se nega a chegar. Aflita, renuncio a partida. Contudo, aceito-a. 

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Frescor



    A paixão me domina. Agora, sem fôlego, não quero mais fugir. Quero cada minuto. Preciso que cada segundo seja infinito. A tortura da espera já não importa. Ela tornou ainda mais intenso o retorno. Sonhos incrivelmente ardentes tomam conta da minha alma.
   Quero que a aurora do dia me queime com a chama mais candente de todas. Depois, gritar para o mundo o que sinto. Suspirar na madrugada. Possuir o que mais desejo. Sentir. Sussurrar cada palavra. Embriagar-me de todas as emoções possíveis.
   Ver o amanhecer, o pôr-do-sol. Cantar a noite inteira. Olhar para o futuro sem mais pesares. Viver intensamente o que preciso. Alimentar as vontades. Desvanecer em sensações. Mergulhar na imensidão mais profunda que existe.
   Habitada pela sede mais infinita de todas, respiro ao luar adormecido. Entorpecida na fumaça silenciosa, aprecio mais um momento eterno. Vivo tudo mais uma vez.
   Os pensamentos transcorrem, dissipam-se na neblina mais agradável de todas. O efeito daquele beijo permanece. Sorri para mim em devaneios. Acalenta a esperança do reencontro. Que eu sei que ocorrerá.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Breve Silêncio

    Inevitavelmente a ausência afasta as pessoas. Iludida pelos fragmentos de atenção, sucumbi na tortura do ciúme. Perseguida pela mancha tortuosa da incerteza, me calo. As perigosas palavras pronunciadas dilaceram as verdades. Consomem até a última e sinuosa gota. 
    O caminho se perde em silenciosos gestos. Afasto-me o mais rápido que posso. Covardemente fujo. O sangue ferve. Queria gritar. E, aos gritos, dizer o quanto possuo aquilo que não me pertence mais. Por isso, esquivo-me antes que o caos em minha alma invada tudo ao redor.
      A dúvida semeada aflige. A história não mente. Os fatos existem e são muito claros. Porém, a resposta é outra. Naqueles pequenos e profundos olhos vejo o que preciso para persistir.
     Continuo. Espero. Ainda que seja o exercício mais complicado que exista. Ainda assim, sigo. Vivo cada instante. Evito os maus pensamentos. Volto para aquela varanda, para aquela lua, para me inebriar na fumaça mais lancinante de todas.

Concupiscência

   Esperando. Sempre. Cumprindo as marcas que a vida impõe. Aceitando-as firmemente. Ilusórios sorrisos adoçam o dia silencioso. Lágrimas retornam, me perseguem. Cada instante evito procurar o que preciso. As vozes vazias se perdem. Ao redor, nada mais importa.
   Sem aquele beijo, o sentido se esvai. Enlaçada pela infinita concupiscência de possuir o que outrora me pertenceu, entro em devaneios. Arrasto-me para a dor mais profunda. Agarro com todas as forças a solidão inevitável. A imensidão abandonada. A vasta certeza que continuarei só.
    O que resta, no final, são os sonhos. Recorrentes. Incessantes. Suplicantes. Cansada, suspiro outra vez. Deixo a fumaça me envolver. Escapo das memórias. Mergulho na insana ideia do regresso. Caminho, verdade. Porém, sem sentido. Sem rumo.
    A amarga recordação do engano cometido e tão repetido assume o controle da mente. Refaço, inutilmente, a jornada mais uma vez. Não encontro respostas. As soluções esquivam-se. O desespero invade. A vontade insiste em voltar. A nostalgia recorrente deixa rastros atormentados. 
    Sublimes sensações desviam-se. O propósito é renegado. Agora sei, não restará, não haverá retorno. Remediações já foram tentadas. Não quero desistir, contudo é o outro lado que roga que isso ocorra. Soterrada em dúvidas que não se findam, respiro. E encontro, enfim a paz necessária.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Tempo

   Infinitamente esquecida. A neblina da saudade me cega. Não sei ao certo se estou no caminho certo. Tento correr contra o tempo. Amadurecer o quanto antes. A madrugada me envolve. A noite não se finda dentro de mim. Com o coração palpitante anseio que tudo mude.
   Busco um remédio inalcançável. Ainda há o medo que tudo se dissipe. Que todos os sentimentos sejam esquecidos. Que seja tarde de mais. O retorno pode nunca acontecer. A separação é a tortura mais inabalável de todas.
    Sozinha, mais uma vez, enxergo claramente os erros do passado. Imersa em um sofrimento inexplicável, tardo em aceitar o que me é oferecido. Sei o que preciso. O tempo não passa. Ele cura tudo, porém se perde em algum lugar. Não me alcança. Não ajuda.
    Luto para acalmar a ansiedade. Porém, ao olhar a lua que ali brilha tão intensamente, me perco em vontades. A sensatez é a maior inimiga. Suplico que esta chegue. Contudo, o pedido é em vão. O pedido jamais será ouvido.
    A música toca outra vez. Os olhares se cruzam. Mas, as correntes não são retiradas. Ali permanecem. Zombam de mim. Busco o ar novamente. Escondo incertezas. As lágrimas me abandonam. Renegada a viver do brilho do sorriso de outrora, espero que mais um amanhecer me ampare.

sábado, 20 de novembro de 2010

Outrora

   Sozinha mais uma vez. Escuto, de longe, os pássaros cantarem. Estou ainda mais cercada de incertezas. Entrei num mundo que pensei que me pertencesse. Agora preciso lutar. Tudo que restava me abandonou. Sinto-me enferma de todas as formas.
   Sufocada em angustias, em palavras não ditas, em beijos rejeitados. A dor consome cada parte do meu ser. A fraqueza se espalha. Busco ouvir aquela voz mais uma vez. Procuro me consolar nela. Porém, não há o que dizer. O silêncio toma conta. A volta nunca ocorrerá.
   Os gritos abafados na minha alma ecoam. Não há mais como guardá-los. Cada minuto, clamam pela liberdade. Preciosos minutos se esvaem.  Só. Inevitavelmente só. Desisto de procurar. Ainda espero o retorno. Contudo, a esperança dissipa-se. Mais uma vez, permaneço a esperar o impossível.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A Espera

  O amanhecer surgiu novamente. Mais uma vez ele falha. Não existe mais amanhecer que me cure. As dúvidas cessaram tarde demais. Apagaram-se todas as incertezas. Aquele beijo precisava ter acontecido. Todas as lágrimas tinham que ser derramadas.
   Superar e esquecer. Não são as palavras. Talvez um recomeço fosse a melhor escolha. Mas, naqueles olhos que outrora brilhavam por mim, as chances foram todas renegadas. Preciso do tempo. Ele não colabora. Não passa. Nada muda.
    O desespero me persegue. Consumo cada gota de ilusão. Na noite mais escura de todas me perco em devaneios. Novamente, me fecho. Na verdade é o pior que poderia acontecer. Abandonar para não ser abandonada.
     Dessa vez, lutarei com todas as forças, com todas as armas. Viverei, mais uma vez, num mundo que me pertence, que só eu conheço. Esconderei todos sentimentos, guardarei todas as lembranças. Porém, voltarei atrás quando ouvir aquela voz outra vez. 

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Perdida em Incertezas

  Quando não há mais o que fazer a não ser esperar, as lembranças retornam. Os olhares e gestos. Ao ler cada linha consigo escutar a voz que tanto inebria. Não sei ao certo se voltará. Anseio cada minuto pelo regresso. Tudo que preciso ouvir são aquelas doces palavras.
   O tempo. Ele passa lentamente. Consome cada segundo. Suspiro buscando o ar que não chega. Queria respostas, mas só as perguntas aparecem. Não entendo. Nunca compreendi. A solidão não é o melhor caminho. Não pode ser. Preciso que não seja. Não, sempre o não surge.
   O controle escapa. Sinto uma onda de anarquia que perturba. Se a saudade não me perseguisse tanto. Mas, eu já disse isso. Falei tudo. Ainda assim, queria ter dito mais. Chorar menos. Seguir o rumo certo. Me esconder menos.
   Como uma criança mimada, recorri ao pior. Agi da maneira errada, para ter uma atenção que poderia ser tão diferente. Tudo seria de outra maneira. Me enganei. Ocultei, camuflei até onde pude. Apelei, novamente, as mentiras. Porém, não as disse a ninguém. Somente a mim.
    A fumaça, a música, aquele beijo. Naquele momento me perdi. Jurei que nunca seria assim. Num passado não muito distante, prometi fielmente a mim que não me contaminaria. Contudo, como um veneno dilacerante, a paixão corre em minhas veias.
    Ainda que imatura, tenho certeza que a felicidade e a paz caminham juntas. E elas só podem ser alcançadas quando as queremos, de verdade. Tudo está em nossas mãos. Castelos de areia são muito frágeis, porém podem ser reconstruídos.
     Confusa nos meus próprios termos, paro tudo o que estou fazendo. Interrompo. Até que um dia, quando a certeza da verdadeira mudança se instalar e possa afrimar que tudo está bem. Quando eu, finalmente, possa tirar as correntes que ali estão fortemente envolvidas. Me entregarei, então, ao recomeço.
  

A perda

   Sem mais palavras. A noite responde tudo. O olhar é a nova sentença. A maior punição de todas já foi entregue. O vazio ainda existe. Ainda maior, cresce a cada instante. Não há nada mais doloroso que a indiferença. Porém, tudo pode estar errado. A dúvida consome.
   Se ao menos soubesse o que sente. As incertezas são como uma sombra. Sempre perseguem. Confusa, sozinha e cada dia mais amarga. Ao redor, todos se afastam. Talvez, eu as afaste. Ainda não compreendo o mundo que me cerca. 
   O amanhecer, sempre torna as coisas mais claras. Contudo, a lucidez chega tarde de mais. A maturidade não é facilmente conquistada. São gestos, palavras, ações que trazem a vitória. Os dias, o erros, as lembranças, gritam. Clamam pela mudança. Suplicam o retorno daquela voz.
    Sóbria como antes nunca estive, enxergo a mais pura e clara verdade. O tempo pode curar. Me curar. A esperança continua acesa. A salvação ainda chegará. Sentirei as mesmas vibrações. Essa é a última e derradeira chance de provar para mim o que sou e, enfim possuir o que mais desejo.

domingo, 14 de novembro de 2010

O Abandono

   As palavras me escapam. Não há uma explicação concreta. Admitir é o melhor. Sofrer agrada. Cada ação está marcada. É o próximo passo para a dor. Consciente ou não. No fim, não existem mais surpresas. O que escutarei não é novo.
   A solidão sempre me cerca. Nada muda. A velha história continua, só mudam os nomes e a situação. Contudo, não sei ainda ao certo o que é preciso para reverter o caos que há em minha alma. O vazio persiste. É constante.
    A realidade não aparece. A neblina das dúvidas contaminam. A amargura sempre retorna ao seu ponto de partida. As exigências crescem e delas não se aproveita nada. Está tudo inegavelmente apagado, perdido na mais sincera escuridão.
    A fumaça envolve os pensamentos atormentados. A respiração ofegante é o sinal do desespero. O abandono tomará seu posto novamente. Lutando para enxergar nas sombras das incertezas sou arrastada para a mais profunda melancolia.
    Não há retorno. Não tem mais perdão. Derrotei a mim mesma naquela madrugada. Agora, como de costume, sonharei com o passado, inventarei um futuro só meu. Porém, guardo bem escondido uma leve esperança. A salvação ainda pode me alcançar e com erros ou não, ser, finalmente, acolhida.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Transição

O que acontece quando o que você era no passado se apaga e uma nova personalidade não surge? A angustia domina cada pensamento. Não deveria ser assim. Mais uma vez volto naquela varanda que me inspira tanto. Olho ao redor e as respostas não chegam.
Os erros cometidos provam o quão perdida me encontro. A confusão de gestos e atitudes confirmam o martírio de uma descoberta e de uma transição infinita. A incerteza do final desta busca não termina. O ar falta e as perguntas voltam.
Os acontecimentos de outrora, ainda vivos, são a evidência do que posso ser. Se as lágrimas não tomassem conta de mim, se a dor da perda não me dominasse, se não procurasse tanto sentir tudo tão intensamente. Não há, contudo, uma maneira correta de descobrir.
 As novas sensações eliminam as antigas. Escondem e suprimem. Nem as canções permanecem. Afastam-se para que as outras venham. Porém, o problema está na lentidão dessa mudança. Há um mar de sensações. Quero me libertar. Não preciso de nada mais.
Cambaleando em direção ao futuro. Tento continuar. Supri expectativas. Superar medos e, no final, evitar a pior sentença de todas. Sim, a que mais temo. A solidão.

O Amanhecer

   Hoje, parece que o tempo não passou e a mesma dor é sentida. O vazio daquela figura que fazia os dias serem mais importantes e alegres retorna. Ao ouvir a música que outrora me ninou sou puxada de volta para a melancolia. A brusca certeza de que não ocorrerão momentos futuros e o que resta são lembranças, machucam ainda mais.
   Pensamentos inconformados me envolvem, tento não me deixar levar pelo que poderia ter sido, porém as possibilidades são infinitas. O passado sendo reconstruído ou futuro sendo intensamente vivido. Não importa. Porque a realidade bate na minha importa e mostra o que me aguarda. O abandono, a perda insuperável, o anoitecer eterno.
    A cantiga volta. Tudo ao redor gira. Me perco. A respiração falha. As lágrimas aprisionadas não mais aparecem. Talvez se conseguisse gritar a sensação ruim iria embora, mas o grito não surge. Acorrentada e condenada a reviver erros desabo não mais profunda solidão.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Dúvidas

 
   Toda situação a minha volta pede para que tudo volte ao início e eu não queira mais, e que sinta as mesmas sensações. Mas, a diferença é que, neste momento, a história mudou, não há uma solução clara e concreta.
   Envolta há a névoa mais sufocante de todas, as lágrimas secam e as dores consomem. Os pedidos e cobranças rondam meu ser aprisionado em ideias e sentenças. Sozinha, procuro a presença tão necessária. Porém, não há resposta. As palavras são repetidas e as mesmas pessoas dizem as mesmas coisas.
    Não consigo ouvir, não quero escutar. Preciso encontrar e sentir tudo novamente. Contundo, não tenho em quem confiar. Sempre os interesses retornam. No final, o resultado é o mesmo. Permaneço solitária, buscando mais um segundo sem lamentos ou ressentimentos.
   O orgulho se apaga e me arrasto sem arrependimentos.

O Erro

   Tudo estava cada vez mais claro. Os sentimentos quase não perturbavam. As certezas me dominavam cada dia. Mas, um acontecimento pode mudar tudo. As sensações mais terríveis podem surgir. O que resta são lembranças de um erro que poderia ser ainda pior. Não sobraram lágrimas. Não existem mais palavras. Tudo desaparece.
   As sombras que se alastram em minha mente clamam pela torturante recordação. As forças se esvaem e a mesma pergunta volta a perturbar. Um ciclo inebriante e tortuoso me envolve. A saída escapa. Enfrentar não pode ser a melhor solução. Guardar tudo e deixar para trás seria mais fácil. Contudo, deitar, fechar os olhos e dormir é uma luta. Os suspiros angustiados alucinam a alma. Massacram o corpo cansado. Renegam a serenidade.
  Apesar de tudo, não há mais o que ser dito. O tempo precisa passar. A cura virá com os dias ou meses. Não importa quando será. Porém, há esperança que tudo se apague em mim.

domingo, 7 de novembro de 2010

Devaneios


Escrito  no dia  30/08/10

Acordada até tarde. Não deveria mais fazer isso. Preciso controlar meus instintos. Preciso beber menos, ser mais sensata. Na varanda, tudo parecia tão importante, todos aqueles sentimentos.
A situação se transforma quando os olhos se abrem e as verdades já foram ditas. Não há como voltar atrás. Tudo já está sentenciado. As escolhas precisavam ser feitas. Não há retorno. Não há remediação. Se aquele beijo não tivesse sido dado e as palavras não tivessem sido pronunciadas.
A verdade consome a alma, sempre. Fingir é mais fácil. As mentiras, quando ditas, salvam, purificam. Tudo é tão mais doce. Tudo é tão mais calmo. As mágoas ficam, mas a dor não permanece.
Tentar é inútil. Já não existe uma salvação concreta. Terei que enfrentar. Olhar nos olhos e dizer que tudo foi um sonho. Dizer que não tem sentimento algum, que a música não toca, que a noite se finda e o amanhecer toma conta de tudo.
A necessidade, a solidão e saudade tomaram conta de mim. A razão me abandonou, como todos que me deixam. Tudo termina até a minha razão. A minha serenidade, que eu tanto valorizava, se foi.
Fui contagiada pelo espírito da sinceridade. A verdade transcorreu. A frase tão temida foi dita. Não uma vez. Diversas vezes. Agora, disfarçar é tão complicado. Fugir se tornou difícil.
Por uns instantes precisava de tudo aquilo que tanto me enojava. Nunca fui tão eu mesma. Nunca me expus tanto, mas sei que tudo isso não vale a pena. É perda de tempo.
A decisão já está tomada. Não serei aprisionada. Liberdade é meu lema. O adeus será dito. Com muito cuidado e zelo. A promessa será quebrada e o tempo selará a renúncia e a partida não será sentida.

Primeiras Palavras

   Todas as vezes que escrevia um texto e mostrava para amigos, eles me perguntavam porque eu não tinha um blog. Eu respondia que  não fazia porque tinha receio de não escrever bem ou de me expor. Mas, no final das contas senti a necessidade de ter um blog. Não um sobre cinema, (porque já tenho um assim) onde comentasse sobre filmes, porém um que ficasse mais claro quem eu sou e talvez que mostrasse o que sinto.
   Por isso, hoje, começo a escrever aqui, neste espaço, esperando. Esperando dizer o que preciso dizer  e que valha a pena para mim e para quem leia.