quarta-feira, 5 de abril de 2023

Uma chuva, um delírio...



Quantos dias terão que passar até que todo esse sentimento se esvaia? Quantos céus precisarão desabar até que possa encontrá-la mais uma vez? Por que sua face insiste em permanecer em seus sonhos e seu olhar é a sua maior saudade? Por que só possui perguntas vastas e infinitas, quando tudo que deseja é uma paz interior para seguir adiante? Ela conheceu novas terras, não foi? Depois, correu para os braços de sua nova canção e foi feliz naquela derradeira semana cheia de sorrisos, concupiscência e alegria.

Então, como escapar desta sede pelo reencontro com aquela que talvez jamais reveja? Como apagar algo tão inócuo de seu coração, quando a chuva já prometeu que seu destino agora é outro? É, não é? Nunca será sua ou recobrará a sua confiança. Já perdeu e não sabe mais como resetar esse ponto final infernal, que condena cada manhã e anoitecer seu. 

Isto tudo porque a imperatriz, cercada de lírios, clama por um girassol adormecido e distante. Não há alvorada que seja tão doce e feliz, quanto aquela na qual sentiu o seu perfume. A razão é insólita, infiel, desgostosa, triste, verdadeiramente triste. Porque é impossível resgatar o start certeiro, quando tudo era apenas júbilo flamejante. Já não é mais a mesma, tampouco ela, com suas carruagens e cânticos proféticos. 

Não deseja também voltar para as cartas e questionar o Universo o motivo de sua partida. Sem regresso, solução ou consolo, o que ela decidiu foi seguir seus passos e realizar seus sonhos outros, sem aquela que é dona de um amor que é tão indesejado. Porque os sinos badalam e recorda da praça florida, porém está sozinha no agora incendiado. Clama pelo retorno do castelo e dos lagos, mas seus rumos seguem em outra direção. 

Cadê a paz tão almejada, que viu reluzir naquele dia outonal de setembro? Ela foi embora, junto com a dona de seu coração e foi se despedaçando com o caos da revolta pelo retorno. Mas, agora tudo é diferente, não é? Agora, ela conhece o ritmo sensato das direções da vida. Ela renega o que lhe fere e sobe no topo da montanha das conquistas, porque guiou o seu foco para a liberdade. 

Ainda assim, há o vazio deixado por ela, por sua presença, sua voz melódica, os seus pensamentos afiados, a sua delicadeza feroz, a sua existência adocicada e amarga. Tudo em um só corpo, tudo em uma única sonata. Todavia, cansa de escrever e decide encerrar esta missiva torta, jogada ao vento e ao Tempo, nos confins de sua torre colorida. 

Quem sabe a vida volta a ser cores e consiga, em algum momento, ganhar espaço em sua rotina outra vez? Ou quem sabe ela esquece de uma vez aquela felicidade que a condenou a ser incompleta, depois de experimentá-la. Há muito para ser vivido e a Imperatriz está somente começando. Que aguarde então...