sexta-feira, 12 de abril de 2024

A dona do Olimpo



O gosto da sua boca é como um paraíso celeste, que casa com seu desejo de visitar novos céus. Seus olhos fixos nos dela fazem a pulsação acelerar e achar novas formas de sanar desejos secretos do corpo e do coração. Quando as suas peles se encontram, é como se suas almas também se encontrassem.

É uma dança em um ritmo compassado, na qual as velocidades são cambiadas e, por isso, o tempo é outro quando está ao seu lado. Enquanto narra seus pensamentos, todo horizonte dentro da Imperatriz resplandece e tudo é festa, é sopro leve, em dias coloridos que já foram cinzas. 

Seu nome é melódico, seu sorriso cativa, sua voz amolece cada fibra que habita sua aura. Ela é uma nova canção, mas é mais do que isso, porque não quer ser. A sua despretensão pretensiosa é um charme inebriante, que faz o mundo se calar e somente o que ela diz importar. 

Cada segundo de sua respiração parece uma dádiva. A existência dela é como um riacho, que banha a alvorada e o silêncio, que transforma e renova, que é calmo, porém jamais irá se arrefecer. E todo o decorrer sereno de suas águas pode virar, ressignificando caminhos e intensidades.

Aí, ela passa a ser correnteza brava, que derruba o que vier pela frente. Esta é a cantiga que ressoa em seus dias agora. E sorri, enquanto escreve em seu diário de confissões. Ainda é cedo, talvez, para um codinome para esta mulher que tem preenchido seus dias de alegria. Talvez.

No entanto, pouco importa como a chamará. O que vale dizer nesta escrita confusa é que ela existe e, porque ela existe, tudo que habita o Tempo e o Espaço é maior, é melhor e mais sincero.

Então, que possa continuar desbravando esse afluente cheio de mistérios a serem desvendados. Então, que seus lábios se encontrem e a mágica continue a acontecer. Então, que viva inteiramente cada trecho desta partitura, que segue orgânica, até o presente momento.

Então, que se encante com cada gesto, com cada nova memória que ganha espaço no seu caminhar. Porque ela é um pouco de tudo que já conheceu e totalmente distinta do que já experienciou. Assim, ela já inicia uma espécie de morada no seu jardim. 

Porque ela é uma correnteza de chances, do que ainda está por vir e do que já foi, em frenesi absoluto, em tons vívidos e tão profundos, que já se sente um pouco sua a cada aurora flutuante. Pois ela tem sim algo de divino em sua existência…Ainda que seja tão humana, tão palpável.

É, ela um manancial de adjetivos tão profundos quanto os seus discursos sobre a vida. Do outro lado, a Imperatriz que a escuta, tão concentrada em seus argumentos, sorri e pensa assertiva: é, ela é uma Olimpiana, só pode ser…

sábado, 6 de abril de 2024

As palavras da Imperatriz


Como seguir, quando o coração está em brasa e, logo em breve, virará pó? Como saber o que espera o horizonte seguinte, se sente uma tontura cambaleante, quando seu nome chega dilacerando a mente? O que esperar de um amor ilusório, que foi construído de más intenções ou confusões de propósito? 

É impossível saber quantos céus cabem neste desabamento compulsivo de emoções, que deixam apenas saudade, medo, angústia e falta de zelo. Cravando a espada final em sua alma despedaçada, ela foi também Imperatriz, como aquela que tanto a amava. 

Mas foi no despudor do verso sinceramente doloroso, que deixou que fosse para nunca mais voltar. As suas vestes cintilantes, na verdade eram fantasia dominante, daquela que controla os seus somente por diversão absolutamente sua. 

Não ouviu, tão distraída, os pássaros soprarem a solução, naquele outono, porque se agarrou na impressão de que as suas frases soltas formavam um sentido. Ela, tão sua, tão fiel, acreditou em cada cartão, em cada sentença escrita em pedaços de papel e abandonou a sanidade, para decifrar mitos, que na verdade eram mentiras. Nunca houve sintonia ou conexão.

O que aconteceu foi um tombo, uma virada de chave, um rompante impactante, de um devaneio sufocante, de um verão que jamais acabará. Por isso, ele, o outono, não mais regressará. Sem jantares, olhares, flores, colares e segredos revelados, os dias desse sentimento estão contados, porque há de arrancá-los do seu peito.

Com coragem em prontidão, lançará mão de todas as forças que habitam o seu corpo, e caminhará de volta por entre os jardins que jamais deveria ter deixado de zelar. Seu caminho é seu e jamais pensou que a sacristã do controle, diria que ela mesma não poderia compartilhar a verdade do que são seus dias. 

Porque se quis tirar até mesmo a metáfora do girassol dela, é porque ela mesma não é o girassol que pensara ser. Ela era miragem. Era pesadelo, trajando vestes de sonho. Agora o infinito se acaba e já não pode ser mais poesia. Todavia, será, na véspera do novo dia, a Sacerdotisa mais iluminada do resplandecer da nova aurora reluzente. 

quarta-feira, 3 de abril de 2024

Mercúrio Retrógrado




Lei do retorno, retrogradações, astrologia, tarô, são tantos auxílios. Mas, nenhum planeta, nenhuma carta, nenhum nada poderá salvar aqueles que não olham para si. Contudo, em uma tentativa de melhorar os rumos da sua vida, colocou a mão em pólvora e explodiu todas as palavras de vez.

A cura virá retumbante, mas não repentinamente. Mas é na coragem que tenta firmar os seus pés. É a única forma que sabe fazer as coisas. Dizer tudo é uma maneira de lançar para outro a responsabilidade? Talvez. Mas, entre erros e acertos, conseguiu concluir o ciclo das quatro cavaleiras do apocalipse. Risos.

É, é bem verdade que deixou algumas outras para depois. O que dizer para a sereia, o florescer e a olhos cor de esmeralda, não é mesmo? Começou pelas mais difíceis e agora tomará um tempo para respirar. 

De um lado, ouviu tudo que precisava, do outro, disse duplamente tudo que esteve sempre engasgado. Ah, a não ser pelo choque cultural, as arestas foram apontadas. Espera que as ações alheias melhorem no futuro. Por elas mesmas. 

Quem já se viu querer alguma coisa que você nunca ofereceu, não é mesmo? No entanto, pouco importa em seus passos o que cantigas antigas quebradas irão fazer com seus discos arranhados e seus príncipes enlameados de controle ou descaso. 


Há uma estrada cintilante, que brilha para ela, pedindo que seja Imperatriz, até se tornar Sacerdotisa. Quem sabe não chegou o momento de finalmente consultar somente a si e esquecer a obsessão por selecionar comandantes para sua jornada. Elas já ensinaram e fizeram a sua parte. Não será injusta. 

E também sabe que, dentro de todo uma engodo e uma rebarba de defeitos e esquisitices, essas canções nunca prometeram o que ela queria. São as musas do sol, que têm esse quê de leonino no mapa, mas sempre com pitada de indecisão, manipulação ou drama. Ar e água banhando uma terra seca e desfalecida, que resseca e torna-se cada dia mais escassa. Sobretudo quando há a audácia de querer controlar o que o outro diz em lugares que não lhe cabem. 

A arrogância é tola, quando os muros desabam e somente existe um rei nu para ser olhado por uma multidão debochada. Por que esta autoridade desperdiça seu tempo olhando para as cartas de um súdito, que se nutre de metáforas, quando poderia notar no espelho que está despido?

Sem o comportamento apropriado, o rei despido está fadado a repetir esses ciclos, que sempre vive. A Imperatriz não julga, porém nunca vira antes atitudes assim de um monarca. Não é possível que seja comum essa troca de intimidades entre integrantes de mundos tão distintos, sem que exista uma fronteira ultrapassada.

Uma vez, uma dessas cantigas disse que todos têm os seus telhados de vidro. É preciso abrir bem os olhos e ter a certeza de quem está com os trajes corretos ou não. Ao mesmo tempo, ela sabe que existem números nessa equação que lutam por suas melhoras mentais e espirituais.

Pelo menos, aquelas que estão fora de jardins hiper protegidos se melhoram como podem. Mas somente a Imperatriz nasceu em solo sagrado, na terra confusa, mas que reserva consigo os maiores guardiões do mundo inteiro. É neles que pensa enquanto finaliza a sua missiva sobre a atividade terapêutica 02. 

É sorrindo também, enquanto pensa como é absurdo como todas elas chegam nesses escritos em algum momento e não param de ler até que não sejam mais assunto. O Devaneios Conscientes é da Imperatriz e de mais ninguém. São seus os devaneios. Bem, e a consciência também. Ainda que em devaneios… 

Se usará termos de sua escolha para falar de futuras amadas, não interessa a ninguém, seja ela borboleta, deusa, sereia ou girassol.  Mas, agora, segue para o que importa para esse blog. Como chamar a cantiga número…número…15? 

Em breve, iniciará a jornada de dissertar sobre ela, porque este diário é real, mas é um tanto fanfic também. A canção nova está tão na realidade, que não precisou de ficção. Todavia, em algum momento irá escrever sobre ela… sobre a musa dos seus sonhos…



segunda-feira, 1 de abril de 2024

Bis dann, Sonnenblumen


Vocês estão sempre ali, como os algozes do seu destino, como os críticos mais ferrenhos das suas decisões. Quem ela é senão a menina morta, que vira bruma e silêncio, em uma tempestade de sorrisos falsos. 

Vocês, príncipes do silêncio e das verdades proclamadas, ainda lhe dirigem escárnio, mesmo que depois de tanto tempo. Mas, por qual razão seguem sendo eles dois os guardas do portal mais alto, que a leva até a deusa do passado? Por que não a deixam em paz, em suas novas cruzadas rumo ao desespero?

Por que precisa ser fada e caminhar pela madrugada, enquanto fuma e se embriaga de veneno despudorado? Ela não quer mais ser a mesma de antes, ela quer fugir, seguir, rumo aos ventos mais alados. Rumo ao castelo lá no alto. Rumo aos braços de sua amada, celestial, doce, verdadeira e firme.

Por qual motivo insistem em segurar seus pés e enterrar sua alma, até a última pá? Por que precisa ficar quando quer partir sem olhar pra trás? Por que ficar? Por que cuidar de todas aquelas cantigas amargas, que insistem em cuspir em sua face e despir as suas veias, até que sangre sem parar?

Tudo que quer é cavalgar rumo ao porto seguro dos seus versos sagrados. Do beijo do girassol que, por mais difícil e tortuoso que seja, rima com sua alvorada, protege-a dos cálices imundos de inverdades cinzentas. As duas e a cidade esverdeada, coberta de flores rosas e cantos de pássaros alegres, vivos, serão mais do que já foram.

É necessário gritar pro mundo sobre as últimas gotas de paixão, desejo, erros, dores, mágoas e impropérios sussurrados nos ouvidos daquelas que foram suas e nunca foram. Pois é na despedida do outrora que quebrará os muros do presente, para vislumbrar o seu eterno futuro. Então, amor, espere, que regressará, quando fizer desvanecer a culpa, a mágoa e as dívidas e dúvidas com as donas do seu passado.

Agora é hora. Resetam os ponteiros e recomeçam a sorte do vencimento do erros. De tudo que é e não mais foi. De tudo que é e já poderia ter sido. De nada que é e jamais será. Corre o tempo, corre o espaço, rasga a pele e transforma-se na Imperatriz dos sonhos dela e seus. Ich komme nochmal wieder. Ich liebe dich, Sonnenblumen. Bis dann, bis immer, bis unsere neues Lebens. 


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quinta-feira, 28 de março de 2024

Kommt…

 



Ah, meu amor, você terá que me buscar, porque, depois do despertar dos sinos, tudo foi em vão. As mágoas cicatrizadas clamam pelo verão interno dos corações pulsantes, que se conheceram em tarde de primavera.

E depois? Você pode até me perguntar. Para onde iríamos quando os oceanos nos separassem novamente? Meu porto seguro é o bater do seu peito, que rima com a completude da minha alma. Seu sorriso contido é anúncio de festa em minha aura.

Então, meu amor, meine Liebe der andere Zeit, anderes Lebens, du musst mir nochmals versuchen. Eu te espero, como espero os pássaros, que me contam sobre seus retornos, quando pousam em minha janela, em uma tarde quente soteropolitana ou em uma noite fria paulistana.

Vem, para mim, sem subterfúgios, sem voltas e revoltas, vem como sempre veio, com uma doçura fugaz, mesclada com uma solidez fria. É o seu jeito e eu respeito. Seus olhos fazem falta, sua companhia faz falta, até o seu silêncio faz falta.

Você e eu podemos ser. Sem mais derrotas, sem jogos, sem promessas, sem segredos. Eu confio em cada gota dos seus versos, que escorrem seletos, por entre os rios do oceano que habita sua mente.

Em sonhos, a gente já acerta o regresso de nossa história, a continuação dos desejos, a concretização das vontades. Não vamos mais atrasar o que queremos. É possível, enfim, desatar estes nós que condenam os nossos passos, que atrapalham nossas verdades.

Você sabe o que eu sinto. Você sabe pelo o que o meu corpo arde e minhas emoções clamam. Então, você, meine kleine Sonnenblumen, precisa vir até a mim, fora dos sonhos, e me contar o que habita esse seu pensamento tão guardado e trancafiado.

Kommt, schneller…

segunda-feira, 25 de março de 2024

Agora vão...







Se os erros do passado cristalizassem os do presente, seria livre, enfim, para seguir por rumos mais floridos. Se as canções não ecoassem em seus ouvidos, poderia garantir a felicidade para aqueles que a cercam. Mas, no portal do Olimpo, avistou o seu olhar desesperançado. Quebrou seu coração remitente, em véspera de tarde cinzenta e de dor. Caso fosse possível enxergar seu coração, veria todo o amor que pulsa nela a cada respirar. Ainda assim, é com a musa do vento que deixa escapar o pior de si, sem seguir para a alvorada.

Ela, que domina os pensamentos e se faz presente em cada despertar, enlameia-se de tristeza quando encontra a imperatriz vestida de fada. Embriagada novamente, de álcool e de mágoas, ceifou de vez qualquer chance de aproximação. Em um profundo rompante de possessividade, queria que fosse sua e já não mais lhe cabia ser. Como deixar que a música cesse, quando o céu ainda permanece estrelado em sua aura? Como parar de repetir a mesma danação de outrora, em um gole só, enquanto não é dia de escárnio?

Somente sabe que a deusa do vento alimenta os seus piores pesadelos, juntamente com o alimento que entrega aos que pouco se importam com o seu caminhar. Quando irá ver que há um horizonte sem chagas, para que possam finalmente trilhar o rumo esperado e programado? Ou todas as suas ações tornam impraticável um retorno mínimo de sua respiração? Por que precisa ser tormento danoso, em uma segunda-feira fria, feia e cinzenta?

Pois queria que fosse eterno o momento que estava ao seu lado, no lugar que mais amam, dividindo os comentários que adoram tanto fazer. Só queria ser outra para que pudesse resetar seu sentimento, que ficou abandonado no passado tenebroso. Todavia, não há retorno e não há salvação. Precisa, mais uma vez, cortar o laço do amor bruto, que lhe rasga a pele e gargalha de sua árdua batalha. Precisa esquecer de vez ela e qualquer outra cantiga que tocou no ontem e já não vai mais ser tocada. É chegada a hora da despedida certeira e única.

Todas irão embora da sua mente e, com isso, a paz reinará. Não existirá deusa, girassol ou borboleta. Não existirá bebedeira, escândalo, raiva ou palavras vociferadas pelo inconsciente. Não poderão mais julgar a sua face zombateira, preenchida de ressentimento pelo abandono. Porque ela sempre avisa e nenhuma delas escuta. Depois, todas partem e, para ela, resta um coração estilhaçado, deixando a certeza de que tudo que pensa de si é verdadeiro. Chega de trajar as roupas de outra menina, que já se foi, com a varanda e os cigarros.

O processo é longo, mas o adeus é o passo inicial. No hoje, a ama, com certeza. No manhã, somente a ventania sabe e dirá com o tempo das deusas celestes, que empregam a calmaria, quando ela mais precisa. Então, que esqueça a noite de sábado e foque em seus versos não poéticos e confessionais. "Há vida para ser vivida e houve a vida que não se viveu". O Tempo, ele sim irá afastar as chagas dessa mágoa mal declamada por uma voz embriagada. Gritou pela partida, clamou para as entidades que lhe acompanham que seus antigos amores fossem embora de uma vez, em um trago só, e elas foram. 

Agora vão. 

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Todo dia, um recomeço




Nos dias ensolarados, que agora viraram pó, tudo era festa e fantasia. De longe, o castelo brilhava em ritmo de alegria, de entorpecente euforia, de sensíveis doses de amor em um turbilhão de sensações regozijantes.

Seus olhos brilhavam, como no outrora enevoado e de cavalgadas celestes. Os fios rubros dos seus cabelos também permaneciam os mesmos. Somente a face da outra que havia mudado tão bruscamente, que não a reconheceu. 

Quando poderiam ter o encontro verdadeiramente prazeroso e permitido? Quando os horizontes irão parar de desabar, para que possam ser apenas sinfonia melódica e não mais desafino? Por que precisa ser difícil e impossível?

Por que não pode carregar consigo o bastão da vitória e o contentamento de ter o amor que pensa merecer? Em seu caminho, não, sempre são as mesmas canções destoantes, dilacerantes, que queimam a pele em véspera de caos. 

Com os olhos ardendo de cansaço, relembra de suas caminhadas e conversas empolgantes. Depois, a melancolia invade e decide que, na verdade, chegou a hora de finalmente fechar a porta, partir e não olhar mais para trás. 

Ainda que a sua falta não seja percebida ou importe para qualquer pessoa que habite este Universo, ela sabe que a derradeira chance do horizonte resplandecido se desmanchou diante das palavras frias e das desconexões políticas entre elas.

Quando que pensaria que seria assim o funcionamento da sua mente? Mas, nada é mais importante do que suas convicções. Além disso, desistiu de ser aquela que proclama as paixões, em doces dias de primavera, empunhando um ramo de flores, um cartão ou um colar bonito que enfeite o pescoço de sua amada.

Todavia, esta não é uma missiva de desistência da vida, dos encantos, dos festejos ou dos amores. Não. Esta é uma promessa de outono, que finca bandeira em seu coração e alma. Aqui, diz ela retumbante, somente as auras intensas, de cores flamejantes e ventos incisivos têm chance. 

Adeus.

A verdadeira missiva

Liebe Sonnenblumen,


There are so many things that I should’ve said to you. But instead, I did a mix of saying too much and too less and forgot what really matters. You and what I think about you. Even if you don’t care, you know? I am a person that says every little thing. I am not one of those who can carry a heavy chest full of emotions.

And I know you do. You control everything and never let the wheel go. You have to take the hands off the wheel sometimes, Schatz. Maybe what is missing on you is what I have in abundance and vice versa. Maybe. Or you just think I am creepy? Do you even give a damn? Probably not! I am sure, absolutely sure, you do not.

Well, there is one truth and that is the fact that is so empowering to just focus on what you really wanna do and be! Life is to short for worrying about giving a answer to society. I do not settle for less. I refuse to do that! I will seek the life that I want and dream. At least, I will know I tried, right? The relationship that I think will be good for me, not in the eyes of others. 

The job I think will be good for me, not for the others. And so on… And here I am, talking about myself, again. Well, I do know you would never trade a bird in the hand for two in the bush, right? Imagine, you! You would never give up on a well positioned man, full of resources, that is just what society think is great. The normative relationship or being a minority?



And there is the vegan style plus sportive life that look so good on the Portraits, right? Lebensqualität, nicht wahr? I am not saying that you are shallow. I am saying you are mature, focused on yourself and on your own rules. You play safe, you wouldn’t risk a millimeter of your life plan for anything in the world. Or maybe I am wool-dreaming. Everything is almost perfect in the scenario you’ve pictured, but I am sure that, with all due respect, on the day that you break this control freak behavior cycle, alles wird gut! 

Aber zunächst sollst du diese Plan versuchen oder? Gut! Keine Sorge! Du bist nicht wie ich, anyway. Vielleicht sind die Frauen nicht ihre Dinge. Alles gut! Aber ich wünsche dir mehr Mut, mehr Spaß, weniger Druck und Kontrolle! Be happy, be you. 

Grüße :) 

sábado, 20 de janeiro de 2024

Pietro e Antonia


Todos os céus de agosto são iguais, porque eles revelam a melancolia que habita as caixas enfeitadas pelo destino. Entre uma mordida de biscoito ou outra, ele já sabia que seu retorno era improvável. Entre a certeza de tê-la perdido e o observar do nascer do sol, descobria um prazer contínuo em reviver o passado. Ou, mais ainda, em imaginar cenários nos quais a clausura, a promessa e a postura não fossem suas obrigações. Afinal, o que seria dela, suas fitas de ouro e seus fios avermelhados naquela aurora tão bela, quanto seus olhos cor de riacho? Ele já não sabia, mas pensava nela...

Antonia era como um girassol flamejante, quase intocável de tanto que se mirava ao sol. Pietro era o túmulo da jazida mais longínqua. Sentia-se tão frio que não recordava a última vez que havia sorrido. Não, na realidade, ele recordava, sim. Ao ver a sua imagem febril, cambaleante, chegando na porta de sua casa, Pietro sorriu. Ela caminhou na sua direção, sorriu também, acenou e disse "bom dia", em um suspiro agudo, seguido de um desmaio. O seu cavalo branco, imponente, relinchava quase como uma canção de lamúria. 

Ainda assim, Pietro sorriu. Ainda assim, Antonia sorriu. Um brinde pelo reconhecimento do passado. Pelo menos era essa a sensação que sentiam, de reencontro, de miragem, de paisagem profunda e bela. O coração de Pietro era incompleto, com um espaço vazio, que fazia ecoar todas as danações mundanas. Apesar de seu posto, ele nunca se importou em deixar se corromper pelos sacrilégios mais sórdidos. Pelo contrário. Mas, ao avistar as suas feições, imediatamente descobriu o que era ser feliz. Não, ele não descobriu, ele relembrou. 


A emoção estava, de alguma maneira, gravada, cravada em sua pele e sua alma. Antonia já foi sua em outra versão. Pietro já foi seu em outra versão. É inexplicável a razão de tal sentimento, porém o é e nada o faria acreditar o contrário. Por isso, ele a acolheu, cuidou de sua enfermidade e vigiou o seu sono, até que o melhor despertar possível se fez presente. Ele jamais sairia daquela torre, se estivesse ao lado dela. Quando Antonia abriu os olhos pela primeira vez, após a queda em seus braços, todo o planeta se iluminou. 

O seu olhar era ainda mais belo saudável, tinha uma faísca de vivacidade, de fervor, algo que Pietro nunca tinha visto em ninguém, nunca. Como ele poderia imaginar que o tempo inteiro, enquanto ele estudava, colhia frutas nas árvores, cantarolava, respirava, dormia e acordava, Antonia já existia, com seus fios rubros e sua face serena, mas agitada, ao mesmo tempo? Aquela moça era uma incógnita, mas aquilo não era nem de perto sua melhor característica. Antonia era sábia, era profunda, era sublime em cada uma de suas imperfeições.

Todavia, naquele instante do despertar de Antonia, após enfermidade, ele nada sabia sobre qualidades e defeitos menos superficiais de sua futura amada. Ele via e descobria, progressivamente, um amor inabalável, que ia abrindo espaço cada vez mais em seu coração. Ainda lhe era secreto o quão iria lhe amar. Por hora, basta saber que Pietro amou Antonia e ela a ele. Com desfecho ou sem desfecho para esta narrativa torta, de um diário de confissões mais torto ainda, é isso que importa.