quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Todo dia, um recomeço




Nos dias ensolarados, que agora viraram pó, tudo era festa e fantasia. De longe, o castelo brilhava em ritmo de alegria, de entorpecente euforia, de sensíveis doses de amor em um turbilhão de sensações regozijantes.

Seus olhos brilhavam, como no outrora enevoado e de cavalgadas celestes. Os fios rubros dos seus cabelos também permaneciam os mesmos. Somente a face da outra que havia mudado tão bruscamente, que não a reconheceu. 

Quando poderiam ter o encontro verdadeiramente prazeroso e permitido? Quando os horizontes irão parar de desabar, para que possam ser apenas sinfonia melódica e não mais desafino? Por que precisa ser difícil e impossível?

Por que não pode carregar consigo o bastão da vitória e o contentamento de ter o amor que pensa merecer? Em seu caminho, não, sempre são as mesmas canções destoantes, dilacerantes, que queimam a pele em véspera de caos. 

Com os olhos ardendo de cansaço, relembra de suas caminhadas e conversas empolgantes. Depois, a melancolia invade e decide que, na verdade, chegou a hora de finalmente fechar a porta, partir e não olhar mais para trás. 

Ainda que a sua falta não seja percebida ou importe para qualquer pessoa que habite este Universo, ela sabe que a derradeira chance do horizonte resplandecido se desmanchou diante das palavras frias e das desconexões políticas entre elas.

Quando que pensaria que seria assim o funcionamento da sua mente? Mas, nada é mais importante do que suas convicções. Além disso, desistiu de ser aquela que proclama as paixões, em doces dias de primavera, empunhando um ramo de flores, um cartão ou um colar bonito que enfeite o pescoço de sua amada.

Todavia, esta não é uma missiva de desistência da vida, dos encantos, dos festejos ou dos amores. Não. Esta é uma promessa de outono, que finca bandeira em seu coração e alma. Aqui, diz ela retumbante, somente as auras intensas, de cores flamejantes e ventos incisivos têm chance. 

Adeus.

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