sábado, 6 de abril de 2024

As palavras da Imperatriz


Como seguir, quando o coração está em brasa e, logo em breve, virará pó? Como saber o que espera o horizonte seguinte, se sente uma tontura cambaleante, quando seu nome chega dilacerando a mente? O que esperar de um amor ilusório, que foi construído de más intenções ou confusões de propósito? 

É impossível saber quantos céus cabem neste desabamento compulsivo de emoções, que deixam apenas saudade, medo, angústia e falta de zelo. Cravando a espada final em sua alma despedaçada, ela foi também Imperatriz, como aquela que tanto a amava. 

Mas foi no despudor do verso sinceramente doloroso, que deixou que fosse para nunca mais voltar. As suas vestes cintilantes, na verdade eram fantasia dominante, daquela que controla os seus somente por diversão absolutamente sua. 

Não ouviu, tão distraída, os pássaros soprarem a solução, naquele outono, porque se agarrou na impressão de que as suas frases soltas formavam um sentido. Ela, tão sua, tão fiel, acreditou em cada cartão, em cada sentença escrita em pedaços de papel e abandonou a sanidade, para decifrar mitos, que na verdade eram mentiras. Nunca houve sintonia ou conexão.

O que aconteceu foi um tombo, uma virada de chave, um rompante impactante, de um devaneio sufocante, de um verão que jamais acabará. Por isso, ele, o outono, não mais regressará. Sem jantares, olhares, flores, colares e segredos revelados, os dias desse sentimento estão contados, porque há de arrancá-los do seu peito.

Com coragem em prontidão, lançará mão de todas as forças que habitam o seu corpo, e caminhará de volta por entre os jardins que jamais deveria ter deixado de zelar. Seu caminho é seu e jamais pensou que a sacristã do controle, diria que ela mesma não poderia compartilhar a verdade do que são seus dias. 

Porque se quis tirar até mesmo a metáfora do girassol dela, é porque ela mesma não é o girassol que pensara ser. Ela era miragem. Era pesadelo, trajando vestes de sonho. Agora o infinito se acaba e já não pode ser mais poesia. Todavia, será, na véspera do novo dia, a Sacerdotisa mais iluminada do resplandecer da nova aurora reluzente. 

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