domingo, 3 de novembro de 2019

Entre o fim, o meio e o começo


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O pulmão pesa. Por que insiste em tocar a mesma canção novamente? Seus dias estão contados, assim como as cinzas dos seus olhos. Já não pode mais sentir, repete para seu coração mais uma vez, suplicando que ele a escute. Sua alma partiu para uma estação nebulosa, sem sinos, sem flores. Petrificou o sangue, que apenas jorrou para lembrar que sinfonias são dores incendiadas.

Foi, porque estava exausta. Abandonou a certeza de que daria certo. Jamais conseguiria celebrar aquele céu em tempestade. Nunca esteve destinada aquele abraço torpe, para aquele sorriso falso. Jamais lhe entregou uma gota de verdade e suas lágrimas secaram, seu corpo desfaleceu. Quase literalmente! E precisou reunir todas as forças que possuía para dizer adeus, sem olhar para trás. 

Porém, não aconteceu apenas assim. O mar invadiu seu peito e viu um horizonte distante cintilando. Numa noite inesperada, conseguiu gargalhar e vibrar como naquele outrora perdido. O que ocorreu? Repetia isto por horas, buscando compreender o que o destino queria lhe mostrar. Encontraram-se e não pôde disfarçar as emoções que chegavam, enquanto o mundo girava e a cabeça também.

Mas, o que será dela agora? Seus dias serão pó? Suas metáforas irão se esvaziar? Porque o caos veio, assim como a batalha vencida e o oceano jorrando em seus pés. Respira e traga seu veneno, que se transformou em tortura. Quem seria ela neste momento? Quem será? O amanhã é incerto e ficam as dúvidas, os clichês e um resquício de candência. Este resto que lembra para sua aura que ainda há um pouco de brasa para o recomeço.


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