Há um paraíso onde a escrita se deita sobre um coração
candente. Há sim um lugar para visitar. Depois de fugir de um horizonte
flamejante. Depois de conquistar a liberdade. De uma emoção. De sensações. De
sentimentos.
E existiu
uma missiva jamais entregue. Os corvos sagrados a devorariam com gargalhadas
cruéis. Sim. Sabe. De tudo. E um pouco mais. Um pouco mais de versos sublimes.
E a narrativa continua. Não se quebra. É como uma mágica jogada em sua
ventania. Mergulhada num caldeirão de palavras. Sim. E não. A vontade era
gritar a verdade.
Não. A
verdade era olhar nos olhos e dizer tudo de uma vez. A madrugada sela pactos
eternos. E não adianta mais dizer que os sinos não tocaram assim. Não. E se
enche de não para dizer um último sim. Talvez em outra vida. Quando forem
gatos. Quando se encontrarem no momento certo.
Porque era.
Foi. E não mais. Sim, nunca mais será. Em seu coração, em algum lugar, todas as
respostas brilham. Cristalinas sorriem. Porque os olhos não querem enxergar.
Mas alma sempre entende. Todas as tempestades foram reais. Ainda reclama, pois
não consegue esconder a verdade. Essa é sua. E façam. E usem. E voltem para
nunca mais. Para o nunca que jamais virá.
Somente o
príncipe, a fumaça e o vento compreendem. É mais fácil. Jogar a culpa na
ventania. Sua pele já foi condenada a lamentar. Sorri tolamente. Agora eliminou
qualquer certeza. Agora vive como aprendeu. Agora sabe seguir e trilhar novas
etapas. Agora sabe viver sem aflições corriqueiras. Não atende um pedido
qualquer. Senti-se livre. Para voar.
Honra.
Vontade. Desejo. Concupiscência. Todas. Juntas. Num mar revolto sem ilusões. É.
É verdade. Se as unir explodirão de júbilo. Sua máscara já caiu faz tempo. Sua
língua já secou todo o veneno de amargura que restava em seu sangue. As voltas
celestiais do mundo devolvem a relutância em ver o óbvio. Cresceu. A menina da
janela rompeu todas as grandes e flutuou. Invadiu. Pintou. Tomou. E quase
alcançou. Uma chave trancafiada em algum lugar. Nunca encontrou.
Foi o melhor
e o pior. Trouxe sim. Por que não? E em uma semana precisou confrontar todas as
melodias que escutou. Sim. As canções tocaram outra vez. E não acreditou. Em
seu diário digital escreveu sobre cada história. As narrativas divinas. Alguns
fracassos. Ainda assim, alegrias. É. Porque viu e soube.
Pensou? Não
pensou. Nem tão pouco premeditou reencontros. Mas o destino traz de volta.
Lancinante. Translúcido. E jogou outra vez para fora. As palavras. Disse quase
tudo para todas as músicas. Guardou apenas uma.
Em seu
coração e na alma sente. Sente que segue pela estrada certa. O rumo da prosa se
desvia. É. Sempre assim. Na verdade, queria uma única resposta. Se a tivesse
teria dito. Todas as metáforas perderiam o sentido. E a missiva guardada precisa
ser queimada. É um laço que decora o pescoço. Perto para ser apertado. É um nó
na garganta.
E se ao
menos enfrentasse. Se ao menos olhasse. Aberta. Sempre. Para todo sempre. E se
realmente quiser perguntar, pergunte. Venha. E diga. Venha. E pergunte. Venha e
fale tudo. De uma vez só. E a lança se partirá. Se a outra dos fios reluzentes
fosse menos arredia. Se aquela do olhar quase esmeralda a calasse com um beijo.
Se a fada não errasse tanto num outrora perdido. Se o gosto da falsa princesa
fosse sentido. Se ao menos fosse. Se tudo existe.
E nada.
Será. Nunca. Pois tudo que o destino lhe oferece não se coloca para o outro
lado. O de fora. Sim, o de dentro. Esse que fica próximo e habita sua
realidade. E não era nada disso que precisava dizer. Talvez. Não mais entende a
razão de se denunciar. Mas é preciso expurgar em algum lugar. As confusões. E
como seu amigo leãozinho diria. Cada dia uma lamentação ou feliz constatação
sobre um novo amor.
A verdade é
essa. E a felicidade está nisto. Sim, está. Sim, é. E sempre será. A fada que
emana luz. Cumpre promessas. Sela pactos. Recita poemas para amores. Entrega
flores. Escreve missivas. Canta. Corre num dia de chuva e engarrafado, somente
para conversar e olhar nos olhos. Que diz tudo o que pensa. Ainda que depois
riam. Dela. Ainda que todos a empurrem para um precipício sem volta. Pode
apenas dizer que já pôde entender. Depois de ler. E só assim defender. Tudo
aquilo que um dia chamou de seu. Por isso a letra persegue tanto. Porque
pertence ou pertenceu.
Sem fim.
Reluzente ou não. Às vezes doce ou infinitamente enobrecida de luz. Sua cálida
lua branca, sua flor. Suas doçuras. Os momentos. E agora quer quebrar os
encantos para trilhar rumos maiores. Passos. Mais passos. E crescerá
ainda mais.
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