
Ouço aquela risada em minha memória. Respiro outra vez, certificando-me de que o ar está presente. O anoitecer responde que a vida está ali. Clamando para ser vivida. E cada minuto perdido parte-se em melancolia. Desapego. Negações. Tortura sincera e elevada.
Não existe mais culpa. Erros são queimados pelo destino. O que resta são vontades e desejos que pulsam. Sempre. Recorrentemente. Cristalinas verdades. Palavras jamais pronunciadas. Neblina que se afasta com o tempo.
Livre, enfim, de amarras impostas, consigo falar o que é preciso. Ainda sim, o que eu preciso não é dito. Delírios desvanecidos, não se esvaem. Soterram as correntes seladas. Eu, que jazia na torre mais alta e inalcançável, escapo da dor da prisão. Contudo, internamente, resquícios ainda restam.
Corro. Perco-me. Já não sei ao certo o que digo. Tudo se confunde e a madrugada responde que o sono é a melhor coisa. Dormir. Esquecer. Sonhar com o amanhecer. Confiar que o que anseio seja conquistado. Assim, no flutuar das horas, deixo-me enlaçar pelo cansaço e fecho os olhos para o amanhã.
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