Chega sim,
de leve. Contudo é como um relâmpago numa tempestade enfeitiçada. A lealdade
ritmada de um beijo. A doce nuvem que dispara a pulsação da alma. A ventania
que brinda por sua nova jornada. A alvorada púrpura que congela os movimentos.
Os sentidos inexistentes de uma melodia infinita. E toca. E roda. E sente. E
roda outra vez. Como numa roda gigante que jamais cessa.
Sua face era
pálida, seus dias cinzentos, seu medo calava o seu verdadeiro eu. Este que queria
gritar. Era como uma volta sem fim de erros. Como um sopro singelo da sorte de
ter o que possuía. Era a música singela. Era embriagado de luz. Era véspera de
espera, nos mais revoltos mares de melancolia.
O vento
passou. Assim como a neblina. A saudade levou as horas incontáveis dos dias.
Sussurros elevados em plena tarde que não adormecia. A tarefa completa de ser
uma que foi para sempre. Grudada em sua pele. Eterna na memória. No balanço
sentava e a viagem era completa. Agora, escárnio. E tudo que foi já era para
ter sido. Quando a lágrima não veio, soube a razão da sua existência. Quando
tentou regressar, já não era mais possível.
Quando os
pássaros cantam, cantam mais uma vez aquela música que somente no amanhecer viria. Aquela que era somente encanto. Poemas em prosa, jamais decifrados. Calor e calma dominam os
dias. Os cálices passam transbordando loucura. E sempre soube a batida de
sua aura. E nunca esquece o sorriso gritado. Talvez uma gargalhada. Uma porção
delas. E sol brilhava em sua face rosada.
O céu
exclamou que o destino estava traçado. Assim, então, seguiu seu caminho com
outros versos. Ao ler, outra vez as dúvidas afastaram qualquer lucidez,
substituída pela embriaguez. Depois viu a solução almejada. E somente assim,
então, pôde respirar tranquilamente. Agora escuta a mesma versão, do paraíso
encontrado no que resta de certeza em si. Pois nunca encontrará a
resposta do enigma, de tão belo texto ou somente de um pretexto. E seu perfil
passa entre as flores. Cegas. Intactas. Singelas. Puras. Rubras. Castas.
Intocáveis. Inigualáveis. Insignificantes. Repressoras. Solitárias. Calmas.
Inebriadas. Suspeitas.
Todas. Uma.
Somente. Candente. Sorridente. Complacente com os próprios delitos. Nem tão
graves assim. Talvez. Ou não. Ou tudo. E nada. No espaço das letras. Na margem
de um rio. No soar de um sino. Na madrugada infinita. Na simples sinfonia. No
caos eterno das dúvidas. Porém, não escapa das gargalhadas de sua vida. Repleta
de alegrias, de sons que jamais escapam. E das visões dos melhores encontros. De
participar dos mais belos momentos. Apenas escreve sobre algo visto. E assim
termina mais rima para sua melodia. Acaba, assim, mais um ciclo vivenciado.