quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Cherry


 Perdida em delitos e repetições. Para além das canções vive em outros horizontes. Onde a escrita tem fim. Onde os pássaros sempre cantam e a infinita descoberta do mundo encanta em mínimos detalhes. Suga todo o conhecimento. Passa por sua face e imagina. Seleciona. Cresce.
 Pelo caminho selou fortes amizades. Regressou ao passado. Sentiu. Dores, perdas, alegrias, alívio. Entre as narrações vividas encontra a doce fumaça. Fiel escudeira com que divide as madrugadas. Com quem viaja por lembranças. E sua melodia também é fina. Pura e doce. Ou amarga e feroz. Perpassa por emoções translúcidas.
 Sim. Menina. Da valsa. Das casas. Dos mundos habitados. Do irreal. Do surreal. Das paisagens infinitas. Hedonista. Obstinada. E acima de tudo, adoradora da ventania. Que elimina mágoas. Eleva sua alma. Santifica seus passos.
 Talvez contar histórias seja mais fácil. Porém encarar o verdadeiro amanhecer de novas imaginações dificulta a escrita. E gasta toda sua força para explicar o inexplicável. Sua singela vontade aumenta num instante e tudo muda. E já viveu em paraísos inacabados de pranto e de sorrisos. Sua força vem da pele. Da mente.
 Aprendeu sim. Pois ensinaram que não havia outra estrada. Contudo, com uma grande ajuda, escapou. As grades se partiram em mil. O coração palpitava. Entre risos e soluços. Entre um maremoto de preocupações e resoluções. 
 Depois o encontro perfeito e ideal. De um amor jovial. Correu riscos. Gritou. Errou. Perigosas escolhas. Outras nem tanto. Assim deixou passar qualquer ilusão. E a fronte arde ao sentir qualquer arrependimento. Porque não há nada melhor do que aceitar uma escolha. E seguir.
 E seguiu. E viveu. E mudou. Não há como negar. Ainda que menina. Não mais na janela. Sem varanda. Sem correntes. Sem meias palavras. Sem rimas. E o último verso abençoado de sua música veio doce. No momento são dois pontos. Desequilibrados. Opostos. A quebra. O caos. Para a salvação. Então, o tempo passa e encontra a doçura. Essa, por mais incrível que pareça, mudou qualquer perspectiva conhecida.
 Sim. Agora. Pode seguir para novos abismos ou para o topo da mais bela montanha. Porque sim. Não mais enxerga por um prisma unicamente. Existem doces finais. Existem novas aventuras. E a sede é para isso. Para as aventuras que correm em seus profundos olhos que queimam de vontade. De desejos. Onde a concupiscência flameja no corpo e na aura. E que venham. Novos. Novas lembranças. Novas narrativas. Pois sua cor é real. Pois sua chama é sentida e espalha-se. Por todo o oceano. Entre todas as neblinas. Na bruma que escorre por seu ventre. Porque é fogo que não se apaga. Porque é sim intensa. Candente. Assim como os fios rubros que imprimiu em si para que combinasse com o resto de sua alma. Sim. Será. Sempre. Cálida lua branca.

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