E seus olhares são esperados. Outra vez, atrás da lente.
Entre a neblina e a respiração ofegante encontra mais um pouco de aflições
diárias. Agora, com as palavras não mais lidas pode reconhecer seu erro. Sabe. E espera um dia poder rir novamente. Ouvir as gargalhadas
flutuantes, ecoando cintilantes pelo espaço.
Ainda. E tão
longe. E foge. Foge pra não pensar. Não errar novamente. E sua mente repassa os
detalhes perdidos. Foi por onde mais encontrou os reais pedaços estilhaçados de
memória. Onde o tempo cantava e o horizonte não alcançava. Onde a música era boa
e os pássaros saltitavam. Ali, naquela jazida, bate um coração ardente,
inconsequente, candente. Perfurado de chagas postas recentemente. Pelos castos
lábios flamejantes.
Perde o
ponto da questão. Respira procurando sensações, emoções vibrantes em sílabas desleixadas.
Agora inacabadas. Agora cobertas de flores que escondem seus suspiros. O
destino. E cálice. O semblante jovial que esconde a face pálida. Uma mentira.
Algumas outras verdades. Mais e mais sucumbindo na aurora perversa. Densa.
Espalhada. Coberta de caos e lógica. Entre as manhãs seladas pelo ódio e o silêncio.
Agora dorme
e o futuro lhe escapa. Então vem a sorte de sentir mais uma vez o beijo quente
que escorre por sua mente. Imprudente cala sua voz enquanto grita ao entardecer
que a prosa partiu e os poetas calaram mortos. Cravou a última espada na pele
amargurada. Quebrou o encanto preso no espelho. Soletrou os últimos versos da
primavera. E esperou... esperou...ainda espera.
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