terça-feira, 10 de julho de 2012

Espasmos


Mais uma intragável fumaça desce por sua garganta. Mais ilusórias satisfações. Mais dias comprometidos. Sufocados em névoa tortuosa. Em chagas translúcidas. Em fios dourados com goles sutis de tempestade. O amanhã iluminado de faíscas reluzentes reinventa desculpas comprometedoras. 
 E a relva enlaça o culpado gole seguinte. Em chamas o corpo contaminou o coração. Em nebulosa certeza a mancha da raiva sentenciou o desejo silenciado. E caminharam. Juntos em flores, em dores, poemas, lágrimas e mais novas canções. Entoaram todas, em uníssono. Em vibração celestial. Em material surreal. Em brando calor recorrente.
 Ainda que fosse a menina candente, jamais deixaria de celebrar a dor e a tristeza. Porque no coração batem centenas de toques. Medidos e desmedidos. Contados e recontados. Trilhados. Caçados. Na pulsante calmaria de ser quem é e por saber o quão longe o destino pôs a afiada lança.
 Move-se em brumas escapadas. Ressuscita temores escondidos. Flamas. Brasa. Mais um pouco de impropérios e delira até o amanhecer. Correndo para buscar um pouco mais do sangue latente que vibra em sua pele. Nos sussurros que escapam enquanto morre outra vez. Cortam-se palavras. Sumiram na madrugada. Alcançaram o silêncio inesperado. Suspiraram até o último gole de tentação. 
 Lamentos de despedida. Uivos de dor. Marcas alucinadas. Mais prosa rabiscada. Mais uma dose do seu sorriso. Mais e mais. Sensações. Emoções. Canduras desbravadas. Ventania. Espasmos. Louvor em santo pasto. Nos mais belos olhares almejados.

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