Ali, em um casaco guardado no fundo do armário, morava um papel antigo e amassado. Nele, versos tolos foram rabiscados em uma sexta-feira de novembro. De qualidade questionável, a junção de palavras se fez para que pudesse expurgar um sentimento avassalador que a consumia a cada despertar.
Prometera que esconderia aquela suposta poesia, devido a ausência qualitativa dela. No entanto, perdeu a capacidade de escrever sobre ela e ao encontrar frases tão apaixonadas - escritas em um passado tão distante, que agora parece outrem que as criou - decide jogar para o mundo a poesia ingênua e ébria.
Uma que é cheia de saudade e aflição, é bem verdade, mas que também revela um pouco da profundidade das suas emoções daquela época. Todavia, ao jogar este rabisco para o Universo, suprime o nome - ou sobrenome? - de sua amada, para manter alguma dignidade para si.
Ainda assim, é totalmente possível saber como ela é chamada, apenas pelo apelido que inventou. Este que decidiu usar quando criou esta poesia, talvez. Já não tem certeza. Recorda apenas que este era o título do texto.
Este que era quase exatamente assim:
Schmetterling I
Aguardando a doce XXXXXX
me entregar um tanto de alegria,
nesta solitária noite de sexta-feira.
É chuva triste que no peito incendia
e mesmo que em seu coração não me queira
hoje, meu pensamento clareia.
Nas palavras não ditas,
no infinito das horas,
nas preces malditas
onde tu não moras.
ELP - 05.11.2021
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