quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Uma resposta para o inverno do seu coração



O nó na garganta continua presente. Quando lembra de seus fios avermelhados, a sensação piora. Resta apenas o aperto crescente e lágrimas que jamais chegam. Queria poder segurar todos os momentos que esteve feliz ao seu lado, queria que ela regressasse com seu sorriso alegre e dissesse que está tudo bem. Todos os seus sonhos desvaneceram em suas mãos após a sua partida. O que resta quando o sol se põe e a melancolia se alastra?

Talvez ela precise recordar as palavras doces que lhe foram direcionadas. Naqueles conselhos de início de tarde estão as respostas. Ela precisa pensar qual o lado positivo em todo o caos que proporcionou para sua própria vida nas últimas semanas. Recomeços são importantes e paixões só a fazem sucumbir. Então, de certo, há alguma coisa boa neste vendaval solitário. Porque, mesmo sem conseguir deglutir metafórica e fisicamente, lá fora, o dia está iluminado.

Na verdade, há tempos não contemplava uma manhã tão ensolarada em suas terras. Além disso, viu o pássaro cantar em sua janela, tão feliz e imponente, que quis se contaminar daquela energia. Todavia, se sente paralisada e sem forças para realizar tudo que precisa e ama. Uma pausa breve é necessária e ela sabe disso, porém se culpa porque queria ser mais forte e menos intensa. Ela queria que tudo fosse diferente e sua alma está cansada de lutar contra a sua própria natureza.

O que fazer então? Não há nenhuma outra solução que não seja esperar o tempo passar. Em cada madrugada infiel, irá respirar fundo e contar os dias para que as estações mudem e tenha a sua resposta certeira. O que ela pensa sobre tudo que aconteceu? Quais são as sentenças cravadas em sua mente veloz, afiada e coberta de racionalidades? Escutará sua voz algum dia outra vez? Não saber nenhuma resposta é a danação mais dolorosa de todas.

Depois, ela se lembra das praças encantadas, das árvores abraçadas, das confissões que fez para a natureza e da promessa de outubro que não pode deixar de cumprir. Ela precisa lembrar de toda a força que habita o seu coração e de quantas batalhas venceu após cada momento de coração partido. Não é momento de lamentar a ausência da cantiga mais bela. Não é agora que deve lembrar das frases soltas proferidas naquela noite e se torturar por querer abandonar tudo da mesma forma que se sentia abandonada. 

Não pode nunca mais se culpar. Ela precisa segurar a correnteza que quer desaguar descompassada e regular o vento que consome seus passos. Ela está no comando da sua vida e ninguém pode tirar isso dela, não é? Pois sobreviveu a todas as aventuras e precisa se sentir orgulhosa disso, de alguma coisa em sua tola vida. Então, isolará qualquer chaga que possa dominar a sua razão e deixará de lado a esperança do seu regresso. Ou, pelo menos, tentará dosar a sua ansiedade. Ainda não se passaram a quantidade de horas suficientes para que ela possa a ter perdoado ou mudado de opinião. 

Mas, roga que volte. Da maneira que quiser, ela terá um espaço reservado em sua vida para todo sempre, nesta ou em qualquer outra jornada. Basta querer. Porque não há outra que tenha um poder tão especial, não há outra que consiga dizer tão solenemente o que deseja e possa ver aquilo sendo concretizado tão prontamente. E é por isso que sabe que provavelmente jamais voltará. Mesmo assim, vive neste aguardo, enquanto segue o seu destino, enquanto cumpre suas funções, enquanto suspira ao recobrar qualquer memória com ela. 

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