terça-feira, 27 de setembro de 2022

Sobre a fada esmeralda



O véu se quebrou em finos espasmos. A escrita se derramou pela glória do teu nome petrificado. Como em um despertar após um sonho incessante, as verdades tomaram seu peito, que antes já estava inconsolável. A justiça caminhou ao seu lado e proclamou todos os gritos por tanto tempo guardados. Não mais celebrou a mentira, o desengano ou a ilusão. 

Agora, com as verdades purificadas, finalmente alcançou a libertação. Agora, sem medos trancafiados, conseguiu ser aquela do passado novamente. Juntamente com seu presente, amarrou todas as características que carrega consigo em sua aura. Desta vez, o fez de maneira bem firme, para que jamais esquecesse que canção alguma pode lhe aprisionar.

Ela é o vento despudorado, o campo que incendeia com qualquer flâmula. Ela é caos em véspera de desespero e acalento em tempo de necessidade. Por esta razão, nunca mais se calará diante da injustiça que é amar e precisar corresponder um mistério insignificante. Jamais voltará para o ponto inicial, no qual tudo é desapego e nunca intensidade. Jamais irá questionar sua sede, seus desejos ou decisões tempestuosas novamente.

Não importa quão grande seja o castelo, ela sabe que todas as sonatas desfazem os laços, porém não podem permanecer longamente. Então, por que correu por tanto tempo de sua danação preferida? Por que tentou procurar em imperatrizes e rainhas aquilo que não consegue achar em si mesma? Na verdade, precisa entender que não haverá ser algum que possa controlar essa chama que não se apaga, essa vontade de correr pelos campos floridos em véspera de estações mais quentes.

Ela é verão, é sol e ventania e sempre soube deste fato. Não precisará, assim, que venham girassóis ou borboletas para iluminar um horizonte já tão iluminado e perfumado. Por isso, no hoje cheio de ilusões quebradas, promete para si que não olhará para trás outra vez. Encerrando ciclos, irá cruzar a fronteira do próximo ano limpa e sem impedimentos. Irá aceitar a transformação, mas manterá o que há de mais precioso em seu coração de fada torta e de asa quebrada.

Se houver alguma resposta do outro lado, caminhará na direção oposta. Pois, nesta nova alvorada, não há espaço para donas de corações e sim de sinos que compartilham estradas longas, que serão trilhadas em conjunto, no dia mais lindo de todos, no celestial e translúcido amanhecer, que talvez esteja por vir quando for mar mais uma vez. Então, que venha, que seja, que reaja e nunca mais espere por sereias fantasiadas de sorrisos. Até o fim, até o próximo encontro com o castelo, até o retorno, até o infinito.


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