segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

Pausa no mistério



Há tanto ainda para ser dito. Ou não? Ou são apenas fiapos de frases sem sentido, que escapam dos dedos, enquanto respira? Quantos sóis terão de raiar até que sua face se apague da sua lembrança? Quantos dias ou meses torturantes ainda estão por vir?

Talvez, tudo que exista neste momento sejam perguntas. Questiona-se também se em alguma estação poderá ter a sua presença de alguma forma. É tão cruel que os destinos cessaram de se cruzar. É agonizante imaginar que jamais escutará sua voz ou olhará em seus olhos outra vez. 

O nunca é tão doloroso que aceitaria até qualquer opção possível para que o encontro se repetisse. Anda tão perdida nesta fábula insólita destruída que jurou para si que se pudesse compartilhar alguma trajetória, aceitaria. Mesmo que seus lábios não se encontrassem, mesmo que o coração dela batesse por outro, mesmo que seus olhares fossem distantes.

Depois, recorda das cartas e percebe toda a confusão que sentira nos meses melancólicos. Se ao menos soubesse, lá no passado não tão distante, que dependeria somente dela, que certas canções são mais complexas do que outras e que sentiria tanto desprezo em formato de frases, teria reformulado suas sentenças. No entanto, não mudaria as suas ações. 

“Há tanto por vir”, revela o príncipe sarcástico. Em seguida, a demora. Como saber o que esperar de um ano profícuo em possibilidades, mas tão ausente da presença dela? Como descobrir sem consultar oráculo algum o que existe na próxima esquina? O que pulsa em sua alma, ainda que tão guardado e trancado?

Neste desatino, atordoada, deixa que o silêncio da noite confirme que ainda sente o mesmo de sempre. Inconformada pela falta de cura instantânea, se aconchega na ideia de que no outrora fora ainda pior e que, no hoje, caminha com um peso menor. Protegida em sua torre colorida, sabe que o Tempo alivia os desmazelos dos corações partidos. 

É lento o processo, sim. Mas, a paz tem de vir. Neste descontento, aguarda uma resposta sensata do Universo. Nesta aflição, busca encontrar uma solução menos intensa para que consiga achar uma estrada em comum. Depois, percebe a tolice de seus pensamentos. 

Engole o pranto que deseja chegar, convoca o mistério que preferiu vestir, luta para apagar qualquer ideia estúpida da mente e segue sua rotina como se nada houvesse acontecido. 

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