quarta-feira, 13 de abril de 2022

Um novo ano


A noite vira madrugada e o tempo segue seu curso. Respira fundo e tenta encontrar palavras que gostaria de ter para dizer. No entanto, elas escapam da sua mente e quase desiste de continuar procurando por elas. Talvez, pudesse começar falando sobre como todo céu brilha mais intensamente com o anúncio de seu dia.

Ou não. De certo, frases melosas sobre a magnitude de sua existência e de como o Universo resplandece fortemente pelo fato dela habitá-lo seriam tolas agora. Não deseja ser óbvia ou deixar nítida as suas intenções. Os rodeios fazem parte da tentativa de mascarar o que realmente quer escrever em seu diário de confissões.

Para tal, precisa começar de alguma forma. A menos explícita possível… Talvez, pudesse listar todo o júbilo que espera que tenha ou todas aquelas frases clichês que dizem em eventos desta procedência. Contudo, precisa disfarçar e encontrar saídas para proferir tudo que necessita sem se entregar. 

Assim, segue em sua ineficaz tentativa de dizer o quanto seus olhos iluminam os espaços, como a sua voz ecoa nos recintos, como o seu conhecimento atravessa barreiras inesperadas e profundas, como a sua respiração é encantadora ou, até, como poderia ouví-la falar sobre qualquer assunto por horas. 

Isto porque a sua energia vibrante se espalha e deixa qualquer um que preste atenção inebriado. Alguns, inclusive, chegam a sentir palpitações no coração com o menor sinal de encontro com seus olhos. Estes olhos atentos, e dispersos ao mesmo tempo, que devoram, analisam e comentam em silêncio. 

Ainda, poderia recordar como seu caos organizado faz dela um ser de tamanha complexidade, que tudo sobre ela é múltiplo, diverso e cheio de sentidos tão amplamente plurais, que seria preciso uma eternidade para descobrir tudo sobre ela. Todavia, neste mesmo caminho, seria possível falar o quão fácil é enxergar as suas emoções transbordantes. 

Neste misto de camadas infinitas, de combinações astrológicas perigosas e com um charme singular - destes quase impossíveis de se achar -, ela, que é rainha de todo poder de sedução e encantamento presentes no mundo, dá mais uma volta em torno do sol e fica ainda mais soberana, dona de si e de suas conquistas. 

De longe, com o seu telescópio metafórico, contempla a luminosidade que vem dela e atravessa quilômetros em instantes. Por este motivo, carrega uma certeza - que pode até ser tola - de que há muito por vir nesta trajetória por ela vivida. Virão, assim, mais descobertas, celebrações, imponência, candência e luz.

Pois ela também é vendaval, destes que carregam tudo consigo, com as flores rubras, com todos os jardins. Depois, lembra que era tudo segredo e que estava tentando não deixar tão estampado o que é de fato este texto confuso. Pelo menos, esta missiva, que se junta a tantas outras, chega em seu desfecho agora. 

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