quinta-feira, 14 de abril de 2022

O risco de dormir


Até que um oceano as separe, irá se debruçar em pensamentos repetidos sobre tudo que viveu naquele passado não tão distante. Há uma questão principal aqui: o fato de que quando fecha os olhos para dormir, a imagem de seu semblante vem sempre. É imediato e sempre surpreendente. Depois, chegam os sonhos e sua presença invade o subconsciente, que navega pelos céus dos seus olhos. 

Estes sonhos são tão intensos e profundos, que é possível resgatar a lembrança de seu cheiro e a sensação de seu abraço. Todavia, não existe em sua mente ou em seu coração nenhuma perspectiva de regresso ou de salvação para esta fábula insólita. Há apenas uma vaga impressão de que seus caminhos um dia poderão se reencontrar.

Contudo, ressignificados, com outros sentimentos e intenções. Haverá de existir um horizonte possível, provável, reconstruído. No entanto, ainda que este fato ocorra (ou não), até o presente momento, mantém este amor profundo guardado, trancafiando nas profundezas de sua alma.

De certo, colherá a cura em algum momento. Seja quando estiver ainda mais distante geograficamente de sua amada, quando os anos virarem um a um ou nunca. É perigoso demais apostar os caminhos que o coração irá seguir. Somente sabe que, enquanto a paixão existir, a esconderá completamente. 

De fato, a narrativa é um tanto triste, porém somente a primeira parte dela, porque o amanhã é mistério e somente o tempo entrega qualquer resposta. Boa ou ruim. Então, nesta madrugada, segue para encontrar o sono apenas com um receio: o de sonhar tão intensamente com a borboleta que fique acordando a cada hora, assustada e confusa. 

Mas, quem sabe um dia tudo isso passará ou será compreendido?

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