sábado, 18 de dezembro de 2021

Despertar da fantasia




Os céus desabaram e rimaram com seu coração. Num descompasso lancinante, queria fugir para sua torre secreta, mas não era possível. Em outras terras, precisou encarar e escutar a certeza do não, sem que ao menos houvesse um sim. 

Do outro lado, uma beleza radiante e um sorriso desconcertado. Ela, que é dona de toda chama que habita o mundo, olhou nos seus olhos e eles eram somente negação. Depois, uma lista de impossibilidades, um vendaval em forma de discurso. 

O chão se abriu e caiu em múltiplas dimensões, que se chocavam. Há aquela que criou e fantasiou tolamente, por meses. Existe também a real, dura e profundamente certeira. Foi então que a tontura se instalou e partiu em direção de algum aconchego menos traumatizante. 

Agora, pelo menos sabe que tentou, que lutou até o fim, mesmo que tenha sido pela fantasia e não pela realidade. Agora, respira fundo, abre os olhos e procura novos rumos, outras estradas. Sorri enquanto escreve, porque as memórias ficaram e o sol há de vir. 

Com canções ou não, pisará firme e seguirá na trajetória tão sonhada. É isso que sabe fazer de melhor, não? Jornadas infinitas de trabalho, afazeres, que deixam o tempo escorrer das suas mãos e tudo é mais feliz quando está imersa neste seu mundo particular de labor. 

Todavia, será árduo esquecer do som da sua voz, da sua boca, das suas mãos, do seu jeito e, agora, do seu cheiro. Recordará, em um futuro não tão distante, de tudo que poderia ter sido e não foi. Mas, é na paciência exercida que se curam as paixões desmedidas anunciadas em cartas de tarô. 

Sempre.


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