quinta-feira, 24 de setembro de 2020

J



 Amanhece. Café quentinho. Uma fruta e um pãozinho. Escreve artigo, escreve crítica. Estuda. Curso, curso, curso. Aquele outro curso. Vê filme. Lê um pouco. Tum! A comida ficou pronta!! Escreve de novo! Hora da pausa. Terapia!! Lembra da família e dos parentes mortos. 

Mais um pouco de filmes e, talvez, aquela série que a deixa nostálgica. Hora de dormir. Lembra de seu amor. Ela não está mais lá. Dorme. Ou, ao menos, tenta. 

Já é hora acordar e começa tudo de novo. “Será que Esther vai ligar hoje?” Não dá tempo de pensar. A clausura obriga as horas a passarem rapidamente. Mais um gole de café, porque já está na hora daquela reunião. “Será que Esther pensa em Jamile de vez em quando?”

Talvez, fosse melhor que ela mesma ligasse para Esther. Por que o pensamento é tão desobediente? Queria poder agarrar o relógio e implorar mais um pouco de tempo para suspirar de amor. 




Não. Não é possível. Repete até acreditar, enquanto esquenta a comida que fez no dia anterior. Após a refeição, coloca a cabeça no travesseiro. Depois de comer não pode fazer nada. Sua mãe que disse. “Faz mal baixar a cabeça depois de comer feijão”. Jamile sempre obedecia, por mais que estivesse ocupada.

“Será que seus amigos esqueceram dela?” Uma mensagem!!Não é de Esther, mas sim do seu melhor amigo. Ele pergunta se está tudo bem. Uma pausa. Estaria ela bem? Pega um cigarro e ascende. Já não dá mais para cessar a fumaça, como no outrora. Ela é sua única companhia. 

Respira e manda um áudio, com sua voz de personagem feliz. Uma que criou desde a infância para que nunca soubessem como ela realmente se sente. Seu amigo parece feliz com o áudio. A resposta dele é bem animada. 

Mais um filme e alguns textos e Jamile terá alcançado a meta do dia. Todos os dias ela monta um cronograma e faz cada atividade que planejou. Pelo menos as que consegue dar conta, dentro de sua lista megalomaníaca. 

Textos lidos e escritos. Deita e se espreguiça. Lembra que tem aquele joguinho no celular e joga até os olhos ficarem pesados. “Será que amanhã Esther vai me telefonar? Terei alguma notícia sua?” Pensa, enquanto vai adormecendo. Amanhã vai começar tudo outra vez...

Nenhum comentário:

Postar um comentário