Cobriu seus passos de melancolia. Emudeceu diante dos sinos.
Incendiou os mares prometidos. Antes que pudesse respirar, a luz reascendeu.
Entre o outrora e o presente, deixou-se soterrar por sentimentos. Deixou que
uma fagulha de esperança reinasse outra vez em seu coração tolo. Esse que se
inspira com um leve sorriso ou um olhar genuíno de paixão. Esse que sabe a hora
de recomeçar uma história, mas que não conhece os limites para as emoções.
Estas tão fortes e
intensas. Estas que devastam e salvam. Estas que são sinos, silêncio, luz,
esmeralda ou oceano, porém que não podem mais florescer. Não escuta mais os
pássaros. Talvez passou tempo demais dormindo. Talvez eles já estão
desfalecidos nos pés dos antigos amores. Ou talvez seja mesmo uma pilha de palavras
sem sentido, de bobagens engasgadas.
E por que disse? E
por que fugiu, então? Por que decidiu tão fortemente deixar os sinos soarem tão
repentinamente? Se estava segura em uma nova varanda não há sentido para
escapar. Contudo não sabe. Não entende. É incompreensível demais. É tão turvo
que desfaz a memória. É tão nebuloso que se perde nas bifurcações. É tão
difícil que a garganta seca, os olhos se fecham e já não consegue escutar som
algum.
Se de solidão e
palavras foi feita. Se seus dias são de madrugada e fumaça. Se prefere o
abandono. Se já conhece todos os próximos passos. Se não consegue enxergar
solução. Realmente não há escapatória. Não há salvação. Existe apenas a
repetição do ciclo, da escrita, dos gestos, das sensações. Existe apenas uma
vontade enorme de passar por aquele caminho novamente. Existem apenas segredos
sinceros, as horas que passam, a distância construída, a confissão revelada e o
medo do próximo despertar.
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