Rasgou a couraça. Escalou a ponte
para o abismo. Entre escorregões e tropeços finalmente chegou ao seu topo. A
ventania, que segurava seus braços, cessou. Olhou para o horizonte e segurou
todo o impulso de pular. Como poderia fazê-lo se passou tanto tempo treinando o
contrário? Depois viu a fenda, que separava o abismo da próxima ponte, ir se
fechando. Rapidamente. Agora estava mais que na hora de entregar-se ao
precipício.
A vontade era sua dona, mas a mente
latejava, dizendo o contrário. Não se entregou. Segurou-se com toda força nas
rochas que estavam ao seu redor. Nenhum grão de areia ou pedra flamejante
atingiu sua rubra face. Por fim, caiu em direção oposta ao seu objetivo. Flutuou
rumo ao caminho contrário. De longe, avistou a placa com uma escrita turva. Lá,
do outro lado, viu que ali, local no qual estava há pouco tempo, se encontrava um
jardim florido. Lá estava a luz esverdeada que perdeu num outrora bem distante.
A fenda se fechou. Em seguida, a dúvida restou. Será que esperava uma nova abertura
ou voltava para os braços do vento, para ver outras tempestades? Talvez
perdesse a candente chama de cor verde. Talvez jamais se abrisse aquele portal
de novo. Talvez.
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