A chave se encontrava em suas mãos. Estava indo em direção
da fenda. Sim. A luminosidade banhou o horizonte e já sabia como deveria ser o
paraíso. As cores, as flores, a face e a ventania, o doce encontro revigorante.
O portal se fechava novamente. Correu em sua direção. Com toda força que lhe
restava. Porém, assim que colocou os pés no jardim esverdeado tudo se fez
cinza, escuro, sufocante.
Rajadas de raios candentes. Cálices
transbordantes. Farpas. Espinhos. Crueldade e rancor. Flechas cálidas caiam do
céu. Sim, no outrora estava certa. O silêncio era o mal disfarçado com um
sorriso melancólico. Sim, nunca errou por evitar a entrada no secreto abismo.
Aquele lugar era condenado e assim que se entregasse seria derrotada e
amaldiçoada a sua sorte.
Todo o tempo fugiu, correu e agora já
sabia que deveria continuar com sua razão. Se sentiu que não deveria entrar isso era o mais
correto. Somente tristeza habitava aquele desconhecido reino que um dia se fez
parecer luminoso. Após a conclusão precisava achar a saída que, assim como a
entrada, se estreitava de tempos em tempos. Galopou em direção da ventania,
segurou-se nela e seguiu pela estrada nebulosa.
Espadas, lanças, monstros ferozes,
desengano. Abismos concretos abriam-se em cada passo tortuoso. A maldade
vestida de silêncio jogava em sua face a nova presa e gargalhava mostrando a
cruel e inabalável verdade. Agora via o final de tudo. Encontrou mais um
portal. Ainda olhou para o jardim mais vez. Lá estava ele, feliz e coberto de
flores, mas era apenas ilusão certeira. As dores e tempestades ainda
permaneciam no ambiente secreto.
Assim, foi. Para o hoje, para o amanhã, para
nunca mais voltar.
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