sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Na mesma terra


Mergulhar no seu beijo e saber que a existência completa faz todo sentido, era apenas isto que queria. Em sonhos, já vislumbrou todos os cenários possíveis. Nas madrugadas, os olhos insistem em ficar abertos. Quando avista o seu sorriso, seu corpo afunda na cadeira e quase perde os sentidos. Mas, é difícil de compreender de onde brotam todas estas sensações tão intensas. Parecem sem sentido, todas estas emoções correndo pelo sangue, se espalhando pela alma.

No entanto, precisa lidar com o fato de que talvez seja tudo ilusão, mas uma ilusão tão doce, que a mente navega dentro da promessa do encontro. Quando será e como será, ela deixa para o Universo responder. Somente o tempo dirá quais os passos certeiros desta danação tão nova e descabida. Talvez, tudo soe como mais uma de suas histórias insanas. Talvez, esta seja mais uma de suas narrativas flamejantes, que se desfazem como pó, quando a realidade bate na sua porta.

Todavia, como viver pela metade? Nunca soube. Se sente o horizonte resplandecer quando escuta sua risada, por que fugir? É preciso encará-la de frente para descobrir o que o destino reserva, quais os tons são melódicos, se há, afinal, alguma correspondência. E, se não houver, também já deixou o coração avisado. Não será a primeira vez que escutará o não, depois do sim. Nem a última. Mas, dentro destas palavras confusas, como achar as sentenças corretas para explanar uma jornada ausente de coerência?

Poderia descrever as razões para tal encantamento. Poderia soletrar cada verso escrito em seus cadernos secretos, que possuem uma lista infinita de poesias baratas, que havia perdido o costume de realizar. Poderia, além de tudo isso, rogar para que todes compreendessem que não existe lógica por aqui. Não há uma gota de racionalidade quando o assunto é a revoada das borboletas. Não tem confissão alguma que consiga abarcar a explicação para tal acontecimento.

Se conseguisse simplificar, reduzir toda a complexidade desta nova canção, diria somente que a pulsação acelera, os batimentos parecem que vão explodir, a tontura se instala e o resto é puro delírio. E do outro lado? Silêncio. Som algum emitido. Os motivos são desconhecidos, mas, no fundo, sabe as razões. Não adianta investigar nas cartas aquilo que se tem quase como uma certeza. Existe um castelo dourado, inalcançável. Nele habitam diversos muros extensos e intransponíveis. Jamais conseguirá passar por estas barreiras.

Ainda assim, irá tentar. Ainda assim, deixará que a tolice a domine. Ainda assim, não abandonará a caminhada. É necessário respirar o mesmo ar, escutar os mesmos sons, para que, em seguida, saiba o rumo certeiro para o qual se encaminhará. Enquanto os pés não pisam na mesma terra, segue pacientemente. Segue em busca de um sinal, de qualquer pista, para que possua a convicção de que não está sozinha. 

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