sexta-feira, 26 de março de 2021

Sorriso que condena


 Foi em direção das respostas certeiras. Depois, avistou o seu sorriso. Aí, suas forças se reduziram. Agora, coloca em palavras todo sentimento que habita a sua pele e já havia sido reconhecido desde o princípio. Como verbalizar algo tão inaudível, que apenas as respirações são capazes de traduzir? Em sua existência, viu um mar de certezas e respostas. Em seu sorriso, fincou bandeira e já sabia. Nunca duvidou dos seus sentimentos. Quando vislumbrou a sua presença, já reconhecia. Lá, no encontro prematuro. Ali, já possuía todas as respostas deste fragmentado presente. Enxergou os seus olhos e temeu. Procurou fugir, mas foi inevitável.

A cada amanhecer, as respostas eram cobertas por um aperto no peito que não cessava. Entre dúvidas e questionamentos, colocava-se diante do precipício mais singelo de todos. Enquanto desvendava as soluções para os enigmas daqueles sentimentos inevitáveis, procurava ter a certeza de suas ações. Quando foi o último suspiro destinado a ti? Procurava derrubar fantasias e memórias impossíveis de destruir. Entre uma lembrança e outra, tentava se agarrar aos fatos. Contudo, em seu tolo coração sentia que somente uma pausa era realizada. Gostaria de acreditar - com todas as forças que ainda habitam sua alma - que a canção era sonata, que jamais seria uma marcha fúnebre.

Neste descompasso - um tanto zonza e incapaz de coletar as sentenças necessárias -, cobriu-se de espinhos e negou, com toda a convicção que ainda lhe restou, que acabou e já para sempre. Jurou para todos que sentimento algum iria cobrir a tua face. Prometeu para o vento que é possível negar até o infinito. Contudo, entre os seus, rasga o peito de saudade. Invade as realidades, quebra com as lógicas, nega e pragueja os próximos passos. É sua e é inteira. É caos e tempestade. É canção que não acaba mais. E já não importa os escárnios proferidos entre os seus. Não interessa se do outro lado existe tão apenas pérfidos comentários. Já queimou todas as eternas trocas de desgosto. Não é por isso que se guia. Ela se pauta por suas missivas incompletas, por seus ruídos de dor, por seu gargalhar sem sentido, por sua certeza de que todas as metáforas farão sentido, enquanto consome as letras pregadas nesta confição.

E ela jura que será diferente, que será outra. E ela implora por um pouco mais de tempo, por um pouco mais de perdão. Depois, suspira e roga para todos os cantos do Universo que o seu respiro tenha sido real. Não pode ser, não é mesmo? Mas, é tão somente uma palavra. O resto é passo firme incendiado, é pranto seco em véspera de confirmação, é beijo negado diante da danação. É enorme, não é mesmo? Então, que queime até a fagulha derradeira. 

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