
Foi de abandono que se alimentou por infinitos séculos que ainda chegariam. Foi em caos e em chamas que se afogou. Profundamente. Encharcou-se de lamúrias para que o próximo passo estivesse claro. Jamais seria amada por quem é. Jamais seria doce descer da torre e abrir todos os cadeados. Prendeu-se para que a sinfonia nunca fosse trocada. Enclausurou os pássaros e não permitiu que entoassem outra canção que não fosse a sua. Mentiu até que não pudesse mais. Para si mesma, claro. Era de vendaval que se embebedava.

Dali em diante, era como se já soubesse e quisesse. Seria uma ilusão novamente? Seria tormenta em demasia? Tentava escapar do que não reconhecia. Porém, em cada despertar o sentimento aumentava, as perguntas cessavam e somente queria dizer sim. Sim, sim, sim. Para tudo. Para cada sentença mergulhada em cores. Para cada sorriso único e verdadeiro. Para cada despedida irremediável. Todas as vezes que seus olhares se encontravam, o mundo era festa, o estilhaçado coração se recuperava, era um rio infinito de novas sensações. Por isso, descobriu: sempre pertenceu! Sempre esteve esperando, sempre procurou o que tinha certeza que existia, mas não aparecia. E continuará se sentindo assim em todas as estações, em todos os anos que estão por vir, em todas as vidas que ainda chegarão. Porque é sua e para toda eternidade será.
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