Ela veio para meus braços. Finalmente caminhou em direção a mim.
Chegou. Veio vestida com um véu por cima do rosto. Mal pude ver suas
expressões. Era como se nunca tivesse ido embora. A partir dali, era como se todas as noites tivessem se transformado em dia e fosse valsa em forma de poesia. A fantasia era essa.
De que seu sorriso era eterno, junto com sua respiração descompassada.
A música era tão suave que seu
coração acelerou. Os olhares nunca mais se perderiam. Era isso que desejava a todo
instante, foi isso que lhe foi entregue, sim. Porque implorou para os mares,
porque a tormenta de sua boca longe ficar não fazia sentido, porque se aproximou da véspera de seu último suspiro e já sabia a dança final. Quando os pássaros entoarem sua última
canção, poderá voar para o infinito e despertar de todas as solidões, entre
lamentos e prantos santificados, entre apagamentos e doses inteiras de fel
amargurado.
O atraso foi por conta de
segundos. Contudo, a chegada foi certeira e o derradeiro gole também. Por
instantes, encontrou o silêncio, atrás de uma vidraça de cristal. Será que
existia de fato? Jamais o saberia. São nos horizontes encharcados de lamúrias que
aprendeu a mergulhar. Por isso, a visão turva ficava quando era o momento de
dilatar as pupilas. O pulo era maior também. Se a pupila dilatasse para
sempre, seria mais fácil.
Mas, o agora... O agora é festa, repete. O agora é flâmula que não se apaga. Cor que não se esvai. Memória que se prende.
Vem, para uma eternidade de sorrisos encantados, de madrugadas de serenata, de
paixões premeditadas. Mesmo que sejam impossíveis, não deixará que ninguém lhe
diga o contrário. Será outra vez aquilo que jurou em meio aos céus desabando
que já havia abandonado. Agora, sim.
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