E então ela foi novamente navegar pelas brumas de melancolia e
nadar nas asas candentes de uma sereia nefasta e fantasiosa. E então abriu os
olhos e pôde enxergar mais uma vez os prantos singelos derramados por uma festa
desperdiçada, por um encanto despercebido. Foi porque acorrentou seus pulsos ao
entardecer e prometeu jamais partir em direção do horizonte outra vez. Mas,
mordeu seus lábios e sangrou até o infinito e implorou para que voltasse a
machucá-la.
É para sofrer que clamava,
enquanto o coração era retirado ensanguentado do peito. É para saber se
consegue sentir de novo que pede que não vá, que não largue seus braços, que
não lhe empurre para fora de seu abismo. Por que pularia sem ti? Por que qualquer
coisa faria sentido sem seu cheiro? Por que não acredita em suas ternas palavras,
sejam as de amor ou de derrota?
Como conseguira abandonar a
estrada desta maneira? É impossível retornar para o outrora celestial. Jamais
terá o encontro que possuiu. Agora, a abstinência sufoca, a alma se esvai, as
sombras se alastram. Agora, nem caos pode ser, nem chama pode ser, nem dor pode
ser, nem sorriso será. É cinza, é pó, é vazio, é derrame de sensações nulas, é
apagamento, silenciamento, fuga, relento. São palavras jogadas, é a madrugada
solitária, é a pálpebra que pesa, é o julgamento adiantado, é a certeza de que
perdeu.
Finca sua bandeira na despedida,
porém volta seu corpo para trás. Quem sabe ainda a chama? Quem sabe ainda a
beija? Quem sabe do amanhã?
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