Foi, foi um delírio em formato de canção. Você, que se dizia
perfeita em meio às chamas, entoou seu último silêncio gélido.
Mergulhada em sua frieza cintilante, buscava, desesperadamente, a superfície. Quando aconteceu o encerramento da primavera? Quando seus olhos se fecharam para os meus? Por que suas palavras cessaram e viraram cinzas frias no meio do oceano?
Mergulhada em sua frieza cintilante, buscava, desesperadamente, a superfície. Quando aconteceu o encerramento da primavera? Quando seus olhos se fecharam para os meus? Por que suas palavras cessaram e viraram cinzas frias no meio do oceano?
As suas águas banhavam o
coração petrificado e tudo era júbilo em sintonia. As tardes eram purificadas
com a lembrança de seu cheiro e sua respiração. Agora, arde a saudade
atormentada. O passar das horas é funesto e sem melodia. Sufoca até o fim.
Pálida, lânguida, em destroços pérfidos e melancolia.
Ao menos se não tivesse fitado
a sua face de menina sereia. Ou sua doçura certeira. Ou suavidade de seu
cotidiano sereno. Seria mais. Seria tudo que poderia ser outra vez. Não mais
prantos angustiados, caos amargurado ou fantasias estilhaçadas. Pois, a
esperança de correr para seus braços, criou a tempestade que se instalou
despudoradamente.
Precisa partir. Precisa deixar.
Precisa fugir antes que o frio consuma sua alma. Antes que não possa mais
retornar para sua torre. Antes que se afogue em seus rios claros. Antes que
seja somente perdição e não mais prazer.
Vai-te.
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