Num poço sem fundo, tão tão tão sem fundo, que já não sabe mais
como se reerguer. Cega, busca saídas plausíveis para a sua dor. Entrega-se,
novamente, para a morte lenta, banhada em fumaça. Rasga o peito em melodia, num soluço funesto.
É porque é despedida e não sabe fazê-la. É porque
rompeu laços que não poderia jamais romper. É porque tentou ser como a sua imagem,
porém isto nunca seria possível, pois o outro lado rompe mais facilmente quando esticado. E nesse descompasso
estilhaçado, nega a lucidez. Nega a razão e rasteja-se por mais um gole de luz.
Já faz tempo que não há escrita que salve.
Mal consegue terminar uma frase. O corpo
dói e a alma escorre. O coração acelera e o sorriso não chega. Os olhos procuram,
mas jamais regressa. Tropeça no alvorecer, mas suas mãos não estão mais lá. Viu partir metade de si. Foi-se
embora sem pestanejar. Ficou apenas a solidão. Sentiu somente o rancor e o
silêncio do lado de lá. Suplicou aos seus por forças. Pediu para o destino uma
solução. E o Tempo lhe fitou certeiro, chegou o momento da conclusão dos atos,
não há mais espaço para os relatos, o amanhecer derruba a madrugada
infinita.