quinta-feira, 4 de outubro de 2018

Ele



Ele. Ele dizia que era prosa e eu verso. Ele dizia que era poesia sempre e eu discordava. Ele era grito e eu ventania. Ele era coberto pelas palhas mais sagradas que este Universo já viu e eu era nada. Eu era pó e cinzas. 

Ele teria me resgatado, não é mesmo? Porque suas palavras cabiam no mundo e eu sou apenas o resto que um dia ele transformou em linhas versadas.

Ele era tudo e eu sou apenas um pouco mais do final de festa que ele nunca viu. E nunca verá. Porque este mês infindável é sobre isso. Ou não. Ou é sobre um caos que ele jamais veria. É sobre a busca que ele jamais encontraria. É sobre as canções que nunca entoariam para ele. É porque ele foi enterrado quando clamou que não.

Ela se lembra bem, não é mesmo? Com seus pés descalços fez de seus prantos fantasia. Buscou o que era impossível e ninguém traria. É inevitável. Ninguém será ele. Por mais que faça o que puder, escreverá sobre o inegável, fugirá das certezas. Ele era único e ela é somente poeira e incerteza.


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