Ela já está morta. Desistiu de viver quando entrou naquele
jardim. Dali para frente era apenas perdição, delírio e escárnio. Depois de
ingerido o veneno não encontrou antídoto que pudesse trazer de volta o júbilo e
a coragem que um dia lhe pertenceram. Agora, as sinfonias são nocivas e
decisivas. Elas ajudam a enterrar o que restou da menina da varanda. Todas tocam
juntas, em homenagem ao seu desespero final.
Não.
Não será surpresa alguma quando o último tijolo da torre ruir. Não. Não haverá
madrugada, fumaça ou gole de lucidez que a façam regressar. Sua alma cansada e
seu coração petrificado insistiram por muito tempo. Já não pode mais continuar.
Já não enxerga mais aquele horizonte perdido. Restaram as chamas, aquelas dos
zumbis arrastados. Eles venceram, não foi?
A
sua carcaça ambulante está virando pó. Já pode sentir a terra cobrindo seus
olhos - esta que é mais sincera do que as palavras que lhe foram ditas e
prometidas, enquanto o sangue pulsava. Porém, tudo será memória, lembrança e serão palavras falsas. Tudo será discurso vazio. Tudo será mentira. Tudo será em vão. Porque desistiram. Lavaram suas mãos.
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