Enquanto buscava a ventania, ouvia
de longe as vozes que clamavam um pouco de atenção. E foi ali, de forma
inesperada, que seus olhos se encontraram. O tempo congelou por alguns
segundos. Como um dia vira nos filmes. Exatamente como um dia viu em tantas
histórias. Parece clichê. (E é). Mas alguma coisa especial aconteceu naquele
momento.
Os minutos voltaram a correr. Dali
em diante tudo ficou mais leve. Inclusive a escrita, as palavras que sua
mente confusa produz. Dentro de sua realidade insana de paixões turbulentas. De
lágrimas e suspiros. De desespero. De necessidades não preenchidas. De pedidos
não ouvidos. De longas tempestades e canções desarmônicas.
Porém. Sempre há um porém. Sua alma de
menina possui mazelas de outrora. Marcas que deixaram suas decisões mais
cautelosas. Menos impulsivas. Um suspiro. A varanda continua ali. A solidão
não. Contudo, os próximos passos podem ser complicados. Antes de pular é preciso
abrir bem os olhos e tomar a decisão correta. Antes de pular é necessário que
se saiba todos os riscos de descer da torre mais uma vez.
Até porque ainda existem chaves guardadas que necessitam ser resgatadas. Até porque ainda escuta os pássaros
cantando a mesma melodia e recorda do passado. E a silenciosa melodia contamina
também as escolhas que já não são fáceis. Ou talvez seja um pouco do drama que
corre por suas veias. Talvez seja um pouco de tudo. Ou não é nada disso. Ou
ainda não descobriu a equação correta para equilibrar seus passos.
Mas tudo isso não importa. O momento é outro.
A estação mudou. E esse brilho. Esse brilho único que irradia por toda a
imensidão ao seu redor, isso que importa. O resto é interrogação. É esperança.
É espera. É delírio. Imaginação. E nesse devaneio mergulha. Profundamente. Até
o próximo anoitecer. Até.
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