Não. Ela não vai ser como você deseja. Seus sorrisos não vão
iluminar seus passos atormentados. Não, a ventania não lhe pertence. E não é
apenas você, são as diversas faces que clamam por alguma coisa. Qualquer questão incomoda nesse momento. Na verdade, todas as sinfonias são pesadas quando os
cantos já não são mais sinceros.
As infinitas tentativas vão apenas
machucar ainda mais. A distância é a melhor opção. De tudo. De toda e qualquer
situação. Até dos pássaros. Do sol. Do anoitecer. É preciso se esconder e evitar
mais uma queda, dessas que arrebentam qualquer coração desavisado. Dessas que
prometem e nunca cumprem. Dessas que cobrem a estrada de amargura e dores
profundas.
Ainda existem muitas coisas que deseja dizer. Mas engole
um pouco as palavras. Para que a amargura não contamine os que insistem em
voltar. Porém, gostaria que não retornassem mais. Queria que partissem de uma vez e
restasse apenas a escuridão dos recintos frios e solitários. Afinal, quantas
vezes precisará derramar a tão preciosa água salgada que se desperdiça a cada
partida? Quantas vezes precisará se fechar para que todos entendam o quão é
difícil estar nesse lugar tão odioso?
Não. Não foi somente por escolha.
Foi destino, talvez. Contudo, se pudesse optar novamente regressaria para o
silêncio sem pestanejar. Iria. Partiria sem olhar para o outrora. Mas insiste
em errar. Em sofrer. Em despejar sentimentos nos lugares errados. Em contar com
auxílios que de nada valem no futuro. Em olhar com pureza para indivíduos
perversos e cruéis.
Na verdade, é preciso se acostumar
com a possibilidade de jamais vencer partida alguma. Se de perdas sua vida foi
construída, não serão as próximas estradas que lhe presentearão com júbilos e
canções. Se perder é sua sina, do que adianta correr em direção ao horizonte,
que logo depois será arrancado de suas mãos?
Lentamente, passo por passo, sobe em
direção da sua torre. Outra vez. Quantas vezes forem necessárias. Até que
apague qualquer sensação de ilusão que possa chegar. Procura respirar fundo e
esquecer. Respira, respira, respira até que seu rosto se apague. Até que
consiga não mais lembrar que um dia foi possível ser tudo que desejou. Que um
dia alguém foi capaz de ler sua alma. De entender completamente tudo que se
passava em sua confusa mente.
E deixa o tempo escorrer. Aguarda
novas respostas do futuro. Sem esperanças. Sem esperança alguma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário