domingo, 11 de agosto de 2013

Pacto

Com as palavras ainda turvas em sua mente procura escrever aquilo que é indescritível. Os olhos marejam, o coração ensanguentado dispara e luta para não perder a vontade de olhar para aquilo que outrora foi o paraíso. 

É uma lança que finca lugar eternamente em sua alma, são as decepções recorrentes com as melodias insistentes, com a nova canção que passou a tocar naquele mesmo ritmo. 

Ainda assim, a fênix existe e dessas cinzas um dia ressurgirá. Enquanto a fada cambaleante tenta encontrar respostas para as dúvidas infinitas, a deusa gargalha em seus pensamentos, a ventania desvanece e acorrenta o júbilo, a confiabilidade é arrancada do peito e se vê caindo no abismo da incerteza.

As cores precisam voltar. Lembra-se da rosa, das músicas, das aventuras, de tudo que fez os olhares se encontrarem. Agora precisa apagar da memória todos os pesadelos recentes, a imagem degradante, nojenta, decepcionante, da sujeira ébria da princesa silenciosa, dos gritos de ódio, dos escárnios alheios, das tentativas tolas e concretas de perder a vida.

Cega, em profundo desatino, viu a decomposição de uma sensação, a reconfiguração de uma emoção e o recomeço da sua jornada. Depois, quando avistou o profundo arrependimento, veio o perdão. Sua alma de menina não nasceu para o pecado, para o veneno que um dia foi injetado nas veias e agora expelido.

Já não sabe se é ingenuidade ou crença, porém segue rumo as novas direções, ao novo voto de confiança, a um pacto que jamais pode ser quebrado outra vez.

Sem melancolia, relutância ou angústia busca novos sentidos para os mesmos significados, esquece um pouco os devaneios, prende-se a concupiscência, abandona o caos e deixa que o destino e o tempo se encarreguem do resto.


Nenhum comentário:

Postar um comentário