Com as palavras ainda turvas em sua mente procura escrever aquilo
que é indescritível. Os olhos marejam, o coração ensanguentado dispara e luta
para não perder a vontade de olhar para aquilo que outrora foi o paraíso.
É uma
lança que finca lugar eternamente em sua alma, são as decepções recorrentes com
as melodias insistentes, com a nova canção que passou a tocar naquele mesmo
ritmo.
Ainda assim, a fênix existe e dessas
cinzas um dia ressurgirá. Enquanto a fada cambaleante tenta encontrar respostas
para as dúvidas infinitas, a deusa gargalha em seus pensamentos, a ventania
desvanece e acorrenta o júbilo, a confiabilidade é arrancada do peito e se vê
caindo no abismo da incerteza.
As cores precisam voltar. Lembra-se da
rosa, das músicas, das aventuras, de tudo que fez os olhares se encontrarem.
Agora precisa apagar da memória todos os pesadelos recentes, a imagem
degradante, nojenta, decepcionante, da sujeira ébria da princesa silenciosa,
dos gritos de ódio, dos escárnios alheios, das tentativas tolas e concretas de
perder a vida.
Cega, em profundo desatino, viu a
decomposição de uma sensação, a reconfiguração de uma emoção e o recomeço da
sua jornada. Depois, quando avistou o profundo arrependimento, veio o perdão.
Sua alma de menina não nasceu para o pecado, para o veneno que um dia foi
injetado nas veias e agora expelido.
Já não sabe se é ingenuidade ou crença,
porém segue rumo as novas direções, ao novo voto de confiança, a um pacto que
jamais pode ser quebrado outra vez.
Sem melancolia, relutância ou angústia
busca novos sentidos para os mesmos significados, esquece um pouco os
devaneios, prende-se a concupiscência, abandona o caos e deixa que o destino e
o tempo se encarreguem do resto.
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