As cortinas se abrem, os créditos iniciais se findam.
Num outrora pouco distante seus lábios estariam implorando por aquela cena
espetacular que arrebata o coração. Com os cachos cortados essas ideias foram
desaparecendo, assim como seu sorriso. A espera tornou-se melancolia, as tardes
viraram cinza e o céu nebuloso.
Quando o coração novamente
descongelou confundiu miragem com sentimento, mas estava certa que precisava
perseguir a confusa felicidade de seus sonhos. Mergulhada em uma corrida insana
deixou-se levar pela fantasia, sem medo, sem culpa, apenas aproveitando aquela
deliciosa aventura.
Porém, com a chama da
certeza, sabia que não há quase nada neste mundo que não seja finito. Entre uma
ou outra respiração ofegante agarrou-se na memória, sepultou outra vez as
emoções e seguiu gélida, com apenas um sorriso na manga.
No anoitecer, este coberto
pela fumaça, seguiu. Para novas estradas. Depois rasgou os rascunhos ainda
guardados, grudados em sua pele. Mas, se esqueceu que todos eles
voltariam voando, naquelas ventanias de sábado, naquelas tempestades de
domingo, nas chuvas de júbilo, nas quais escorrem todos os anjos do limbo em
que se encontra.
Cada passo em uma direção,
cada beijo flutua junto com a madrugada, cada gole de veneno etílico é ingerido
após cada refeição, cada toque celestial vem dos amores tardios, cada voz é perdida
no tempo e no espaço.
Sim. Isto porque quando a
sensação abandona a aura já há não mais retorno. Por isso segura a única melodia
presa em seus sonhos. Presa em seu subconsciente. E esta domina. E para esta
não há cura. E o tempo não faz diluir nenhuma poeira, nenhum pedaço dessa
maldição que carregará até o último suspiro, quando dirá pela última vez o
nome. Aquele revelador nome estampando em sua face, junto com a escondida frase
esculpida em seus olhos, contudo já será tarde demais para pintá-lo em qualquer
lugar.
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