A alma rebelde cansava, mas ainda não era tempo de
enjoar. Os passos eram leves. A memória guardava o melhor e foi ela quem trouxe
a salvação, no momento mais tortuoso e cheio de perdição. Correu para onde o
vento levava, naquela direção, no pulsar frenético das horas descompassadas.
Pausa. Era o momento exato de acordar. Um sopro, sua
voz se tornou inaudível. Somente a lembrança restou. Então, como uma tempestade
finita, a aurora resplandeceu e viu novamente a paixão desvanecida. A rapidez
de um encontro e, outra vez, a partida. Tentou acalmar o ébrio coração. Depois
vieram outras distrações.
Fugiu de tormentos, deixou o pranto secar,
reconstruiu o caminho pausado para viver o que tivesse de ser vivido. Seguiu, ainda
que mantivesse contatos não respondidos. Até que...até que seu caminho cruzou
novamente com o dela. Uma noite, uma canção e mais loucuras para serem
presenciadas.
Cessou, parou, congelou. Na madrugada, após dizer não para um beijo, tudo pareceu fazer sentido. Nada mais restava naquela
história. Pelo menos não como antes. Naquela exata hora, a alma gélida ficou, a
pulsação frenética desapareceu. Restou apenas uma sensação estranha. Um
resquício de algo irreconhecível. Não é paixão, muito menos amor. Tantos
clichês para resignificar e explicar tolices de uma ação sem sentido.
Agora, a decisão parece turva, porém esta não
pertence somente a ti. Olha mais uma vez, tenta recordar o que no outrora
parecia reluzente. São outras emoções. Talvez. Não sela mais pactos. Não
procura entender. Não quer mais nada além do sossego de ser e reconhecer quem
é. E o que foi já não importa. O tempo dirá qual o melhor destino a percorrer.
Cala-se. Já é hora de dormir e esquecer os dourados fios que cobrem a singela
melodia, quase translúcida...e a narrativa vai se apagando...enquanto outra surge.
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