Em sonhos, em delírios sublimes, em tempestades seletas, a ventania vem e o coração dispara. Os olhos brilham e se encontram. As escolhas
são as ideais. As memórias são deixadas de lado e o presente é feito de mágica.
Suspiros eternos em busca do ar.
O despertar de um
sentimento morto se finda quando a música cessa e vem o último trago do
cigarro. O clarão do amanhecer não chega em sua turva visão. Nega oportunidades
e esconde-se em precipícios de afazeres. Prende-se. Acorrenta-se. Retorna para
a masmorra que já não parece tão escura. Jaz na imensidão das lembranças.
Sorrisos imersos
na tranquilidade recorrente. Traça o melhor caminho que pode. Trava batalhas
pelo o que acredita. Sela pactos. Crava a lealdade e a honra em seu
ensanguentado coração. Transforma-se naquelas palavras ditas ao vento. Agora se
torna o que pensava ser e não era. Lança-se na ventania da sinceridade, derrama
toda a verdade, queima as mentiras cotidianas. Defende aqueles com que divide
ou dividiu alguma jornada.
A lua brilha e
reconhece suas feições. Conversam outra vez. Os lugares, os mesmos lugares.
Repetem-se ações, emoções, gestos. Ainda assim, existe a surpresa do
reencontro, das mudanças, das horas que se passaram mergulhadas na distância. Recuperam-se
os sentidos. Abandona o espaço, regressa para as cores secretas, apaga-se a dor e
refaz seu canto.
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