sábado, 3 de outubro de 2015

Ways

 Seus sorrisos desapareciam, junto com a brisa suave de final de inverno. Sua alma estava exausta. Distraída entre uma pergunta e outra, desviava o pensamento das incertezas. Buscava preencher os dias de barulho, de voz, de tudo. Menos de silêncio. Menos de sinos. Menos de canções repetidas. Um pouco de ar. Precisava respirar. Fundo.

 Enquanto buscava a ventania, ouvia de longe as vozes que clamavam um pouco de atenção. E foi ali, de forma inesperada, que seus olhos se encontraram. O tempo congelou por alguns segundos. Como um dia vira nos filmes. Exatamente como um dia viu em tantas histórias. Parece clichê. (E é). Mas alguma coisa especial aconteceu naquele momento.

 Os minutos voltaram a correr. Dali em diante tudo ficou mais leve. Inclusive a escrita, as palavras que sua mente confusa produz. Dentro de sua realidade insana de paixões turbulentas. De lágrimas e suspiros. De desespero. De necessidades não preenchidas. De pedidos não ouvidos. De longas tempestades e canções desarmônicas.  

Porém. Sempre há um porém. Sua alma de menina possui mazelas de outrora. Marcas que deixaram suas decisões mais cautelosas. Menos impulsivas. Um suspiro. A varanda continua ali. A solidão não. Contudo, os próximos passos podem ser complicados. Antes de pular é preciso abrir bem os olhos e tomar a decisão correta. Antes de pular é necessário que se saiba todos os riscos de descer da torre mais uma vez.

Até porque ainda existem chaves guardadas que necessitam ser resgatadas. Até porque ainda escuta os pássaros cantando a mesma melodia e recorda do passado. E a silenciosa melodia contamina também as escolhas que já não são fáceis. Ou talvez seja um pouco do drama que corre por suas veias. Talvez seja um pouco de tudo. Ou não é nada disso. Ou ainda não descobriu a equação correta para equilibrar seus passos.

Mas tudo isso não importa. O momento é outro. A estação mudou. E esse brilho. Esse brilho único que irradia por toda a imensidão ao seu redor, isso que importa. O resto é interrogação. É esperança. É espera. É delírio. Imaginação. E nesse devaneio mergulha. Profundamente. Até o próximo anoitecer. Até.

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